Friday, July 15, 2005

Agora acabou

Desta vez é definitivo. A fluminense fm acabou, em seu lugar entrará a band news fm e ao que tudo indica não vai ter volta. A flu fm, que tinha a alcunha de “maldita”, exerceu um papel de suma importância nos anos 80 na consolidação do Brock e também como vitrine de tudo que rolava de legal lá fora, uma vez que na época não existia internet, a MTV só chegaria nos 90 e as publicações de música não abundavam. Em meados da década passada a rádio, que em 1985 ocupou a 3º posição no ranking das mais ouvidas no Rio, que amargava uma agonizante decadência saiu do ar para dar lugar à paulista Jovem Pan, cuja programação era basicamente composta de dance farofa o que deixou os roqueiros do Rio em cólicas e se mordendo de inveja dos paulistas que ainda tinham a 89. Em 2001 a flu retornou, só que desta vez em am, difícil de sintonizar, mas era a maldita de volta e isso é que importava. Em agosto do ano seguinte a rádio voltou ao mítico 94,9 do dial e com isso agora a alegria parecia estar completa. Apenas parecia; após a euforia inicial veio o banho de água fria: a fluminense versão século 21 nada mais era do que um mero arremedo da rádio cidade, seguindo aquele esquema de mais do mesmo jabazeiro, dessa forma a função de reveladora de pérolas ficou nos anos 80; algumas novidades eram interessantes, como a drag band Textículos de Mary, mas ouvindo aquela versão gay-sacana da música da She-Ra do primeiro disco da Xuxa pela décima vez num só dia dava no saco, sem falar nas bandinhas sem a menor criatividade e talento que eram apresentadas como revelações. E nada de Mombojó, Stereo Total, Franz Ferdinad, Libertines; em contrapartida, tome Nickleback, Charlie Brown jr. Creed, Linkin Park. Percebendo o desandar da massa, mudaram o perfil da rádio para light fm, dessas voltadas para o público mais maduro, com mais de 25 anos onde só se toca coisas feitas de 5 anos para trás. Ok era legal, rolava Beatles de vez em quando ou algumas coisas dos anos 80 e 90 que eram desenterradas (era curioso ouvir heart and soul do Huey Lewis And The News, que tocava direto no iniciozinho de 84), mas cadê as novidades? E mais uma vez a fluminense acabou por pura falta da atitude que marcou os primeiros 8 anos de vida e lhe conferiu o apodo de maldita. A realidade hoje também é muito diferente da de vinte anos atrás, o espírito da flu agora reside nas rádios comunitárias, nas rádios na internet, uma vez que as fms só estão interessadas em lucro rápido e certo e ao que tudo indica, musica boa não dá dinheiro, a prova disso é a primeira colocada no ranking das mais ouvidas: fm o dia.

Wednesday, July 13, 2005

Invasões Bárbaras

Eles estão entre nós: os visigodos da era moderna irromperam os umbrais do império ocidental mais uma vez com a promessa de espalhar medo e terror sobre nossas vidas confortáveis, regradas e assépticas. O pior de tudo é que NÓS, de alguma forma, criamos o monstro. Foram anos de imperialismo, colonialismo, intervenções militares equivocadas, sem contar com certo desprezo e visível discriminação. O golpe de misericórdia é dado com a criação do Estado de Israel dentro da Palestina e apoio incondicional aos judeus em suas conquistas de território palestino Tudo isso apenas fomentou o ódio e o ressentimento, neste âmbito o fundamentalismo torna-se ainda mais raivoso. Provamos de todas as formas que se existe um mal, ele reside no ocidente. Compreendem por silogismo que se estiverem sendo constantemente acometidos por privações e toda a sorte de vilipêndio, isso se deve ao ocidente. Em resposta, planejam ataques bárbaros para nos mostrar que se podemos fazer do mundo deles um lugar pior para se viver, podem fazer o mesmo em relação a nós, agindo da forma mais vil e pusilânime, nos brindando com um show de horrores tornando nossos dias seguintes um imenso ponto de interrogação. É possível negociar? Não, não é. Trata-se de uma vertente fanática, fruto de um ódio arraigado e extremamente determinado, jamais aceitariam qualquer forma de diálogo. Ok retiramos tropas do Iraque e do Afeganistão e criamos o Estado Palestino; eles voltarão a nos ameaçar, mas por uma outra causa, seja pela libertação de prisioneiros no Guantânamo, seja por uma revogação da lei que proíbe o uso do véu islâmico nas escolas francesas. Eles somente terão paz se a sociedade judaico-cristã for dissolvida e em seguida provavelmente tentarão destruir a si próprios, pois esta é uma característica inerente ao ser humano: quando passamos a dominar o fogo e os animais selvagens já não nos ofereciam o mesmo perigo passamos a matar nossos semelhantes. Somos animais bélicos. “Granada nunca mais” disse certa vez Osama Bin Laden se referindo ao episódio em que os mouros foram derrotados e expulsos da província espanhola em 1492, o que traduz perfeitamente o sentimento de vingança do qual estão imbuídos os fundamentalistas radicais. E nós desencadeamos esse processo.

Friday, July 08, 2005

NOSTALGIA DÁ O TOM DO LIVE 8
“Que dia, que noite”; assim bem definiu Paul McCartney ao final do já histórico Live 8, evento organizado por Bob Geldof, mesmo idealizador do Live Aid de 1985. Desta vez o evento não foi beneficente, como fora o anterior, tanto que os ingressos não foram vendidos e sim sorteados e se há vinte anos o megaevento aconteceu em duas cidades simultaneamente (no Wembley em Londres e no estádio John Kennedy na Filadélfia) este foi ainda além: contou com 11 cidades, tendo Londres e Filadélfia como epicentro. Em 1985 o objetivo era arrecadar fundos para combater a fome na África, já o do ultimo sábado teve por escopo chamar a atenção dos líderes do G8 (os 7 mais ricos + Rusia e não os 8 mais ricos como insistiam os vjs da MTV) que se encontram em Edimburgo dia 6 (ontem) para a miséria no continente mais pobre do mundo.
O evento contou com os principais nomes da música atual como Coldplay, que teve participação do ex-Verve Richard Ashcroft, the killers, Muse, Black Eyed Peas, Destiny’s Child, Snow Patrol, Scissors Sisters, Joss Stone, Maroon five entre outros, quem deu o tom da festa foram os veteranos.
O megaevento deu início com Beatles e Paul McCartney tocando juntos Sgt Pepper acompanhado de um naipe de metais composto por quatro músicos vestidos com a indumentária do quarteto de Liverpool da lendária capa do álbum. O dia prometia. Em seguida o U2 mandou duas recentes -Beautiful day do penúltimo disco e Vertigo do ultimo- e uma da época do Achtung Baby, One. Mais tarde Elton John entrou com sua famosa sacode-esqueleto Saturday night, logo em seguida chamou o ex-libertine Pete Doherty, travestido de Marc Bolan, para cantarem Children of the Revolution, clássico do T.Rex.
Em Roma, foi a vez de um rechonchudo Simon LeBon promover uma volta aos 80’s com seu Duran Duran, em Berlim o A-Ha fez o mesmo. Também em Berlim apresentaram-se Brian Wilson e seu olhar perdido numa execução de Goood vibrations e Roxy Music de Brian Ferry. Na América a volta dos que não foram se deu por um já passadinho Bon Jovi e o anacrônico Mötley Crue (Vince Neill ta uma baleia). Voltando à Londres, Geldof a exemplo do Live Aid também reuniu sua antiga banda, o Boomtown Rats. Um dos pontos altos foi quando Geldof chamou ao palco uma menina que sofria com a miséria na África e prestes a morrer de inanição foi salva pelo capital arrecadado pelo Live Aid, hoje ela está se formando em Agronomia, logo em seguida entrou Madonna que abraçou e beijou a menina e cantou Like a Prayer ( do clipe das cruzes em chamas, onde ela seduz um santo negro que é confundido com um marginal e leva porrada da polícia, devido à polêmica a pepsi retirou seu patrocínio da turnê Blonde ambition), além de Ray of light e Music. Ainda na onda nostálgica os ex-Guns n roses do Velvet revolver também deram o ar da graça no Hyde Park. Mas o momento mais aguardado ainda estava por vir; The Who, Pink Floyd e Paul MacCartney na seqüência!!!!!!
Depois do incendiário show do the Who que executou duas músicas bem apropriadas ao evento -Who are you e Won’t get fooled again- entra o Pink Floyd, parecia mentira ver David Gilmour e Roger Waters dividindo o mesmo palco, se entreolhando e até sorrindo. Começaram com Breath, em seguida Money (ó a indireta). Em Wish you were here foi emocionante ver Gilmour e Waters dividindo os vocais e a imagem de Syd Barrett no telão. Para arrematar, Comfortably Numb. Ao contrário da ridícula reunião do Led Zeppelin no Live Aid, o show do Pink Floyd foi memorável, mesmo depois de tanto tempo eles estavam afiadíssimos. Aí depois ficou ruim para Paul McCartney, pois encontrou um Hyde Park sob efeito da catarse promovida por Robbie Williams e da comoção causada pelo Pink Floyd, mas o carisma do ex-Beatle bastou para chamar o show para si e fazer o povo gastar as últimas energias se sacudindo ao som de Get back e Drive my car, esta ultima acompanhada de George Michael. Em The long and winding road lembrou que dali a pouco iniciaria a marcha para Edimburgo e a parte final de Hey Jude encerrou as dez horas de música e conscientização. Vale ressaltar que dessa vez houve uma disparidade qualitativa das atrações de Londres em relação aos EUA, embora na edição anterior, Londres também tenha levado a melhor, a Filadélfia não ficou tão atrás.

Curiosidades:
-A parte romana foi um fiasco, esperava-se 500 mil foram 50 mil, também pudera, com Faith Hill e Duran Duran como atração principal, muita gente ou foi a Londres ou ficou em casa vendo pela tv.
-Em 85 no Live Aid David Bowie se apresentou em Londres e na Filadélfia; terminou seu show no Wembley e pegou um avião para se apresentar ao lado de Mick Jagger no JFK
-O Live Aid foi realizado no dia 13 de julho a partir daí a data passou a ser o dia internacional do rock.
Quem repetiu a dose 20 anos depois:
U2, Madonna, Duran Duran, The Who, Brian Adams, Sting (na época no Police) além, é claro do próprio Geldof.