Monday, November 30, 2009




Primeiro, um segredo a sete chaves, depois um teaser trailer muito do sem graça, logo em seguida um trailer um pouco mais digno e agora uma enxurrada de imagens na rede além de tv spots e tal. Mas a verdade é que Avatar ainda não me convenceu. Tudo bem, no cinema, em 3D pode ser mesmo um espetáculo de tirar o fôlego, mas e a história? Esse é o problema. Luta dos mais avançados tecnologicamente contra primitivos pacíficos, quantas vezes não vimos isso? Um representante dos invasores aderindo a causa dos invadidos, aprendendo seus hábitos e cultura, quantas vezes não vimos isso? E até mesmo a concepção visual não me causou impacto algum, os Na vi que tinham seu visual mantido em segredo são humanóides azuis com cara de gato, algo comum em desenhos animados (Thundercats?), quadrinhos e até videogames. O planeta Pandora é um paraíso botânico, mais uma vez nenhuma novidade, ou seja, se James Cameron não tem nenhuma carta guardada na manga, periga Avatar entrar para história não como um filme revolucionário, mas sim como um abacaxi pretencioso como foi seu Segredo do abismo

Sunday, November 29, 2009



Quero agradecer aos deuses do cinema que iluminaram as cabeças da curadoria do cinema do CCBB para organizar a mostra O charme de Woody Allen, que acaba sua temporada no Rio de Janeiro e segue para São Paulo esta semana. Foi uma chance ímpar de conferir na telona em película pérolas como Annie Hall, Maridos e Esposas, Manhattan, A Rosa púrpura do Cairo, Crimes e pecados, entre outros. O último filme do cineasta não entusiasmou muito a crítica, mas e daí, ele já deu sua taxa de contribuição para o cinema, e a maior bobagem que ele filme dá de dez em noventa porcento da atual produção cinematográfica, sobretudo americana. Woody Allen faz cinema para adulto, não está nem aí para o box office, nunca veremos um filme seu em 3D, por exemplo. Assistir Annie Hall no cinema foi para mim lembrar que houve um tempo em que as plateias ainda não tinham sido infantilizadas e nem tinham seu intelecto subestimado, e que maravilha que ainda temos um Woody Allen vivo e atuante, por mais que ele nunca mais faça algo do nível de Annie ou Manhattan, é um alento em meio a um deserto de caça níqueis.

Tuesday, September 29, 2009

Começou a anual maratona cinematográfica que já se consagrou como a mais importante do país, o Festival do Rio. A edição de 2009 ao menos para mim é a mais fraca em muito tempo, os melhores filmes da mostra já estão com exibição garantida para logo, mas claro que há gratas surpresas como a exibição de A Hora Da Estrela no Odeon sexta-feira dia 2. Ontem, no mesmo Odeon houve a exibição de Sérgio, Um brasileiro no mundo, da mostra Brasil do outro (que mostra filmes estrangeiros que tenham como tema algo relacionado à nossa terra), com presença do cineasta Greg Barker. Ele fez um documentário informativo e ao mesmo tempo emotivo sem ser piegas ou sensacionalista e ao final foi brindado com uma salva de palmas. Festival do Rio sem furo não é Festival do Rio, assim sendo a tão prometida vinda de Quentin Tarantino para a exibição em primeira mão em território brasileiro de seu novo filme Bastardos Inglórios, que seria o ponto alto do festival, não vai mais acontecer. O cultuado cineasta americano cancelou sua vinda à cidade maravilhosa devido a cansaço causado pela turnê promocional do filme pelo mundo. Mas cá entre nós eu não estava levando muita fé na vinda do Tarantino, pois como macaco velho de festival que sou, estou acostumado a ouvir promessas de vinda de Gus Van Sant, Ang Lee, Lars Von Trier, Spike Lee e no fim das contas todos furam, vem uns atores coadjuvantes e olhe lá. Mas com o início do festival e as incessantes confirmações da vinda do cineasta cofesso que estava ficando animado. Agora a sessão de gala marcada para o Odeon na Quarta Feira dia 7 de Outubro perderá muito da relevância, até porque o filme estria dia 9. Os novos de Pedro Almodovar e Park Chan Wook também serão exibidos, todos com distribuição garantida ainda para esse ano. A grande falta para mim é a ausência de Whatever Works, último trabalho de Woody Allen.

Monday, July 20, 2009

Fase Setentista Dos Stones Remasterizada


Saíram as versões remasterizadas dos álbuns dos anos 70 dos Stones. Os lançamentos não serão de uma só vez, na primeira fornada que já está nas lojas saiu o Espetacular Sticky Finger de 71, o ótimo Black And Blue de 76, o mergulho da banda na música negra e os medianos Goats Head Soup de 73 e It's Only Rock N Roll de 74. Os anos dourados da banda já haviam sido lançados em cd numa remasterização caprichada em 2002, comemorando os 40 anos da banda. Agora são remasterizados os álbuns da fase em que a banda não mais enfrentava a rivalidade com os Beatles e era chamada de a maior do mundo. A verdade é que eles lançaram apenas dois discos geniais naquela década, o já citado Sticky Finger e o Exile On Main Street de 72, considerado a obra prima da banda cujo relançamento remasterizado se dará no fim do ano isoladamente dos outros e em edição de luxo (meu cofrinho...). De resto ficou entre o bom e o medíocre, mas no fim tudo era pretexto para sair em turnês, que nessa época começaram a tomar uma proporção cada vez maior, já que o palco é o lugar em que eles sempre foram imbatíveis. Me decepcionou um pouco o fato de não vir uma embalagem especial, nem o Sticky Finger veio com aquela capinha com o zíper da calça de verdade. Os discos vêm na convencional e ordinária caixinha de plástico mesmo. Cada álbum estará disponível também em versão digital

Michael Morto Vivo


Incrível como Michael Jackson está valendo mais morto do que vivo. Se nos últimos anos de vida ele amargava fracasos de venda, quase nenhuma execução nas rádios e ainda era motivo de piada por suas excentricidades e suspeita de pedofilia, agora está no topo das paradas, Thriller toca em tudo quanto é lugar, até mês passado a música estava restrita às festas anos 80, agora eu ouvi até em festa junina. Os camelôs do centro do Rio vendem cds e dvds piratas como água gelada no deserto ao meio dia em ponto, sempre há um clipe passando em alguma loja de departamento. Será que foi preciso o cara morrer para que se desse conta de que ele foi uma das maiores referências da cultura de massa do último século, um artista completo, carismático, talentoso e isso, escândalo nem decadência artística algum apaga. Não importa que seus últimos três discos foram verdadeiras bombas, a sua contribuição para a música pop já havia sido dada. E não adianta, nenhum Usher, Chris Brown ou Justin Timberlake vai substituí-lo. Quem viu viu.

Mônica Montone sacode o Cinematheque



O U2 iniciou no último dia 30 uma megaturnê que rodará o mundo, com um gigantesco palco de 360 graus que só cabe em grandes arenas. O espetáculo é impressionante, mas quem os viu no início de carreira nos pubs de Temple Bar, famosa rua boêmia de Dublin não esquece daqueles shows cheios de energia e distorção dos instrumentos e sabe que presenciou um momento histórico. O mesmo pode-se dizer de quem assistiu aos primeiros shows dos Rolling Stones em pubs colocando gente pelo ladrão em Londres, também tem muita história para contar quem viu o The Who ainda como High Numbers, tocando em um hotel. Não posso me esquecer da galera do CBGB'S(Ramones, Blondie, Talking Heads), da geração circo voador(Paralamas, Blitz, Barão), todos os exemplos citados ilustram o momento de suma relevância que é o de um artista iniciando. Na estreia o artista está ali, exposto ao que vier, dando a cara a tapa, se entregando, cheio de ira, tesão, ansia de gritar e ser ouvido. Quem assistiu ao show lançamento do cd de Mônica Montone no último dia 8 no Cinematheque no Rio de Janeiro viu tudo isso. Vestida com um vestido longo e branco(o vestido de noiva da mãe como ela confessaria depois), Mônica entrou em campo com o jogo ganho, pois a maior parte do público fazia parte do seu séquito de seguidores fiéis, leitores do seu blog fina flor, do livro Mulher De Minutos e já conheciam boa parte do repertório. Esbanjando carisma e amparada por uma banda afiadíssima encabeçada pelo poeta Claufe Rodrigues, Monica começou o show com Sartre De Banda, que também abre o disco. Sob os gritos de “diva”e “maravilhosa”, agradeceu a presença de todos e introduziu a música de trabalho, que já está tocando na rádio, Cidade Dos Sonhos cantada em uníssono pelo público(o solo de guitarra do final é um show à parte). Marinheiros, a terceira do show e uma das melhores do disco, foi composta depois de um exaustivo dia de ensaio, quando ela chegou em casa e a estrutura já estava toda finalizada por Claufe e logo nasceu a letra. Mônica não escondia a imensa realização de estar ali, lembrando que aos oito anos de idade usava aquele mesmo vestido para fazer shows para uma plateia formada por Barbies e ursinhos de pelúcia. Houve também cover de Raul Seixas para ninguém gritar “toca Raul”, Medo Da Chuva ganhou um incendiário ritmo de bolero, e, aproveitando o clima, emendou Te Amo De Amor, o bolero rock do disco. Show de Mônica Montone sem que seja declamado um poema estaria incompleto (até porque trata-se de um casal de poetas no palco), o poema Eu Não Sei Dizer Eu Te Amo serviu de abertura para a faixa inspirada no livro da cantora. Mulher de minutos foi o ponto alto do show, tocada de forma furiosa, com uma performance de Mônica que lembrou aquele Mick Jagger endemoniado em Sympathy For The Devil do show Rock n Roll Circus de 1968(aquele com os Stones ciceroneando alguns dos maiores nomes do rock britânico da época). Para aqueles que estavam tristes por não ver sequer uma nesga daqueles pernões que encantaram meio mundo na peça Apocalipse Segundo Domingos Oliveira, um presente: Mônica trocou o vestido em pleno palco durante a música(usava um belo conjuntinho top e shortinho pretos, algo como uma lingerie chic) por outro todo preto. Dando sequência ao segmento furioso ela detonou as mulheres mal comidas em Eu tenho pena (onde ela diz: “eu tenho pena das mulheres que não gozam”), e convocou o público para gritar a plenos pulmões “Puta Que Pariu” para tudo que nos irrita ou atrasa a nossa vida, em PQP. Depois de tanta agressividade, Claufe veio amenizar o clima com o poema O Dono Do Tempo. A festa já se aproximava do fim e Arnaldo Brandão, padrinho artístico de Mônica, foi chamado ao palco para tocar Escreva sua história, música do disco em que participa na guitarra e voz e na sequência seus dois grandes hits em parceria com artistas consagrados dos anos 80: Radio Blá (parceria com Lobão) e O tempo Não Pára (parceria com Cazuza). Claro que Mônica não podia ir embora sem bis, o público que não arredava pé foi brindado com mais uma dose de seus três principais números, Sartre De Banda, Cidade Dos Sonhos e Mulher De Minutos. E assim nasce uma estrela, um alento depois de uma década de mediocridade no cenário musical brasileiro, depois do show de Mônica Montone a impressão que fica é que a atitude e a poesia dos anos 80 voltaram, e, espero eu, que para sempre.
Voltei depois de quase um mês, problemas mil, computador pifado, formatação, falta de tempo para postar, mas the show must go on

Sunday, June 28, 2009

Rest in peace, Jacko



No filme Simonal, Ninguém Sabe O Duro Que Dei, dirigido pelo Casseta Claudio Manuel (o Seu Creysson) não fica muito claro se afinal ele foi um coitado ou um traidor. O tom do documentário é muito mais em prol da causa do cantor do que investigativo, no sentido de apurar todos os detalhes de uma das histórias mais controversas da música popular brasileira. Entre os depoimentos há os pró (a maioria) os em cima do muro (como o Ziraldo) e os contra (apenas o contador que teria sido seqüestrado pelo DOPS a mando de Simonal). O que se pode depreender dali é que todos têm um lado bacana e outro bem filho da puta. Simonal aprontou algumas, mas aliado da ditadura? Se assim fosse ele teria sido cooptado e teria sua imagem ainda mais massificada, não teria implodido daquele jeito. A verdade é que no Brasil daquela época os negros eram classificados em dois grupos: Preto Si Sinhô e Preto Tu (também conhecido como Preto Oba). O Preto Si Sinhô era tolerado, era o Pai Tomaz, representava a figura do bom escravo, subserviente, que sabia o seu lugar mesmo que tivesse ascendido na vida. Era o caso do Pelé, do Jair Rodrigues. Já o Preto Tu, ah, esse era insolente, metido a besta, folgado, não sabia o seu lugar. Esse ninguém tolerava. Era o Simonal. O cara vendia mais do que Roberto Carlos, levava multidões a ginásios, era muito para um crioulo. Daí, quando a classe artística passou a vê-lo como traidor, a elite branca a favor da ditadura também não tomou partido e deixou aquele neguinho se foder, foi isso. Agora, foi engraçado nos anos noventa no Jô Onze e meia (ainda no SBT) ver Simonal em sua campanha para limpar sua imagem, campanha essa que durou toda a década, e ao final da entrevista justificou sua fama de dedo duro entregando o fato de a apresentação dos artistas no final do programa era gravada antes e não ocorria no na sequência logo após a conversa do entrevistado. Graças ao Simonal, o Jô hoje nem esconde mais, joga a atração ali no telão, sem fingimento e pronto.

Fim da era das lojas de discos

O fim da Virgin Megastore em Nova York me entristeceu profundamente, não apenas por saber que quando eu voltar lá terei menos um lugar para visitar, mas porque representa o fim de uma era. As lojas de disco estão acabando, é uma fechando atrás da outra numa velocidade tamanha que talvez daqui a cinco anos, ou menos, nem existam mais. Aqui no Rio há dez anos deviam existir umas 20 lojas de disco no centro da cidade, hoje eu conto três (sendo que uma é só de usados). Claro, as formas de se consumir música vão mudando com o tempo: no século XIX a pessoa teria que ter um piano em casa (ou violino, ou o que fosse), ter alguém que soubesse tocar, claro, e comprar a partitura em uma loja especializada, onde também se vendiam instrumentos. Com o advento da indústria fonográfica, já não era mais necessário possuir instrumentos ou saber tocar, bastava uma vitrola e um disco de vinil, que depois evoluiu para o cassete que não substituiu, apenas houve um convívio pacifico, até chegar o cd que aposentou os bolachões. Todas essas formas de se consumir música eram feitas mediante pagamento, agora em pleno século XXI você tem a alternativa de não pagar nada, apenas baixa um arquivo da rede mundial de computadores. Claro, é muito prático você ter o disco que quiser na hora que quiser, mas a embalagem é tão legal, com encarte, letra, ficha técnica onde você vê quem compôs o que, quem tocou o que. As lojas de disco para mim são verdadeiros templos, não de consumo, mas de troca. Um dos pilares da minha formação em cultura musical foram as lojas de discos. Lembro-me das tardes que eu passava revirando prateleiras, conversando com o dono da loja sobre o disco que estava tocando no som, tendo verdadeiras aulas de história do rock com os clientes que eram habitués como eu e geralmente quarentões, cinqüentões e eu ali ávido por aprendizado. Não há internet que substitua esse rico intercâmbio cultural. E o prazer incomensurável de encontrar aquela raridade, aquele bootleg, aquela edição limitada, não há download que ative tamanha produção de dopamina (substância produzida pelo cérebro responsável pela sensação de recompensa, ela geralmente é liberada quando você come chocolate ou alguém). Mas pra melhor ou para pior as coisas mudam, e hoje se você não se contenta com a música intangível baixada da internet com seus ridículos 320kbps e quer algo com mais sustância, deve ir ou a uma livraria (como Saraiva, Travessa), ou uma loja de departamentos (Americanas, Fnac). Loja de discos (só de discos) pelo menos aqui no Rio ainda resistem bravamente a lendária e careira Modern Sound e a Satisfaciton, onde montei boa parte de minha cdteca e aprendi muito sobre rock dos anos sessenta e setenta, ambas em Copacabana. E que Deus as mantenha.

Novidade Repetida

Às vezes eu estou assistindo a um filme em DVD ou mesmo na TV, minha mãe passa pela sala e pergunta:- você já não viu esse filme mais de uma vez? Ou quando eu digo que fui ao cinema rever um filme que vi no mês anterior, perguntam: “pagou pra ver de novo?”
O que as pessoas parecem não entender é que a experiência de se assistir a um mesmo filme nunca é a mesma. A película que você viu hoje se for revista daqui a uma semana, um mês, um ano, pode te revelar algo a que você não estava atento quando viu da primeira vez, até porque quando vemos um filme pela primeira vez, estamos preocupados em entender o fio condutor da trama, em conhecer os personagens que são apresentados, não sobra tempo para reparar em pequenos detalhes que podem fazer muita diferença. Por exemplo, quando assisto a 2001 do Kubrick é como ouvir Sgt Pepper dos Beatles, sempre há algo que ou eu não vi, ou não tinha parado para refletir sobre. E olha que já foram, no barato, umas onze vezes, mas cá entre nós, para dizer que entendeu 2001, você deve assistir no mínimo três vezes. Quando assisti a Felicidade Não Se Compra do Frank Capra pela primeira vez, adorei, mas quando vi pela segunda, aquilo mexeu tanto comigo que cheguei a chorar de soluçar no final. O Sétimo Selo do Bergman é outro filme que a cada vez que vejo me apaixono mais. O ensaio sobre a prepotência humana realizado pelo sueco, sempre me traz um elemento que a mim se torna inédito por ter me escapado da última vez ou por ter sido interpretado de outra forma. Vamos usar até um exemplo mais pop, O Império Contra-Ataca, quinto (na ordem cronológica da saga e segundo na ordem de lançamento) episódio da saga Star Wars. Só quando assisti já mais velho, com meus vinte anos que saquei referências à filosofia budista no treinamento Jedi de Luke Skywalker, e, como na época eu estava frequentando budismo, aquilo teve muito mais significado pra mim do que quando eu assisti aos onze anos de idade. Agora acontece também algo extremamente desagradável que é você assistir a um filme que você adorava há um tempo, e descobrir que é uma bomba (principalmente aqueles que a gente adorava na infância, por ter menos senso crítico, mas não necessariamente infantis), mas pode acontecer algo engraçado como a podridão vista há alguns anos passar a ser vista como uma divertida pérola trash. Com isso, nunca subestime o ato de assistir a um filme repetido, ele pode parecer totalmente inédito.
A Virgin Radio Uk saiu da web saiu do ar, não entendi bem por que, mas parece que a partir de janeiro, passou a vigorar a Virgin International e a Virgin UK ficou fora da rede, agora só pelo dial de lá. Na virgin international você tem a opção de regiões: pode-se ouvir a virgin do Canadá, França, Itália, Dubai, Tailândia e assim vai. Dando umaq conferida rápida constatei que em Dubai, também conhecida como a Paris do Oriente Médio, ouve-se os mesmos lixos pop oriundos da América do norte que inundam nossas rádios. A filial francesa corrobora a fama de orgulhosos de sua língua e cultura que são os franceses, de cinco músicas só ouvi uma em inglês. A canadense me decepcionou um pouco, hip hop, baba, rock adolescente, tudo muito banal. Para quem quiser ouvir algo bem semelhante à Virgin U.K. há um link para uma rádio genérica, a absolute radio

Thursday, June 04, 2009

FOFOCA

Por que fazemos fofoca? Por que gostamos tanto de ouvi-las? Por que temos essa curiosidade atávica pela vida alheia? A verdade é que a fofoca é na essência aquilo que nos faz humanos. Através dela nos certificamos de que somos todos iguais, temos os mesmos medos, as mesmas angústias, ansiedades, alegrias e tristeza dos nossos semelhantes. Conseguimos ver que, por exemplo, um artista milionário tem as mesmas dificuldades, sobretudo no campo emotivo, de uma pessoa menos abastada, que um artista famoso tem os mesmos problemas em seu relacionamento que um ilustre anônimo. Óbvio que algumas pessoas usam a fofoca com viés destrutivo, que pode causar sérios danos a terceiros, mas no geral, a função desse lazer preferido dos desocupados, síndicos de rua residencial e vizinhas faladeiras é trazer alento mostrando de somos todos diferentes, porém iguais

Sunday, May 03, 2009

GRATA SURPRESA


Um artista que nos regalou com obras primas como Highway 61 Revisited, Blonde On Blonde, Blood On The Tracks, Desire, não tem mais nada a provar, poderia inclusive estar aposentado com louvor por serviços prestados à música do século vinte, todavia o incansável senhor Robert Allen Zimmmerman, 67 anos, é inquieto, sua veia criativa lhe conferiu uma longevidade de dar inveja a muitos de seus contemporâneos que o ajudaram a revolucionar a música popular, mas hoje não têm muito (ou quase nada) a dizer. Três anos depois do aclamado Modern Times e sem nenhum alarde, Bob Dylan lança Together Through Life, um álbum de 11 faixas, 45 minutos, duração perfeita de um bom disco, sem excessos, faixas desnecessárias que foram colocadas ali só para esgotar os 79 minutos do cd, Dylan quis dar seu recado em pouco tempo, e fez bonito. Together... pode não ter a excelência do predecessor, mas sua qualidade é indubitável e desde já é um dos melhores discos do ano. É Bob Dylan autêntico, que não está nem aí para modismos e nem quer soar up to date, lá estão suas raízes, suas influências, o blues do Mississipi, o folk, o Woody Guthrie, o Hank Williams. Precisar não precisava, Bob, mas já que o presente veio, foi muito bem vindo.

Tuesday, April 21, 2009

Agora a indústria cinematográfica tem motivos para perder o sono de vez: com o vazamento da cópia de X men Origins-Wolverine, com efeitos especiais inacabados, mas qualidade de imagem decente, ficou provado como a tecnologia deixou o velho sistema de entretenimento vulnerável. Não é de hoje que é possível baixar álbuns inteiros (o que derrubou a indústria fonográfica) e filmes que acabaram de ser lançados, porém com qualidade sofrível, geralmente filmados da platéia. Agora, um filme inteiro, com boa qualidade de imagem um mês antes de seu lançamento é alarmante. Não vi a cópia, prefiro ver no cinema, com os efeitos especiais como devem ser vistos, mas muita gente prefere a comodidade à qualidade e é esse o público que a indústria perde para a internet e para o piratão de 5 real. Um público que prescinde da magia de adentrar uma sala de exibição e ser transportado para outro mundo, para eles basta um clique no mouse e tá ótimo. Certamente haverá prejuízo, tomemos como exemplo o maior fenômeno de pirataria do Brasil, o filme Tropa de elite de 2007: três meses antes de seu lançamento uma cópia pirata de qualidade quase perfeita circulava nos camelôs do Rio de Janeiro (o filme foi sucesso no país inteiro, mas foi fenômeno mesmo no Rio). A bilheteria foi boa, foram dois milhões de espectadores, mas o filme tinha potencial para mais, pelo menos duas vezes isso. Calcula-se que onze milhões de brasileiros assistiram ao filme em DVD pirata. Enquanto isso a indústria faz de tudo para convencer as pessoas de que cinema é a maior diversão, com salas com projeção digital, filmes em 3D (o número de lançamentos no formato não pára de crescer, sobretudo na área da animação) e lançamentos em DVD não muito posteriores à passagem pelo cinema, mas lutar contra piratas não é fácil, de nada adianta prender os donos do Pirate Bay se a cada momento surgem dezenas de novos sites onde se é possível baixar filmes.

Friday, April 17, 2009

Não é propaganda não (não tô levando nenhum por fora), mas a sorveteria Amarena que abriu em Copacabana na rua Barata Ribeiro, ao lado da Modern Sound, é sensacional! Os sorvetes são artesanais, de fabricação italiana e para que toma sorvete até no frio como eu, é obrigatório. Séria candidata a melhor sorveteria do Rio
Não me importo se me derem uma dessas no Natal




Não é a primeira vez que eu coloco uma letra de música do canadense Leonard Cohen. O poeta trovador que despontou no final da década de sessenta fala como ninguém sobre o mais contraditório dos sentimentos humanos. There ain't no cure for love, música do álbum I'm Your Man traduz isso perfeitamente


There Ain't No Cure For Love


I loved you for a long, long time

I know this love is real

It dont matter how it all went wrong

That dont change the way I feel

And I cant believe that times

Gonna heal this wound Im speaking of

There aint no cure,

There aint no cure,

There aint no cure for love.


Im aching for you baby

I cant pretend Im not

I need to see you naked

In your body and your thought

Ive got you like a habit

And Ill never get enough

There aint no cure,

There aint no cure,

There aint no cure for love


There aint no cure for love

There aint no cure for love

All the rocket ships are climbing through the sky

The holy books are open wide

The doctors working day and night

But theyll never ever find that cure for love

There aint no drink no drug

(ah tell them, angels)

Theres nothing pure enough to be a cure for love


I see you in the subwayand

I see you on the bus

I see you lying down with me,

I see you waking up

I see your hand, I see your hair

Your bracelets and your brush

And I call to you, I call to you

But I dont call soft enough

There aint no cure,

There aint no cure,

There aint no cure for love


I walked into this empty church I had no place else to go

When the sweetest voice I ever heard, whispered to my soul

I dont need to be forgiven for loving you so much

Its written in the scriptures

Its written there in blood

I even heard the angels declare it from above

There aint no cure,

There aint no cure,

There aint no cure for love


There aint no cure for love

There aint no cure for love

All the rocket ships are climbing through the sky

The holy books are open wide

The doctors working day and night

But theyll never ever find that cure,

That cure for love
Já perceberam que a MTV voltou a passar clipes? E que os programas que não são de clipes em sua maioria têm a ver com música? Isso é bom

Beatles




Serão lançados em setembro todos os discos dos Beatles com remasterização e encartes novos. Esses encartes trarão os textos e fotos originais do lançamento em vinil além de outras informações. Serão ao todo 14 discos (os dois volumes de Past Masters serão reunidos em um só disco) que poderão ser adquiridos em separado ou em um Box de luxo com toda a coleção. Pensando nos colecionadores será lançada ainda uma caixa com todos os 14 discos em mono. Particularmente espero que essa remasterização seja satisfatória, pois o catálogo vigente (que já tem vinte anos) não prima pela fidelidade, e olha que quem cuidou do trabalho foi o próprio produtor dos fab four George Martin. É torcer para que tenham feito com os Beatles o trabalho impecável de restauração que fizeram com os álbuns Stones no relançamento do catálogo da fase anos 60 da banda. Ainda sobre o quarteto de Liverpool, será lançado o game Rock Band com o repertório da banda, haverá inclusive uma versão especial que trará no pacote os instrumentos para os jogadores que serão as réplicas dos originais usados pelo quarteto como o baixo Hoffner de Sir Paul McCartney e o conjunto Ludwig de bateria. O kit sairá a 250 doletas lá fora, uma merreca para quem é fã ardoroso.

Thursday, April 16, 2009

U2 360

Foi anunciada a nova turnê do U2 para divulgação de No Line On The Horizon. O pontapé inicial será dado em Barcelona em Junho e depois de Europa a banda rodará os E.U.A até o final do ano quando a turnê dará uma pausa. Depois, já em 2010, mais datas que ainda não foram definidas incluindo Ásia e America Latina que deverá ser a última etapa da excursão. Essa deve ser a turnê mais cara da história e a mais ambiciosa da banda, o palco, já chamado de The Claw (A Garra) tem 360 graus garantindo boa visibilidade de qualquer âgulo do estádio e um sistema de som envolvente garantido por caixas de som dispostas em volta do palco além de subwoofers. Resta saber se essa turnê passará mesmo pelo Brasil, porque um projeto complexo como esse não certamente não cabe em qualquer buraco, espero que o Maraca ou pelo menos o Morumbi tenham condições de abrigar o show. Para ver uma simulação em 3d de como será o palco clique aqui http://360.u2.com/


Fui ao show do Kiss na semana passada e me diverti muito. O Kiss não tem mais tanto significado para mim como na adolescência, mas ainda tenho carinho pela banda. O quarteto nova-iorquino liderado por dois judeus (por isso é a banda mais marketeira do rock) não é para ser levado a sério, sua música não possui mensagens edificantes, letras para se refletir sobre, tampouco tem a intenção de revolucionar a cena musical contemporânea; é apenas rock n roll all night and party everyday, e cá entre nós, que mal tem isso? O show foi o circo que a banda sempre apresenta: pirotecnia, Gene Simmons cuspindo fogo, sangue, bateria levitando, fogos de artifício e muita presepada. Às 21 e 23 caiu a cortina preta com o logo da banda cobrindo o palco e no sistema de som estourou Won’t get fooled again do The Who, no momento do solo de bateria de Keith Moon perto do fim da musica houve acompanhamento direto do palco (não sei se era um roadie ou o próprio Peter Cris) que levou a platéia ansiosa ao delírio. Pontualmente às 21 e 30 veio a clássica frase que abre todos os shows do Kiss desde os primórdios da banda: You wanted the Best, so you’ve got the best, the hottest band in the world: Kiss. E em meio a fogos e explosões caiu a cortina ao som de Deuce, que foi seguida de Strutter. O repertório da primeira parte do show foi o mesmo do clássico disco ao vivo Alive (felizmente eles priorizaram a melhor fase do grupo, os anos 70 e deixaram a pavorosa fase 80 e 90 de fora) inclusive a ordem das músicas foi mantida. No meio do show a previsão da meteorologia infelizmente se confirmou e em Parasite começou uma chuva que apertou em She. Durante o solo de Tommy Thayer (o substituto de Ace Frehley), em que a guitarra dispara explosivos, a platéia já se encontrava totalmente encharcada, coube a Paul Stanley tentar fazer a platéia não esfriar, dizendo:´´temos que seguir, não nos importamos com a chuva.” Felizmente a água deu uma trégua, chuva só de papel picado em Rock n roll all nite, ponto alto da noite, que encerrou a primeira parte do show. A segunda parte que começou com Shout it out loud era um pequeno apanhado de clássicos posteriores à fase abrangida por Alive. Entraram inclusive duas dos anos 80 (talvez as únicas realmente boas dessa época): Lick it up, do disco homônimo de 1983, primeiro da banda sem máscara e I love it loud do Creatures Of The Night, o último mascarado, cuja turnê trouxe a banda pela primeira vez ao Brasil. Depois vieram I was made for loving you e o encerramento com Detroit the rock city. Love gun ficou de fora junto com a performance de Paul Stanley pendurado em um cabo sobre a platéia que teria sido cortada por causa da chuva, mas já estava tudo seco. Ficou sem explicação. Uma coisa notável no palco é o fato de os verdadeiros músicos serem o guitarrista e o baterista (já era assim na época de Ace e Peter, que eram até inferiores tecnicamente do que estes dois substitutos), cabendo aos dois fundadores fazer biquinho, saltitar, rebolar, agitar o público, fazer firulas, careta e apenas enrolar com seus respectivos instrumentos baixo e guitarra de base. O clima do público estava bem família, se outrora a banda era a inimiga número um dos pais, o que se viu na Praça da Apoteose foi vários pais levando seus filhos adolescentes e até mesmo crianças. Casais na casa dos trinta e jovens que sequer eram nascidos na época em que o quarteto visitou o Brasil pela primeira vez eram muito numerosos. Muitos fãs compareceram maquiados(algumas maquiagens fajutas não resistiram à chuva) e era interessante notar que as maquiagens de Demon (Gene) e Ace of space (Tommy) eram as preferidas dos meninos, já Star child (Paul) e Catman (Eric) eram as mais usadas pelas meninas. Circula uma história que depois da próxima turnê, que deverá ser no próximo ano, o Kiss vai trocar a sua formação para músicos jovens que serão substituídos de tempos em tempos tendo Gene e Paul como mentores e empresários. Mediante essa ameaça eu não poderia mesmo deixar de ir ao show.

Wednesday, April 15, 2009

O Vampire weekend foi uma das bandas mais legais que apareceram no ano passado, não é a salvação do rock (até a imprensa musical parece ter desistido de usar essa expressão para falar de alguma novidade), mas é um expoente da importante cena Brooklyn da qual fazem parte o National e o genial MGMT. O clipe da música Oxford Coma, todo feito em plano sequência é um achado e já consta entre os meus favoritos dessa década.
http://www.youtube.com/watch?v=P_i1xk07o4g

Wednesday, April 01, 2009

Dobradinhas


Shows de abertura servem apenas para aquecer o público enquanto espera a atração principal certo? Errado, muitas vezes o show de abertura só não é tão bom quanto o headliner devido à economia da luz e do som do palco, sempre reduzidos a um terço para as bandas de abertura. Mas cá entre nós há dobradinhas que ficaram históricas, como a do último dia 20 em que o público presente na Apoteose foi testemunha ocular do encontro dos pais da música eletrônica abrindo para a maior banda surgida nos últimos 15 anos, ou Bob Dylan abrindo para os Stones e em seguida dividindo o palco no show dos ingleses em Like a rolling stone (aquilo foi de arrepiar), o CBGB's circa 78 aportando em pleno Rio de Janeiro 2005 com a dobradinha Television e Elvis Costello, enfim, aqui vai a minha listinha:
.Jimmy Page & Robert Plant: Local- Apoteose (última edição do Hollywood Rock)
Ano- 1996
Show de abertura- Raimundos, Urge Overkill e Black Crowes
.Björk: Local- MAM (Free Jazz)
Ano- 1996
Show de abertura- 808 State
.Rolling Stones: local- Apoteose
Ano- 1998
Show de abertura- Cássia Eller e Bob Dylan
.Belle and Sebantien: Local- MAM (última edição do Free Jazz)
Ano-2001
Show de abertura- Grandaddy e Sigur Rós
.Elvis Costello: Local- MAM (TIM Festival)
Ano- 2005
Show de abertura- Television
.Pearl Jam: Local-Apoteose

Ano-2005

Show de abertura- Mudhoney

.U2: Local-Estádio do Morumbi
Ano-2006
Show de abertura- Franz Ferdinand
.Radiohead: Local-Apoteose
Ano-2009
Show de abertura: Los Heramnos e Kraftwerk

Wednesday, March 25, 2009

Como diria a minha colega Patrícia Kogut, uma nota zero bem redonda para o canal por assinatura Multishow que prometeu exibir o show do Radiohead, do Kraftwerk e do Los Hermanos ao vivo de São Paulo e na verdade exibiu os shows com delay (aquilo não era ao vivo) e ainda por cima editadíssimos, só os hermanos escaparam da tesoura. O show do Kraftwerk passou pela metade, no do Radiohead somente dez das vinte e cinco músicas do repertório foram mostradas. Bolas, se TV por assinatura serve justamente para exibir uma programação segmentada que a TV aberta não tem espaço (ou interesse) para exibir, por que essa economia porca lesando quem não pôde ir ao show ou foi, mas quis reviver cada momento? E quem assina o canal justamente para ter transmissões na integra e não depender dos cortes desrespeitosos feitos pelos canais abertos quando se propõem a exibir eventos dessa natureza, como fica? O certo (até porque foi o que deu para depreender da propaganda) era exibir os três shows integralmente, mas já que era para sacrificar, que fosse o aperitivo, e não o prato principal. Show dos Los Hermanos já foram exibidos pelo canal, do Radiohead apenas um show editado de algum festival europeu de alguns anos atrás, merecíamos ver a apresentação em Sampa sem cortes. Nota zero.

Sunday, March 22, 2009

CATARSE



Valeu a espera: quinze anos depois de estourar no mundo inteiro com seu lamento nerd de Creep e doze anos após conquistar corações mentes fãs e críticas com Ok Computer, o Radiohead finalmente fez seu primeiro show em solo brasileiros levando fãs da banda (e da boa música) a uma experiência de catarse coletiva que levará tempo para ser esquecida. Muita gente já havia perdido as esperanças de ver o quinteto de Oxford por aqui, a recompensa pela espera veio em forma de mais de duas horas de música de altíssima qualidade. A noite já começou bem, é verdade, com a volta do grupo carioca Los Hermanos, que apesar de estarem fazendo o papel de banda de abertura fez um show de headliners com boa resposta do público (tinha gente ali só por causa deles), o único senão foi uma certa falta de química, compreensível devido ao tempo separados e focados em seus respectivos projetos individuais (como a banda Little Joy de Rodrigo Amarante em parceria com o Fabrício Moretti dos Strokes e a carreira solo de Camelo).
Em seguida entraram sem atraso os alemães do Kraftwerk. A banda fez um show impecável com o seu Kling Klang, usina de som composta por sintetizadores e computadores (agora fininhos laptops), projeções sincronizadas com as músicas e claro, os robôs que substituem os músicos na clássica We Are The Robots. A apresentação podia ser um pouco maior, mas o rigoroso cronograma quase expulsou os quatro do palco, quando as luzes da apoteose se acenderam com a banda ainda no palco. Enfim, com dez minutos de atraso em relação ao programado, entra em cena o prato principal. Com 15 step, que abre o ultimo trabalho do grupo In Rainbows, começou a apresentação da banda que pode ser considerada a maior dessa geração se for levado em conta o fator prestígio+relevância. Embora calcado no último trabalho, não faltaram no repertório hits bem conhecidos pelos fãs como Karma Police, cantada em uníssono, No Surprises, National Anthem, Idioteque, Everything Is In The Right Place, músicas tiradas dos dois discos mais inspirados da banda, Ok Computer e Kid A. A oferta de canções desses álbuns foi mais generosa na América Latina pelo fato de nunca terem vindo aqui e as músicas de In rainbows fizeram bonito, All I Need, Jigsaw Falling Into Place, Weird Fishes/Arpeggi, Body Snatchers e House of Cards foram muito bem recebidas. Tom Yorke esquisitão como sempre até chegou a esboçar uma certa simpatia, parecia um pouco surpreso ao ver a reação do público que acompanhava suas letras como se fossem falantes nativos do inglês. A comunhão palco-platéia fez o evento parecer um grande encontro ecumênico campal que teve como ponto alto o épico hipnótico Paranoid Android, talvez uma das melhores músicas dos anos 90. A última música foi um brinde para os latino americanos, Creep não era mais executada, mas abriram uma exceção para os espectadores de primeira viagem. Uma noite memorável, certamente um dos melhores shows que já passaram por aqui.

Sunday, March 15, 2009

APOTEOSE METALEIRA


Show do Iron Maiden é como Rolling Stones e Paul McCartney: muito previsível, sem surpresas, todo mundo sabe exatamente o que vai acontecer, e justamente por isso é divertidíssimo. É como na época de infância que a gente queria ver o mesmo desenho 20 vezes e achava o maior barato, assim é o público de rock clássico em geral, principalmente de Heavy Metal. Se os cinco tios do metal não apresentassem pirotecnia, bonecos gigantes, a mascote Eddie adentrando o palco, certamente o público sairia decepcionado. Nesta sétima passagem da banda pelo Rio (oitava pelo Brasil), a Donzela de ferro proporcionou tudo isso, além do carisma de Bruce Dickinson, dos solos e presepadas de Janick Gers, do baixo preciso do chefe Steve Harris, que colocou a cria Lauren Harris para abrir os trabalhos, os super competentes Dave Murray e Adrian Smith formando uma parede de guitarras e a pancadaria usual do baterista Nico McBrain. O show começou pontualmente na hora marcada, 21 e 30 com imagens do avião da banda Ed Force One nos dois telões nas bordas laterais do palco. A primeira música Aces High levou os milhares de fãs ao delírio, embora o som estivesse meio baixo e embolado no começo da apresentação. Daí seguiu uma seqüência de hits, todos da fase anos oitenta, a era de ouro da banda. Wrathchild, Two Minutes to Midnight, The Trooper, Wasted Years do fraco Somewhere in Time de 86 que inspirou o título da turnê, Somewhere Back In Time, todas cantadas em uníssono pelo público predominantemente masculino e bastante jovem, a maioria não era sequer nascida quando a banda lançou o primeiro álbum ainda com o vocalista Paul Dianno ou mesmo quando aportaram no Brasil pela primeira vez no Rock In Rio em 85. Claro que também não faltou o coro de Fear of the Dark, a única dos anos 90, Iron Maiden, com direito a um Eddie gigante e mumificado surgindo de dentro de uma esfinge soltando fogos pelos olhos e, claro, The Number Of The Beast. Depois de duas horas de muito rock pesado o público parecia de alma lavada. Dickinson prometeu voltar ao país em 2011 e o séquito de fãs fiéis já anotou na agenda, alguma dúvida?

Tuesday, March 10, 2009

Falando em Radiohead posto aqui a letra da música que para mim é uma das mais belas dos anos 90. Do magistral disco Ok Computer(onde a banda mostra realmente a que veio), No Surprises carrega a tradição de músicas um tanto fúnebres, mas que alcançam o fundo da alma, do rock britânico. É só lembrarmos de The Smiths, Echo And The Bunnymen, The Cure, Suede para exemplificar
No Surprises
A heart that's full up like a landfill,
a job that slowly kills you,
bruises that won't heal.
You look so tired-unhappy,
bring down the government,
they don't, they don't speak for us.
I'll take a quiet life,
a handshake of carbon monoxide,
with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
Silence, silence.
This is my final fit,
my final bellyache,
with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises please.
Such a pretty house
and such a pretty garden.
No alarms and no surprises (get me outta here),
no alarms and no surprises (get me outta here),
no alarms and no surprises, please

Ainda há ingressos para os shows do Rio(Praça da Apoteose) do time dos sonhos da música: Radiohead, Kraftwerk e a volta do Los Hermanos. Imperdível para quem gosta de boa música.Quem não garantiu apresse-se!

Monday, March 02, 2009

No Line On The Horizon


Eis que finalmente chega às lojas o novo disco da que é considerada a última das grandes bandas, o U2. Falou-se muito em revolução. Chegaram a gravar com o produtor Rick Rubin, requisitado por artistas que querem investir em um som mais “pesado”, mas as faixas foram descartadas e No Line On The Horizon (a banda se especializou em títulos longos para seus álbuns)foi produzido pelos velhos de guerra Brian Eno, Daniel Lenois e Steve Lillywhite, que assinaram os discos mais bem sucedidos da banda, inclusive o último, responsável pela renovação do público do quarteto irlandês. Mas não há nada de novo no horizonte. Ouvimos aqui (para o bem ou para o mal) exatamente toda a fórmula usada pelo U2 ao longo desses 31 anos.
A faixa de abertura lembra um pouco a fase Achtung baby/Zooropa, com guitarra cortante de The Edge, a levada lembra o lado b do single de One, Lady With The Spinning Head. Magnificent apresenta uns efeitos anos 80 que o U2 não usava nos anos 80, mas logo se revela uma típica música da banda, até meio previsível para quem acompanha o trabalho do quarteto de longa data. Momento of surrender é longa e com pretensões épicas. Unknown Caller é a que mais lembra o U2 dos anos 80, mais na primeira metade da década, em trabalhos como War(1983) e The Unforgettable Fire(1984). Curiosamente o primeiro single Get On Boots destoa um pouco do resto do disco. Enquanto o álbum de uma maneira geral remete aos 80 essa faixa se aproxima dos últimos trabalhos, há uma semelhança perceptível com Vertigo(só faltou o ôô ô ô ô). Embora tenha sido escolhida como o boi de piranha nas rádios do mundo inteiro, é uma das músicas menos inspiradas do pacote. Depois da pesadona e de letra cáustica Stand Up Comedy, vem Fez-Being Born tem clima oriental, diferente de Mystirious ways, tem um andamento semelhante ao de The Hands That Built America. Breath era para ter ficado de fora, entrou no álbum na última hora, é bela e também tem um leve clima oriental, com alguma influência de Kashimir do Led Zeppelin e o disco fecha com a bela Cedars of Lebanon. A impressão que fica é que o U2 até pensou em ousar, mas preferiu prestar um tributo ao seu legado e encher o álbum de referências, talvez até um pouco auto-indulgentes, mas que vão alegrar muito os fãs. E em julho começa a turnê que pode passar pelo Brasil ainda no fim de 2009 ou início de 2010. Que não se repita a falta de planejamento da demanda da venda de ingressos do último show da banda por aqui nem a bisonha organização das vendas do recente show de Madonna.

Tuesday, February 24, 2009

CERIMÔNIA À INDIANA



Deu favoritismo em quase todas as categorias. Com exceção de melhor ator e filme estrangeiro, em que o japonês Okuribito venceu o israelense franco favorito Waltz With Bashir, quem apostou em azarão perdeu dinheiro. Quem Quer Ser Um Milionário?, que a princípio seria um azarão, mas ao longo da temporada de premiações despontou como barbada, levou, além do Oscar de melhor filme e diretor, mais seis prêmios, somando um total de oito (o filme concorria a dez). Foi um verdadeiro rolo compressor, enquanto o líder em indicações, O Curioso Caso De Benjamin Button teve de se contentar apenas com três dos treze a que concorria, todos os três técnicos (direção de arte, maquiagem e efeitos visuais). A cerimônia apresentada pelo Wolverine Hugh Jackman foi divertida, o ator australiano se revelou um bom apresentador e ainda revelou sua porção Broadway cantando, dançando e sapateando em números musicais. O número inicial em que ele fez várias referências aos indicados e ainda chamou a atriz Anne Hathaway, que concorria ao Oscar de melhor atriz por O Casamento De Rachel para participar foi impagável. Um outro com vários dançarinos e participação da cantora Beyoncé também foi divertidíssimo, na verdade era um medley de temas clássicos do cinema musical. A participação de Beyoncé e mesmo a escolha de Jackman para o posto de cicerone confirmam a tendência da cerimônia de tentar atrair a audiência jovem, e isso pôde ser constatado na agilidade da festa e nos clipes que compilavam os principais sucessos do ano em cada gênero (comédia, romance, ação, animação), sempre com estandartes pop modernos (como Coldplay, por exemplo) na trilha de fundo. Ainda para uma maior agilidade, as canções originais que concorriam na noite foram apresentadas de uma só vez e não espalhadas ao longo da cerimônia. As baixas foram M.I.A que acabou de dar a luz e não compareceu para executar o tema de Quem Quer Ser Um Milionário? e Peter Gabriel, que reclamou da falta de tempo para preparar a apresentação da música de sua autoria Down to Earth, tema da animação Wall-E. O britânico ex-líder do Genesis até compareceu à cerimônia na platéia, mas quem cantou o tema da animação da Pixar foi John Legend. A premiação desse ano apresentou uma inovação na entrega dos prêmios de melhor ator e melhor atriz: tanto na categoria coadjuvante quanto na principal a introdução foi feita por vencedores de edições passadas em vez da tradicional passagem de cetro dos outros anos, quando a vencedora/vencedor do ano anterior entregava a estatueta para o vencedor/vencedora do ano. Na categoria atriz coadjuvante havia um certo favoritismo que se confirmou, ganhou a atriz Penélope Cruz por Vicky Cristina Barcelona, não chegou a ser barbada porque Viola Davis e Emma Davis, ambas concorrendo por Dúvida, também eram fortes candidatas. No discurso agradeceu seu padrinho, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Kate Winslet bateu Maryl Streep na categoria atriz principal e levou sua primeira estatueta para casa por sua atuação em O Leitor com um discurso emocionado, ela ensaiava para aquele momento desde criança em frente ao espelho com uma embalagem de xampu na mão. A surpresa foi a vitória de Sean Penn por sua interpretação em Milk, derrubando o favoritismo de Mickey Rourke. O momento mais emocionante da noite foi mesmo o Oscar póstumo para Heath Ledger, o primeiro em trinta e três anos. O único ator a ganhar a estatueta pós-óbito foi Peter Finch pelo filme Rede De Intrigas. A família de Ledger recebeu o prêmio em seu nome (mas a dona é sua filha, pelas regras da academia) e o reconhecimento da academia pelo brilhante trabalho do jovem ator australiano morto há um ano, antes da estréia do filme Batman O Cavaleiro Das Trevas onde deu ao cinema um a versão definitiva do Coringa, levou muitos presentes quase às lágrimas. O rei da comédia Jerry Lewis também foi lembrado e ganhou um prêmio honorário pelo conjunto da obra. Talvez uma forma da academia se lembrar de uma época em que comédia se fazia com inteligência, graça e gaiatice, e não com piadas imbecis e grosseiras. De resto foi festa à indiana, quando Spielberg anunciou o prêmio mais importante da noite, quase toda a equipe do filme, entre britânicos e indianos, subiu ao palco, inclusive as crianças protagonistas.

Melhor Filme
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor diretor
Danny Boyle – Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor ator
Sean Penn - Milk-A Voz Da Liberdade
Melhor atriz
Kate Winslet – O Leitor
Melhor ator coadjuvante
Heath Ledger - Batman O Cavaleiro Das Trevas
Melhor atriz coadjuvante
Penélope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Melhor Animação Longa-Metragem-

Wall-E
Melhor Roteiro Adaptado
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Roteiro Original
Milk - A Voz da Liberdade
Melhor Direção de Arte
O Curioso Caso de Benjamin Button
Melhor Fotografia
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Figurino
A Duquesa
Melhor Filme Estrangeiro
Okuribito (Japão)
Melhor Documentário
O Equilibrista
Melhor Documentário Curta-Metragem
Smile Pinki
Melhor Montagem
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Maquiagem
O Curioso Caso de Benjamin Button
Trilha Sonora Original
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Canção Original
"Jai Ho" - Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Curta Animado
La Maison en Petits Cubes
Melhor Curta Live-Action
Spielzeugland (Toyland)
Melhor Edição de Som
Batman – O Cavaleiro das Trevas
Melhor Mixagem de Som
Quem Quer Ser Um Milionário
Efeitos Especiais
O Curioso Caso de Benjamin Button

Monday, February 23, 2009


Agora não precisamos mais ir a Buenos Aires para assistir a um filme em IMAX. Foi inaugurada em São Paulo a primeira sala da projeção gigante do Brasil no Espaço Unibanco de cinema de Pompéia, no shopping Bourbon, na zona oeste da capital. Embora dentro dos padrões internacionais, as dimensões da tela não chegam a ser tão gigantescas (14mx21m), a de Buenos Aires é maior (a maior da américa latina), mas ainda assim é uma experiência e tanto ver filmes em 2d ou 3d numa tela de IMAX, e, o que é melhor, sem sair do país (minha primeira experiência no formato foi em Londres há 8 anos e fiquei maravilhado). Pena que no Rio deve demorar um pouco, a próxima sala a ser construida no segundo semestre deste ano será em Porto Alegre. A tendência é aumentar o número de salas IMAX pelo mundo, bem como o número de filmes no formato, pois, com o aumento do tamanho e da definição das tvs os cinemas têm de oferecer algo a mais para fazer com que o público saia de casa. Batman o cavaleiro das trevas que teve boa parte das cenas filmadas com câmeras IMAX está sendo exibido na sala paulista. Tem seis minutos a mais , além de uma imersão incrível nas cenas, sgundo quem teve a oportunidade de conferir. Vale a ponte aérea

Saturday, February 21, 2009

O Oscar desse ano cai bem no domingo de carnaval, mas como cinéfilo é ruim da cabeça e doente do pé, isso não chega a ser problema. Já que a cerimônia começa quando a passarela do samba estiver a todo vapor, nada mais apropriado do que fazer uma analogia entre os quesitos julgadores do desfile e as categorias da premiação de Hollywood. Na verdade estou reprisando uma brincadeira postada em fevereiro de 2006, mas faz sentido
Samba-enredo- canção original
Enredo- roteiro
Alegorias e adereços- direção de arte
Fantasia- figurino
Bateria- som
Harmonia- montagem sonora
Conjunto- montagem
Mestre sala e porta bandeira- melhor ator/atriz

Tuesday, February 17, 2009

GRAMMY PROGRAMA LEGAL


Costumava ser assim: a cerimônia do Grammy era chata, monótona, com artistas americanos que só os americanos conheciam, e, entre um número musical modorrento de algum artista country e outro, saía um prêmio para alguma banda britânica, ou quem sabe de Hard rock? A premiação andava tão conservadora que chegou a ponto de dar ao Aerosmith(??????) o Grammy de banda alternativa(???????????). Enquanto isso, a MTV fazia seu VMA, a versão mais descontraída e bem mais legal do Grammy, com as bandas e artistas que interessavam, sem aquela chatice careta do Grammy. Mas hoje o cenário é outro: o VMA se encontra monopolizado pelo império do hip hop/r&b e o Grammy... não é que se tornou uma boa opção? Bons shows, premiações justas, podia ser um pouco menor, é claro, e o excesso de premiações pelo conjunto da obra cansa um pouquinho, mas a cerimônia se mostrou eclética, teve pra todos os gostos. A noite começou com U2 e sua nova música do disco que será lançado no próximo dia 2. A faixa intitulada Get On Your Boots lembra bastante Vertigo, o hit do álbum anterior dos irlandeses, só que menos inspirada, é ouvir o restante e saber se a banda mantém o nível dos dois últimos trabalhos. O Coldplay fez seu show certinho de sempre, Paul McCartney relembrou o clássico de sua ex-banda “I saw her standing there” com Dave Grohl na bateria, Al Green também interpretou seu clássico com um artista contemporâneo Justin Timberlake, mas cá entre nós, Let’s stay together dispensava o ex-NSYNC. Kate Perry substituiu Rihanna que chegou a ser anunciada no início da cerimônia, mas cancelou sua apresentação meia hora antes da festa, dizem que por ter levado uma surra do namorado. Interessante também foi M.I.A ter se apresentado com um barrigão de nove meses e possibilidade de parto para aquela noite. A grata surpresa mesmo foi o show do Radiohead, geralmente avesso a esse tipo de evento e a apresentação de Robert Plant e Alison Kraus, os vencedores da noite. A dupla merecidamente faturou os cinco troféus a que concorria, sendo dois por Raising Sand(disco do ano e disco folk contemporâneo)e os outros por músicas do álbum, Killing the blues, Rich woman e Please read the letter, favorito da noite o rapper Lil Wayne só levou metade dos oito prêmios a que Tha Carter III concorria, Coldplay ganhou o prêmio de canção do ano por Viva la vida e o Radiohead levou por banda alternativa. Que no próximo ano continue assim.

Monday, February 02, 2009

Maquiavel mais atual do que nunca

Quando em sua obra “O príncipe” Maquiavel escreveu o que fora interpretado em síntese como os fins justificam os meios (isso não consta em parte alguma do texto, fora depreendido), certamente não sabia que essa máxima seria repetida e seguida à risca até os dias de hoje. Nesta obra, o pensador absolutista justifica os métodos utilizados pelos monarcas para se manterem no poder e garantir a paz, não importa como. Mas esse pensamento se perpetuou e é seguido não só por monarcas e políticos, mas também em outras áreas e caiu como uma luva nesses dias de disputas ferozes por postos, carreira, status etc. É sabido que na sociedade ocidental contemporânea, o resultado tem muito mais relevância do que o esforço, boa vontade, perseverança, assim sendo, é irrelevante se você passou a perna em alguém, se fez valer de meios vis, pouco se importando com o mal que possa eventualmente ter causado a outrem, se aceitou uma mala de um milhão sabendo que para que isso ocorresse uma pessoa deveria morrer em Bali, no fim você saiu triunfante, exibindo seu troféu, colhendo os loiros da vitória, sendo saudado como herói. Nossa sociedade valoriza o vencedor, que por mais nefasta que tenha sido sua campanha, ele detém a versão definitiva de sua trajetória, então poderá contá-la de seu modo, suprimindo ou acrescentando o que for necessário. Com isso em mente, as pessoas não vêem mal algum em atropelar as outras em prol de seus objetivos maiores, que se forem vistos de forma bem analítica, são muito pequenos, geralmente ligados a status, vaidade e reconhecimento dentro da própria aldeia, nada que eleve o espírito ou pavimente o caminho da sabedoria suprema. Infelizmente esse procedimento é visto de forma positiva, muitas vezes estimulado, tanto que no mercado de trabalho fala-se em competitividade, agressividade como grandes qualificativos, mas no fundo significam esmagar a cabeça do outro para subir de posição, ou seja, lei da selva, e pro inferno com os escrúpulos. Por isso, toda vez que alguém tiver coragem para confessar, até mesmo para si mesma, que fez mal a alguém para alcançar determinada conquista, usará Maquiavel como justificativa e tudo bem.

Friday, January 30, 2009

Entrevista com o lendário cartunista do underground carioca Johandson, o Crumb tupiniquim, pra quem pensa que viver de arte no Brasil é moleza. Veja mais do trabalho do Johandson em www.cartoondelia.blogspot.com
http://br.youtube.com/watch?v=P_m94vj8vxw

Thursday, January 29, 2009

O Apocalipse

Deus está deprimido! O apocalipse está próximo. É dessa premissa que parte a peça O Apocalipse segundo Domingos Oliveira em cartaz no Rio de Janeiro. Encenada pelo Grupo Fúria, companhia de teatro formada por 33 mulheres bonitas e 15 rapazes jeitosos, o espetáculo mostra a impagável visão do teatrólogo sobre o Juízo final, onde Deus aparece encarnado na pele de um mero mortal, o que aumenta sua crise existencial, tem de enfrentar um complô das criaturas do inferno antes de dar fim a tudo e de quebra ainda “responde” algumas perguntas que sempre nos fazemos a respeito dele. O papel de Deus a princípio seria interpretado pelo próprio Domingos, mas este achou que Matheus Souza, seu assistente, era perfeito para o papel, então resolveu mudar sua participação e surge na pele do Poeta. O elenco também conta com a multitalentosa e bela Mônica Montone, nossa amiga poeta do blog fina flor. Sextas, sábados e domingos no Laura Alvim. Imperdível.
Com a entrega dos prêmios SAG (Screen Actors Guild) fica definido quem larga com chances ao Oscar: Slumdog Millionaire sai na frente, além de ter abocanhado o prêmio de melhor filme dramático no Globo de Ouro, faturou também o prêmio máximo do SAG (performance de elenco, equivalente a melhor filme no Oscar). Heath Ledger levou mais um prêmio póstumo por seu Coringa em Batman, o cavaleiro das trevas. Nas categorias melhor ator e atriz houve divergência em relação ao Globo de Ouro; Sean Penn levou a estatueta por Milk e Meryl Streep, sempre forte concorrente, desbancou Kate Winslet, que teve que se contentar apenas com o prêmio de atriz coadjuvante em O leitor. Streep levou a melhor com seu papel em Dúvida. Provavelmente a categoria de melhor atriz será a mais concorrida, que ainda tem Anne Hathaway (O casamento de Rachel) com chances reais. Mas, como todos sabem, o Oscar sempre pode surpreender e o azarão levar a festa. O prêmio da Academia será entregue dia 22 de fevereiro, bem no domingo de carnaval, mas como cinéfilo costuma ser uma raça doente do pé, isso não será exatamente um problema.

Monday, January 19, 2009

JÁ VAI TARDE


Terminou a noite dos oito anos. Damos com imensa satisfação adeus ao déspota que empreendeu sua cruzada de pregação da burrice e da intolerância, e da visão unilateral do outro. Livramo-nos de sua política externa desastrada que desrespeitava acordos internacionais, ignorava a soberania de outros países, tachava de forma calvinista que “os que não estão conosco estão contra nós”, de seu protecionismo alfandegário burro, de sua sede injustificável por petróleo, de seu investimento prioritário na indústria bélica colocando setores mais inteligentes da economia em segundo plano. E o principal: vamos nos livrar da cultura do medo de fantasma que servia de justifica para que ele e seus asseclas distribuíssem bombas pelo oriente médio sob alegação de defender a liberdade e a segurança internacional, mas todos sabem qual era o real propósito: manutenção e expansão do imperialismo. Despede-se o sujeito que criou no mundo uma antipatia tamanha por seu país que chegamos todos a nos esquecer, por um determinado momento, que os Estados Unidos da América nos deram o Jazz, o Blues, a Ella Fritzgerald, o Miles Davis, o Bob Dylan, os Beach boys, o Chuck Berry e o Little Richards, o Elvis Presley, a Billie Holliday, o Hemingway, o Jack Keruac e o Allen Ginsberg, o Bill Plympton, o Walt Disney, o Woody Allen, o Stanley Kubrick, o cinema espetáculo, a Broadway, a Coca Cola os mm, o Häagen Dazs (sim o sorvete é americano, não europeu como muita gente pensa). Barck Obama pode não salvar o mundo, mas uma coisa é inegável: nesta terça feira o mundo amanhecerá muito melhor, mais justo e, principalmente, mais inteligente.

Kate Winslet foi a grande vencedora do Globo de Ouro, ficando com o prêmio de melhor atriz coadjuvante em The Reader e melhor atriz por Revolutionary Road , onde volta a dividir a cena com Leonardo DiCaprio 11 anos depois de Titanic. Com isso suas chances para o Oscar aumentam bastante. Mickey Rourke voltou a brilhar depois de chegar ao ostracismao. Seu The Wrestler lhe rendeu o prêmio de melhor ator em drama. Heath Ledger, perfeito em sua encarnação do Coringa recebeu prêmio póstumo(merecidíssimo) que deveria se repetir no Oscar. Na categoria melhor filme musical ou comédia, deu Woody Allen na cabeça com seu Vicky Cristina Barcelona. Mantendo sua tradição avessa a prêmios de indústria, não compareceu à festa. A grande surpresa foi Slumdog Millionaire, produção anglo indiana que já é um grande sucesso nos E.U.A, abocanhou o prêmio principal e pode surpreeender também no Oscar

Tuesday, January 06, 2009

Então que dizer que depois de penar gravando as regras do trema ele simplesmente some?
E o hífen, vai embora de várias palavras mas permanece em algumas
Ditongos abertos perdem acento, hiatos com vogais dobradas também.
Sei não, mas essa reforma ortográfica veio mais para confundir do que para facilitar, e as mudanças foram feitas onde menos precisava. Trazer de volta o kwy, por exemplo, mas somente em palavras estrangeiras. Mas não era o que estava sendo feito na prática?
Mas ao menos teremos três anos com as regras novas e antigas coexistindo até as novas tomarem o lugar definitivamente, mas que foi desnecessário...

Sunday, January 04, 2009


Como dizem os críticos, em tempos em que a mediocridade domina a indústria cinematográfica é mais que um alento saber que há um Woody Allen em plena atividade. Sem dúvida, por menos inspirado que seja uma película sua, será sempre um filme no mínimo imperdível. Seu Vicky Cristina Barcelona (que, por milagre, não demorou a estrear por aqui, como vinha acontecendo com filmes de Woody Allen) a que só fui assistir ontem não foge à tradição de filmes de qualidade do cineasta, mas confesso que algumas coisas me incomodaram. A primeira coisa, não sei se foi impressão minha, mas não me pareceu um filme autoral. Claro que é possível identificar várias de suas peculiaridades, há os conflitos humanos, tanto externos quanto internos, há a mulher neurastênica, há a forma engenhosa de se contar a história, mas fica a impressão de que o filme foi feito muito mais para promover a cidade de Barcelona e o roteiro ficou meio que em segundo plano. Diga-se de passagem, a cidade podia ter sido mais explorada pelo diretor de fotografia Javier Aguirressarobe(responsável pela belíssima fotografia de Mar Adentro de Alejandro Amenabar). Faltou talvez o carinho com que Gordon Willis fotografou Nova York natal de Woody em Annie Hall e Manhatan, ou a pompa com que o inglês Remi Adefarasin (que depois assinou magistralmente a fotografia de Elizabeth a era de ouro) enquadrou Londres em Match Point (aquela tomada da vista do apartamento onde Chris e Chloe vão morar é uma das melhores do filme). Outra coisa que me incomodou foram os estereótipos: O latin lover irresistível, a espanhola sangue quente explosiva em constante ataque de nervos (mas cá pra nós, Penélope Cruz está ótima no papel), talvez Woody tenha assistido a muitos filmes de Almodóvar ultimamente, inclusive a cena do beijo a três é Almodóvar até o celulóide. Para o fato de ser um filme promocional há uma explicação: Woody Allen não filma mais em Nova York. É caro, não há incentivo a produções quase independentes como seus filmes nos E.U.A, por isso o cineasta se mudou de mala e cuia para a Europa, onde foi muito mais bem acolhido, fez três filmes consecutivos na Inglaterra. Hoje Woody filma onde houver proposta, nesse caso Barcelona fez a oferta, se o Rio se candidatar é bem possível de haver um filme de Woody Allen passado no Rio de Janeiro, fico imaginando a minha cidade captada pela lente de um dos meus cineastas favoritos. Quanto ao roteiro fica claro que Woody escreveu Vicky Cristina Barcelona em uma madrugada, mas ainda assim teve um bom resultado, ficando patente que se trata de um mestre. No conjunto é um bom filme, mas não chega a ser o melhor dos últimos dez anos como ouvi dizerem, Melinda Melinda e Match Point ganham de lavada, mas é bem superior ao anterior, Sonho de Cassandra, às comédias do início da década e, claro, leva a marca Woody Allen.

Thursday, January 01, 2009

HAY QUE ENDURECER SIN PERDER LA TERNURA


Há exatos 50 anos um pequeno país localizado no Caribe, que na época era literalmente um quintal dos Estados Unidos, mostrou força e audácia inversamente proporcional ao seu tamanho e poderio econômico. Cuba era um paraíso de jogo e prostituição para estrangeiros e com uma oligarquia que vivia de forma nababesca enquanto a população mergulhava na mais profunda miséria. Até que um jovem advogado, ironicamente filho da elite oligárquica junto com um jovem médico argentino de espírito libertário, cujo objetivo era lutar por uma América latina totalmente livre, depuseram o regime ditatorial de Fugêncio Baptista financiado pelos Estados Unidos e instauraram a chamada revolução verde oliva. O jovem médico era Ernesto “Che” Guevara e o jovem advogado oriundo da elite era Fidel Castro. A princípio não se tratava de uma revolução comunista, mas com o bloqueio norte-americano (que tentou invadir o país com o desiderato de acabar com a “balbúrdia” sem obter êxito), a ilha teve de buscar ajuda econômica, bélica além de fornecimento de commodities na URSS e o regime de Fidel passou a assumir caráter socialista. Os Estados Unidos tiveram que se conformar e engolir calados a transformação de seu outrora quintal em uma ilha de prosperidade com a implantação reforma agrária, alto investimento em educação que permitiu que o povo cubano se tornasse o mais culto das Américas, sistema de saúde organizado e avançadíssimo que garantiu uma expectativa de vida alta. Sem miséria nas ruas, sem mortalidade infantil e índice de analfabetismo zero, Cuba passou a apresentar um dos maiores índices de desenvolvimento humano das Américas (bem maior que o nosso, diga-se de passagem) Passadas cinco décadas, a URSS caiu, o país teve que se abrir para o turismo, porque sem o apoio do leste europeu e o agravo do embargo decretado por Bush pai tudo apontava para uma situação calamitosa chegando a faltar, em determinado momento, até mesmo o básico. Com a aposentadoria de Fidel, substituído por seu irmão Rau,l aumentaram as especulações a respeito de uma abertura política e econômica, que na prática já começou, ainda que de forma tímida. Existe também muita expectativa sobre o fim do bloqueio americano com a posse do presidente democrata Barack Obama, coisa muito difícil de ocorrer, já que, apesar da intenção do presidente eleito de aumentar a exportação de matéria prima e até mesmo outros produtos para a ilha caribenha, os Estados Unidos não reconhecem países onde não se realizam eleições diretas e inimigos políticos do governo são mantidos em cativeiro. Ou seja, quando eleições compradas, onde prevalecem interesses escusos e o compadrismo, forem instauradas e corruptos continuarem livres para conspirar contra o progresso e o desenvolvimento da ilha, aí sim os Estados Unidos poderão extinguir de vez o absurdo embargo decretado na época da Guerra Fria.