Thursday, June 16, 2005

Milagres acontecem

Essa é a maior prova de que Deus existe e é justo: quando todos achavam que a banda britânica a se reunir para o live 8 seria as spice girls, veio a notícia de que ninguém menos que o Pink Floyd vai se reunir com Roger Waters...é de infartar! segundo eles, a causa beneficente é muito mais relevante do que suas diferenças pessoais, que nos anos 80 gerou briga na justiça pela propriedade da marca e dos símbolos Pink Floyd.ficou decidido que a marca ficaria para Gilmour Wright e Mason enquanto os símbolos(o porco, o muro, o prisma, a vaca) ficariam com Waters.Será a princípio só para o evento como o Led Zeppelin há 20 anos, mas não custa nada sonhar com uma turnezinha, e quem sabe uma vinda ao Brasil?

Sunday, June 12, 2005

Love is in the air

Pois é, o amor está no ar... Nos shoppings, nas propagandas de tv, nos outdoors. Não vejo muito sentido no dia dos namorados, é só mais uma data criada para estimular um consumismo coletivo e alimentar a máquina do capitalismo; o natal foi cooptado para tal fim, mas podemos relevar, afinal de contas não é esse o seu intuito genuíno; dia das mães tudo bem, afinal, elas mereciam até mais do que um único dia obrigatório para ganharem presentinhos, dos pais, também vá lá, mas dia dos namorados, cá pra nós, não tem muito propósito. Isso pode parecer pensamento de sujeito carrancudo, mal amado, mas se paramos para sermos um pouquinho racionais, chegaremos à conclusão de que o que eu estou falando procede. Em primeiro lugar, o romantismo nada mais é do que uma forma de adornarmos os nossos instintos primais de perpetuação da espécie e atração carnal. Escolhemos os nossos parceiros exatamente como na pré-história: nós homens queremos mulheres jovens, com quadris largos (atrativo sexual que vem desde nossa época de primatas) e seios fartos (atrativo sexual adaptado a partir do momento em que nos tornamos bípedes) que são indicadores de saúde e fertilidade, nos sentimos atraídos por elas por que instintivamente acreditamos que terão condições de atravessar um período de gravidez sem problemas e gerarão filhos mais saudáveis. Já as mulheres preferem os homens fortes, com queixo quadrado e também os bem sucedidos socialmente, já que por mais que as mulheres estejam independentes, elas querem um provedor, que proporcione vida confortável e segura para sua prole. Nossa sociedade dá uma demasiada importância ao relacionamento amoroso, como se nela estivesse depositada toda a nossa realização enquanto indivíduos. Se você não tem alguém, é um infeliz, se for mulher o sofrimento é ainda maior. Veja por exemplo como isso é traço marcante na nossa cultura e que se reflete na arte: qual é o castigo daquela mulher que azucrinou a vida de todos durante a novela? Terminar sozinha! Quem é aquela pessoa amarga, de maldiz a todos durante a trama? A encalhada! Ou também a outro aspecto o da encalhada coitadinha, digna da compaixão de todos, até que lá pelo meio para o final arruma uma cara-metade, geralmente um carinha bem sem-graça. Nessa época em que toda a mídia e o marketing se voltam para os enamorados esse sentimento de menos valia por parte de quem está só aumenta consideravelmente, algumas meninas ficam inclusive deprimidas (sic) por passarem a data sem um parceiro e a impressão que dá é que esse é o intuito das propagandas, deixarem bem claro que você, solito, está de fora da festa, não irá ganhar presentes, não terá o que comemorar e isso numa sociedade hedonista como a nossa é a morte.
Mas o meu sofrimento mesmo é o carro de som da floricultura em frente à minha casa que fica tocando amante a moda antiga do Roberto Carlos sem parar, e essa “tradição” já dura 14 anos! Damn it!!!! Será que já estou pagando pro meus pecados futuros ou ainda estou pagando pelos pregressos?

Cleópatra tupiniquim

Essa notícia parece ser deveras surreal, mas é fato: o cineasta Julio Bressane, de Matou a família e foi ao cinema e O anjo nasceu, fará uma versão brasileira de Cleópatra com Alessandra Negrini no papel-título (hã?) e Miguel Falabella como Júlio Cesar (ui!) e ainda terá como cenário a baía de Guanabara se fazendo passar pelo rio Nilo (nossa!).
Bressane que recentemente filmou Dias de Nietszche em Turim (2002) e Filme de amor (2003), cisecisar isar ns com baixé conhecido por sua capacidade de rodar longa-metragens com baixíssimo orçamento. O tempo exíguo de produção é outra de suas características, O anjo nasceu foi filmado em 7 dias e Matou a família e foi ao cinema em 12. Bressane também foi perseguido durante a ditadura militar por suspeita de vínculo com o líder de esquerda Carlos Maringuela e viveu exilado em Londres por 3 anos.
Só que agora, Bressane vai ter que se valer de sua faceta econômica, pois o patrocínio que a princípio viria do ator Omar Shariff, melou e a Petrobrás por enquanto só disponibilizou 1 milhão, sendo que a previsão era de um orçamento de 3, 4 milhões. Segundo o próprio cineasta, a produção não primará pela fidelidade histórica, será uma evocação daquele mundo feita para o nosso tempo. Será que vai rolar algum avião ao fundo?

Friday, June 10, 2005

O poder do mito

Tudo começou em dezembro de 1983. Eu estava assistindo ao clube da criança, primeiro programa da Xuxa na televisão brasileira na extinta Rede Manchete quando no intervalo foi veiculado o anúncio de uma tal obra prima de George Lucas; apareceram umas naves com visual que me chamou muito a atenção, mas o que me fez arregalar os olhinhos foi um duelo de um ciborgue todo preto, que me pareceu uma versão ainda mais legal do Torak, inimigo do Falcon, com um velho mago ambos empunhando espadas lasers! Eu não podia perder aquilo por nada. Era primeira exibição na TV de Guerra nas Estrelas (ainda não era Star Wars) e eu nem calculava a dimensão da coisa.
A exibição do filme se deu num domingo à noite aproveitando o ensejo do lançamento do seu derradeiro episódio na quinta-feira seguinte. Vi o filme e fiquei louco. Assistir ao Retorno de Jedi era minha prioridade a partir daquele momento: comprei o álbum de figurinhas (que não completei) enquanto esperava ansiosamente pelo grande dia. Eis que numa tarde meio nublada do verão de 84 o dia chegou, mas as coisas não saíram como o planejado; minha irmã entrou, mas eu fui barrado (esse se tornou um dos meus traumas infantis), pois o filme era censura 10 anos e eu tinha 7 com cara de 6, além disso a censura naquela época era bem rígida, tive que me conformar em ir assistir à turma da Mônica num cinema vizinho enquanto minha irmã assistia ao que eu já considerava como o filme da minha vida.
Dois meses depois a película estreou em um cinema de bairro perto da minha casa, daqueles de programa duplo onde não existia censura: pagou entrou. Depois da sessão naquela noitinha de sábado de março de 1984 Sr.Lucas acabara de ganhar um novo fiel seguidor. Depois de assistir ao último episódio da ordem cronológica, ao contrário dos fãs mais velhos eu ainda não sonhava com o Episódio I, pois ainda não vira O Império Contra-Ataca, que eu só assistiria na globo três anos depois, a partir daí sim, comecei a sonhar com o episódio I, já que aqueles eram o IV, V e VI. Alguns metidos a espertos diziam que já havia sido lançado, mas só nos Estados Unidos, outros afirmavam que só existiam em livros “difíceis de encontrar mesmo nas livrarias estrangeiras” e os mais confiáveis diziam simplesmente que não havia nada declarado sobre quando ou mesmo se George Lucas faria os primeiros episódios, daí eu pensava: “bah, vai demorar muito, quando lançarem eu deverei estar com mais de 20 anos já nem vou mais ligar pra isso (hahahahahahahahahahahahahahahahah).
Vinte e um anos depois, seis anos após a decepção com Episódio I e passados três do bom, porém irregular Episódio II assisti semana passada e repeti a dose anteontem do Episódio III. Como já sabia é o melhor dos três, o mais bem dirigido, fotografado, dramático, sombrio, ou seja, tudo que os fãs queriam. Ian McDiarmid ( Palpatine) está demoníaco, Ewan McGregor é o próprio Alec Guiness jovem e Hayden Christiensen parece mesmo ter sido a escolha perfeita para o papel de Anakin Skywalker, meio canastra no episódio anterior, ele encontrou o tom certinho do personagem neste. Pra quem é fã foi impossível não se emocionar com cenas como a revelação maligna de Palpatine, o expurgo dos Jedi, o confronto apoteótico de Yoda com o recém auto-proclamado imperador, o duelo dramático entre Obi Wan e seu ex-aprendiz Anakin, o nascimento dos gêmeos (ufa!) e o final é belíssimo! Não chorei (não sou de chorar com filmes, a última vez foi com Cinema Paradiso há 12 anos, se bem que há dois meses tive que ser forte no final de Noites de Cabíria), mas compreendo perfeitamente quem o fez. Descobri também que eu estava mais ligado do que pensava aos novos elementos introduzidos nessa nova trilogia, pois vibrei no confronto com Conde Dooku, adorei ver Anakin matando o Vice-Rei Gunray com seu sabre e me comovi com a morte e funeral de Padmé.
Minha única frustração em relação ao filme é que, embora soubesse que não seria tão bom quanto O Império, no fundo eu esperava que fosse superar ao menos O Retorno de Jedi, o que não ocorreu, tudo bem, eram outros tempos, outro Lucas, assessorado pelas pessoas certas, etc. Cabe ainda observar que Episódio III se vale o tempo inteiro do mito e da memória afetiva dos fiéis, é como um show do Paul McCartney ou dos Rolling Stones; é maravilhoso, empolgante, emocionante, a gente sai de alma lavada, mas é uma celebração às memórias do passado, já que o presente tem pouco a acrescentar. Não escondo certa tristeza com o fato de que Guerra nas Estrelas no cinema acabou. Tudo bem, que vai ter desenho, seriado de tv, mas não é a mesma coisa, não pra mim que gosto de Guerra nas Estrelas como parte integrante da história do cinema e não como um universo, daí o meu desprezo pelas publicações que se passam 20 anos depois do Retorno de Jedi ou 100 anos antes do Episódio I, RPGs, etc. Só jogo os games da lucasart porque também não sou de ferro.
Aí podem vir a perguntar o que leva um cara de quase trinta anos na cara manter o interesse por algo tido como “coisa de adolescente”? Ocorre que estes filmes significaram demais pra mim para que eu simplesmente deixasse de gostar; foram esses três filmes que me transformaram em amante voraz de cinema, tudo bem, eu já vim com isso de fábrica, mas foi a trilogia de Lucas que despertou a minha consciência enquanto indivíduo cinéfilo. Claro que os filmes hoje não são mais vistos por mim como obras edificantes, depois de ser apresentado a Eisenstein, Welles, Kubrick fica difícil continuar considerando George Lucas um dos maiores cineastas de todos os tempos e após assistir repetidas vezes ao Sétimo Selo, 2001 e Fellini 8 ½ não dá pra dizer que Guerra nas Estrelas, mesmo a trilogia antiga, configure entre os melhores filmes já feitos, porém o cinema também é feito de sonho, escapismo, magia e dentro desse escopo, Guerra nas Estrelas é de fato brilhante.
Ok, jamais entraria em uma rodinha de conversa de admiradores de Godard perguntando o que acharam do duelo do Anakin e do Obi-Wan, mas se perguntado sobre o que acho da saga, não seria hipócrita em dizer de forma blasé que “era fã quando eu era garoto, mas hoje aquilo não me diz nada” digo a verdade por não ver motivo para vergonha e da mesma forma que eu tenho pena do fan boy que se caracteriza como os personagens e vive em função do universo criado pelo habitante mais ilustre da cidadezinha de Modesto(CA) também lamento por aqueles (pseudo)intelectuais que dizem que aquilo é uma bobagem cujo conteúdo se restringe aos efeitos especiais. Lembrem-se do slogan do grupo Severiano Ribeiro: “cinema é a maior diversão”.

P.S.: Han Solo atirou primeiro!

César Monteiro
Depois de um longo período sem postar, volto a este meu exercício de cronista amador, agora procurarei manter certa freqüência.
Estoy de vuelta.