Tuesday, December 11, 2007


Não fui ao show do The Police . Não fui por três motivos:
1. Tava sem grana e sem tempo
2. Nunca fui grande fã dos caras, pra falar a verdade com exceção de Message in a Bottle, De dododo De dadada, Synchroncity e Every little thimg she does is magic, sempre quando toca Police no rádio eu ouço de forma aleatória, não mudo de estação, mas também não me empolgo. Apenas deixo tocar. Com isso, se eu fosse ao show eu incorreria no que eu considero o fim da picada (e rolou muito nesse show): ir só pelo evento;
3. Reuniões depois de anos são sempre oportunistas e com gosto de café requentado, no caso do Police foi a maior prova de que todo homem tem seu preço. Querem que eu acredite que eles voltaram por que estavam com saudade um do outro?
Contudo como essa volta foi no mínimo inusitada, não resisti e assisti pela tv. A verdade é que o Police nunca foi uma megabanda, nunca foi Rolling Stones, um U2, um Pink Floyd. A banda parecia pequena demais em meio a toda aquela estrutura de palco com telões de alta definição, efeitos de luz de ultima geração e diante de um Maracanã abarrotado. A impressão que eu tive foi de muita vela pra pouco defunto. Sem contar que das 80 mil pessoas talvez umas 10 mil fossem fãs, então você tinha um gargarejo animado e o resto do estádio parado e sem saber um refrão sequer, a maioria estava lá para dizer “eu fui”. Tecnicamente o trio está anos luz do que era há 25 anos, Sting canta muito melhor e toca como nunca, Andy Summer se transformou num virtuoso (te cuida Alex Lifesson) e Stewart Copland (o melhor em cena) desce o braço na bateria como se tivesse trinta anos a menos. Porém a falta de entrosamento era patente, até por que foram 22 anos sem tocar juntos, parecia ser um show solo do Sting relembrando os velhos sucessos da ex-banda com os dois antigos companheiros como convidados especiais. No saldo não foi um show ruim, não foi arrebatador, inesquecível, mas foi melhor do que muita coisa que passou por aqui nesse ano que finda. Agora, volta oportunista por volta oportunista eu sou mais os Mutantes.

Tuesday, July 03, 2007


Já há alguns nomes confirmados para o Tim Festival 2007. São eles Björk, Artic Monkeys, Julliette Lewis (sim ela tem uma banda) e The Killers. Parece que Klaxons e Air estão quase certos. Bom, eu tenho uma listinha de artistas que gostaria de ver no festival

. Kelley Stoltz

. Bob Dylan

. John Cale

. Jenny Lewis

. Jesus and Mary Chains (eles voltaram)


Qualquer amante da boa música tem plena noção da relevância que Os Mutantes têm não só na música brasileira, mas também mundial. Com sua mistura brilhante de psicodelia com brasilidade capitaneada pelo gênio Arnaldo Baptista, seu irmão Sérgio Dias e Rita Lee, o grupo fez parte de um dos movimentos mais importantes da história da música no Brasil no final dos anos 60 e se tornou a banda brasileira mais cultuada do mundo. A lista de fãs ilustres no exterior é grande vai de Kurt Cobain a David Byrne, sem falar nos meninos do Belle and Sebatien, o pessoal do Yola tengo, do Sonic Youth. Para se ter idéia do prestígio deles lá fora, quando fui a Londres há seis anos vi na Tower Records da Picadilly Circus a coleção de cds da banda não na sessão de world music, mas na sessão de pop rock, junto com Pink Floyd, Wishbone Ash, Beatles e outros. Há anos que se esperava uma volta às atividades, mas assim como uma reunião dos Beatles, isso parecia muito improvável de acontecer. Mas aconteceu. Em 2006 Sergio Dias anunciou a reunião que começaria com uma turnê pela Inglaterra, França e Estados Unidos e para o lugar de Rita Lee que não topou voltar chamaram Zélia Duncan.
A dúvida era: será que ainda rola química? Zélia Duncan não tem um timbre muito grave para emular Rita Lee? O Arnaldo depois dos excessos e da queda que lhe deixou seqüelas tem condições de estar no palco?
A resposta, todos tiveram no Circo Voador nos dias 29 e 30, quando o grupo realizou dois shows mágicos e inesquecíveis.
Como de praxe no Circo o show de Sábado, assim como o de sexta, não começou às dez como estava marcado, na verdade essa foi a hora em que os portões se abriram. Já passava de meia noite e meia quando a música ambiente parou de tocar e as duas lendas vivas da música brasileira entraram no palco acompanhados de Zélia, do baterista Dinho (com eles desde o início) e dos músicos de apoio (uma percursionista, dois tecladistas de apoio e um casal de backing vocals, todos impecáveis). Abriram os trabalhos com Dom Quixote, em seguida caminhante noturno que abriu espaço para uma sucessão de clássicos (todos da fase áurea, não entrou nada da fase progressiva no repertório) acompanhados com emoção por uma platéia formada por fãs e admiradores, Tecnicolor, Fuga n 2, 2001, El Justiceiro, Ave Gengis Khan, Desculpe babe, Ando meio desligado Balada do louco cantada em uníssono e o Bis com Bat macumba e Panis et circensis para encerrar.
É incrível como depois de tantos anos a química continua a mesma, Sérgio Dias hoje toca como nunca, Zélia Duncan surpreende no lugar de Rita Lee conseguiu fazer com que seu timbre chegasse bem próximo das gravações originais (até em Top Top), Dinho continua dando suas pancadas e Arnaldo Baptista é algo a ser estudado pela ciência; ao contrário do primeiro show da reunião da banda no Rio, onde ele cantou mal e tocava cinco notas em cada música, nesse ele tocou de verdade e cantou...bem. Para quem deveria estar levando uma vida vegetativa é um feito e tanto, além de ter sido o mais ovacionado em cena, não só pela figura lendária que ele representa, mas também por sua superação. Uma noite apoteótica que só corroborou o culto que se formou em torno da banda por todos esses anos.

Sunday, July 01, 2007

DON'T DOWNLOAD THIS SONG



Foi sem dúvida a melhor coisa que passou no animamundi no último sábado, o clipe animado de Bill Plympton com música de Weird All Yankovic, que é uma sátira àquelas músicas em prol de uma causa nobre tipo "We are the wolrd" onde o objetivo é despertar a "consciência " de quem baixa músicas ilegalmente da internet, "até Lars Ulrich sabe" (citando o baterista do metálica que comprou uma briga homérica com o Napster no início desta década acreditando inocentemente que isso iria cessar a pirataria digital) diz a música, mas é claro que o alvo da crítica não é o pobre interanauta e sim a indústria fonográfica. Hilário, procurem no Youtube.


Uma banda nova muito interessante que andei vasculhando na rede é Alberta Cross. O duo britânico-sueco faz um folk rock com forte influência de Neil Young e seu disco de estréia The thief & the Heartbreaker já saiu lá fora, mas por aqui só na net no momento. Recomendado


Já chegaram ao Brasil os primeiros modelos de HD DVD, inclusive já é possível encontrar filmes para locação nesse formato em algumas filiais da rede Blockbuster. Para quem ainda não sabe, o HD DVD e o DVD Blue ray são a nova geração de dvd que vem com intuito de aposentar os atuais, mas por serem incompatíveis entre si, será travada uma batalha entre os dois formatos, como o duelo entre betamax e vhs nos anos 80. Quanto à qualidade, quem testou os dois garante que não há diferença, uma vez que os dois usam a mesma tecnologia (leitor azul, ao contrário dos dvds comuns que utilizam leitor vermelho) assim sendo, certamente vencerá o que atingir o preço mais baixo. A grande vantagem do novo formato é a capacidade de armazenamento, algo em torno de 25 gb no HD e 50gb no Blue ray, e claro, qualidade superior de imagem: mais de mil linhas de definição contra as quatrocentas e oitenta dos aparelhos atuais, além reproduzir discos do formato ainda vigente, com qualidade um pouco superior. Porém, para desfrutar de todo o recurso dos novos aparelhos faz-se mister comprar uma tv lcd com entrada hdmi, pois numa tv convencional você terá uma imagem exatamente igual ou pior em relação ao seu dvd de 120 reais, com o detalhe que você investiu quase 3.000 verdinhas.
Isso mesmo, um HD DVD custa no mercado brasileiro proibitivos 2.999,99 reais, mas para ser desfrutado em toda sua plenitude há de se gastar mais 4.000 numa tv lcd. Então vem a pergunta: vale a pena o investimento de sete mil reais? No momento não, primeiro que nunca é bom negócio adquirir uma tecnologia que ainda está em sua aurora, pois em breve você terá um aparelho obsoleto e segundo que não se sabe qual dos dois formatos irá prevalecer. Na verdade não se sabe nem se o futuro do home vídeo está em um desses dois aparelhos. Se formos analisar meticulosamente, o HD e o Blue ray não apresentam um novo conceito como foi o dvd em relação aos vídeos cassete, é apenas um aprimoramento do que já existe o que historicamente não aposenta um formato vigente, temos como exemplo o SACD e o DVDaudio que há cerca de sete anos foram anunciados como os sucessores dos cds o que não ocorreu; Ipods e aparelhos de som que tocam mp3 vendem aos borbotões enquanto aparelhos de SACD, confesso que só vi um há 3 anos e nunca mais. Há quem diga ainda, como Bill Gates, que estes dvds que temos em casa serão a última forma física de se armazenar filmes, o futuro dos filmes assim como da música estaria na rede. É esperar para ver.
Gostei de Shrek Terceiro, a despeito das críticas mornas não achei o pior, talvez o menos genial. O problema são os vinte minutos iniciais, com piadas óbvias, humor pastelão gratuito que em nada lembra a sagacidade dos dois predecessores, mas passado esse início capenga, sucedem-se piadas referenciais (que infelizmente a molecada não vai captar), boas sacadas sem falar na trilha sonora que vai de Paul McCartney a Wolmother passando por Ramones e Demien Rice. Programão, mas escolha a cópia legendada.

TANTÃ RAN TÃÃÃÃ TANTARAN



Bom, acho que todo mundo já viu esta primeira foto oficial do quarto filme do intrépido arqueólogo Indiana Jones. Até que Harrison Ford continua bem, 65 aparentando 57, mas será que a trama vai prestar? Tudo dava a entender na Última cruzada que se tratava de fechamento de um ciclo, parecia que tudo relacionado ao personagem já tinha sido explorado, já mostraram adolescência, o pai, já bateu em muito nazista, recuperou artefatos inimagináveis, um quarto filme me parece forçar um pouco a barra.
Motivos para que seja ruim:
.Continuações tardias não costumam funcionar (vide terminator 3 e instinto selvagem 2 para citar os mais recentes)
.Roteiro passou na mão de muita gente, isso em Hollywood não é bom sinal
.Indiana Jones era para ser uma trilogia, tanto que o último tem clima de final, o que deixa esse quarto com cheiro de caça-níquel
Motivos para que seja bom
.Harrison Ford parece em forma apesar da idade
.Roteiro final é de David Koep (de Spider man e do divertidíssimo Prenda-me se for capaz)
.Spielberg está no seu auge artístico, quem viu Munique sabe do que estou falando.

Sunday, May 27, 2007

A MTV NÃO PASSA MAIS CLIPE

Juro que pensei que fosse piada quando li em algum lugar uma declaração feita pelo diretor de programação da mtv Zico Góes que a emissora (MUSIC TELEVISION) não passaria mais música, e sim programa sobre música. Bom, a mtv quando foi lançada em 1981 tinha como proposta passar videoclipes - uma novidade na época - o dia inteiro, realizando o sonho dos amantes da música pop. Em alguns estados americanos a novidade chegou com atraso, pois a princípio nem todos conseguiam captar o sinal.
No Brasil a mtv era um sonho distante; quem conhecia alguém que fosse aos E.U.A mandava fita e pedia pra gravar o máximo da programação que coubesse. A nossa carência só foi acabar em outubro de 1990, quando foi inaugurada a filial tupiniquim. Ao contrário da matriz, que na época já se distanciava do formato original, a nossa só passava clipes. O único horário que não passava clipe era o do jornal (MTV NO AR, na época com Zeca Camargo). Na época do Rock in Rio vários artistas gringos comentaram unanimemente que a nossa mtv era muito melhor que a deles. No decorrer da década, houve um equilíbrio entre os programas não-musicais, como desenhos (Beavis and Butthead, Daria, South Park), seriados (Na Real) debates e entrevistas (os ótimos Barraco e Pé na cozinha, com Astrid), mas os programas de clipe ainda eram majoritários. No início desta década a qualidade começou a cair vertiginosamente em escala diretamente proporcional ao espaço dado aos programas de clipe e finalmente no início desse ano a programação 2007 trouxe os clipes relegados a um horário ingrato da madrugada. Ou isso ou acessa-los no mtv overdrive, que para quem não tem banda larga é um verdadeiro parto. Com isso ficamos órfãos de um canal de música 24 horas(o vh1 ainda é para poucos) e o ideal seria que criassem uma mtv2 no Brasil, que a matriz criou para manter sua proposta original da qual se afastara.

Friday, April 27, 2007

TRAGÉDIA AMERICANA OU PATOLOGIA CONTEMPORÂNEA?

O mundo acompanhou perplexo a chacina ocorrida em uma universidade americana no estado da Virginia, a Virginia Tech University em Blacksburg. Tal como há 8 anos, logo após o massacre na Columbine High (onde dois alunos dispararam tiros contra professores e colegas) a principal pergunta foi: o que levou um jovem aparentemente normal a cometer tamanha atrocidade? Foi a cultura das armas, dirão alguns , alegando que a história americana foi feita na bala(marcha para oeste, massacre de índios); os filmes violentos, dirão outros; a cultura da violência inerente à América moderna...
A causa disso tudo na verdade tem origem no modelo de organização social vigente nos E.U.A e exportado para o resto do mundo, o modelo que divide a sociedade em castas, de um lado os ricos, bonitos e populares, vencedores; do outro, os remediados, imigrantes ou descendentes, feios, desajeitados, gordos, inadequados, excluídos, perdedores.
No período escolar, quando estamos formando nosso caráter enquanto indivíduos que compõem uma comunidade, esses conceitos se exteriorizam com maior virulência. Daí, a extrema crueldade com que são tratados os excluídos, uma vez que a hipocrisia e o politismo correto que tornam as relações adultas civilizadas ainda não foram assimiladas na tenra juventude, quando costumamos ser mais espontâneos e genuínos. Contudo, essa divisão nefasta continua arraigada na fase adulta, apenas há uma troca dos “bullings” pelos olhares de reprovação, ameaças de demissão, cobrança alheia.
Devido a isso os E.U.A se tornaram ao longo de sua história o lugar mais propício na face da terra para surgimento de psicóticos, que não conseguem lidar com tamanha cobrança e frustração, ser um “perdedor” na América significa carregar uma cruz pesada ao longo de uma highway, é o anti- american dream, é ser invisível, é ter uma vida sem sentido algum e a única saída é o suicídio, mas não sem antes se vingar daqueles que contribuíram para a edificação de seu inferno particular. O menino Cho Seung Hui foi apenas mais uma das vítimas de um massacre diário que nos acostumamos a aceitar, pois a maioria sequer se dá conta de sua existência. .
Nunca passei tanto tempo sem escrever nada! Quase um ano desde o último post!!! Vida atribulada dá nisso, mas na medida do possível volto ao meu ofício.