Thursday, April 16, 2009



Fui ao show do Kiss na semana passada e me diverti muito. O Kiss não tem mais tanto significado para mim como na adolescência, mas ainda tenho carinho pela banda. O quarteto nova-iorquino liderado por dois judeus (por isso é a banda mais marketeira do rock) não é para ser levado a sério, sua música não possui mensagens edificantes, letras para se refletir sobre, tampouco tem a intenção de revolucionar a cena musical contemporânea; é apenas rock n roll all night and party everyday, e cá entre nós, que mal tem isso? O show foi o circo que a banda sempre apresenta: pirotecnia, Gene Simmons cuspindo fogo, sangue, bateria levitando, fogos de artifício e muita presepada. Às 21 e 23 caiu a cortina preta com o logo da banda cobrindo o palco e no sistema de som estourou Won’t get fooled again do The Who, no momento do solo de bateria de Keith Moon perto do fim da musica houve acompanhamento direto do palco (não sei se era um roadie ou o próprio Peter Cris) que levou a platéia ansiosa ao delírio. Pontualmente às 21 e 30 veio a clássica frase que abre todos os shows do Kiss desde os primórdios da banda: You wanted the Best, so you’ve got the best, the hottest band in the world: Kiss. E em meio a fogos e explosões caiu a cortina ao som de Deuce, que foi seguida de Strutter. O repertório da primeira parte do show foi o mesmo do clássico disco ao vivo Alive (felizmente eles priorizaram a melhor fase do grupo, os anos 70 e deixaram a pavorosa fase 80 e 90 de fora) inclusive a ordem das músicas foi mantida. No meio do show a previsão da meteorologia infelizmente se confirmou e em Parasite começou uma chuva que apertou em She. Durante o solo de Tommy Thayer (o substituto de Ace Frehley), em que a guitarra dispara explosivos, a platéia já se encontrava totalmente encharcada, coube a Paul Stanley tentar fazer a platéia não esfriar, dizendo:´´temos que seguir, não nos importamos com a chuva.” Felizmente a água deu uma trégua, chuva só de papel picado em Rock n roll all nite, ponto alto da noite, que encerrou a primeira parte do show. A segunda parte que começou com Shout it out loud era um pequeno apanhado de clássicos posteriores à fase abrangida por Alive. Entraram inclusive duas dos anos 80 (talvez as únicas realmente boas dessa época): Lick it up, do disco homônimo de 1983, primeiro da banda sem máscara e I love it loud do Creatures Of The Night, o último mascarado, cuja turnê trouxe a banda pela primeira vez ao Brasil. Depois vieram I was made for loving you e o encerramento com Detroit the rock city. Love gun ficou de fora junto com a performance de Paul Stanley pendurado em um cabo sobre a platéia que teria sido cortada por causa da chuva, mas já estava tudo seco. Ficou sem explicação. Uma coisa notável no palco é o fato de os verdadeiros músicos serem o guitarrista e o baterista (já era assim na época de Ace e Peter, que eram até inferiores tecnicamente do que estes dois substitutos), cabendo aos dois fundadores fazer biquinho, saltitar, rebolar, agitar o público, fazer firulas, careta e apenas enrolar com seus respectivos instrumentos baixo e guitarra de base. O clima do público estava bem família, se outrora a banda era a inimiga número um dos pais, o que se viu na Praça da Apoteose foi vários pais levando seus filhos adolescentes e até mesmo crianças. Casais na casa dos trinta e jovens que sequer eram nascidos na época em que o quarteto visitou o Brasil pela primeira vez eram muito numerosos. Muitos fãs compareceram maquiados(algumas maquiagens fajutas não resistiram à chuva) e era interessante notar que as maquiagens de Demon (Gene) e Ace of space (Tommy) eram as preferidas dos meninos, já Star child (Paul) e Catman (Eric) eram as mais usadas pelas meninas. Circula uma história que depois da próxima turnê, que deverá ser no próximo ano, o Kiss vai trocar a sua formação para músicos jovens que serão substituídos de tempos em tempos tendo Gene e Paul como mentores e empresários. Mediante essa ameaça eu não poderia mesmo deixar de ir ao show.

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