Monday, July 20, 2009

Fase Setentista Dos Stones Remasterizada


Saíram as versões remasterizadas dos álbuns dos anos 70 dos Stones. Os lançamentos não serão de uma só vez, na primeira fornada que já está nas lojas saiu o Espetacular Sticky Finger de 71, o ótimo Black And Blue de 76, o mergulho da banda na música negra e os medianos Goats Head Soup de 73 e It's Only Rock N Roll de 74. Os anos dourados da banda já haviam sido lançados em cd numa remasterização caprichada em 2002, comemorando os 40 anos da banda. Agora são remasterizados os álbuns da fase em que a banda não mais enfrentava a rivalidade com os Beatles e era chamada de a maior do mundo. A verdade é que eles lançaram apenas dois discos geniais naquela década, o já citado Sticky Finger e o Exile On Main Street de 72, considerado a obra prima da banda cujo relançamento remasterizado se dará no fim do ano isoladamente dos outros e em edição de luxo (meu cofrinho...). De resto ficou entre o bom e o medíocre, mas no fim tudo era pretexto para sair em turnês, que nessa época começaram a tomar uma proporção cada vez maior, já que o palco é o lugar em que eles sempre foram imbatíveis. Me decepcionou um pouco o fato de não vir uma embalagem especial, nem o Sticky Finger veio com aquela capinha com o zíper da calça de verdade. Os discos vêm na convencional e ordinária caixinha de plástico mesmo. Cada álbum estará disponível também em versão digital

Michael Morto Vivo


Incrível como Michael Jackson está valendo mais morto do que vivo. Se nos últimos anos de vida ele amargava fracasos de venda, quase nenhuma execução nas rádios e ainda era motivo de piada por suas excentricidades e suspeita de pedofilia, agora está no topo das paradas, Thriller toca em tudo quanto é lugar, até mês passado a música estava restrita às festas anos 80, agora eu ouvi até em festa junina. Os camelôs do centro do Rio vendem cds e dvds piratas como água gelada no deserto ao meio dia em ponto, sempre há um clipe passando em alguma loja de departamento. Será que foi preciso o cara morrer para que se desse conta de que ele foi uma das maiores referências da cultura de massa do último século, um artista completo, carismático, talentoso e isso, escândalo nem decadência artística algum apaga. Não importa que seus últimos três discos foram verdadeiras bombas, a sua contribuição para a música pop já havia sido dada. E não adianta, nenhum Usher, Chris Brown ou Justin Timberlake vai substituí-lo. Quem viu viu.

Mônica Montone sacode o Cinematheque



O U2 iniciou no último dia 30 uma megaturnê que rodará o mundo, com um gigantesco palco de 360 graus que só cabe em grandes arenas. O espetáculo é impressionante, mas quem os viu no início de carreira nos pubs de Temple Bar, famosa rua boêmia de Dublin não esquece daqueles shows cheios de energia e distorção dos instrumentos e sabe que presenciou um momento histórico. O mesmo pode-se dizer de quem assistiu aos primeiros shows dos Rolling Stones em pubs colocando gente pelo ladrão em Londres, também tem muita história para contar quem viu o The Who ainda como High Numbers, tocando em um hotel. Não posso me esquecer da galera do CBGB'S(Ramones, Blondie, Talking Heads), da geração circo voador(Paralamas, Blitz, Barão), todos os exemplos citados ilustram o momento de suma relevância que é o de um artista iniciando. Na estreia o artista está ali, exposto ao que vier, dando a cara a tapa, se entregando, cheio de ira, tesão, ansia de gritar e ser ouvido. Quem assistiu ao show lançamento do cd de Mônica Montone no último dia 8 no Cinematheque no Rio de Janeiro viu tudo isso. Vestida com um vestido longo e branco(o vestido de noiva da mãe como ela confessaria depois), Mônica entrou em campo com o jogo ganho, pois a maior parte do público fazia parte do seu séquito de seguidores fiéis, leitores do seu blog fina flor, do livro Mulher De Minutos e já conheciam boa parte do repertório. Esbanjando carisma e amparada por uma banda afiadíssima encabeçada pelo poeta Claufe Rodrigues, Monica começou o show com Sartre De Banda, que também abre o disco. Sob os gritos de “diva”e “maravilhosa”, agradeceu a presença de todos e introduziu a música de trabalho, que já está tocando na rádio, Cidade Dos Sonhos cantada em uníssono pelo público(o solo de guitarra do final é um show à parte). Marinheiros, a terceira do show e uma das melhores do disco, foi composta depois de um exaustivo dia de ensaio, quando ela chegou em casa e a estrutura já estava toda finalizada por Claufe e logo nasceu a letra. Mônica não escondia a imensa realização de estar ali, lembrando que aos oito anos de idade usava aquele mesmo vestido para fazer shows para uma plateia formada por Barbies e ursinhos de pelúcia. Houve também cover de Raul Seixas para ninguém gritar “toca Raul”, Medo Da Chuva ganhou um incendiário ritmo de bolero, e, aproveitando o clima, emendou Te Amo De Amor, o bolero rock do disco. Show de Mônica Montone sem que seja declamado um poema estaria incompleto (até porque trata-se de um casal de poetas no palco), o poema Eu Não Sei Dizer Eu Te Amo serviu de abertura para a faixa inspirada no livro da cantora. Mulher de minutos foi o ponto alto do show, tocada de forma furiosa, com uma performance de Mônica que lembrou aquele Mick Jagger endemoniado em Sympathy For The Devil do show Rock n Roll Circus de 1968(aquele com os Stones ciceroneando alguns dos maiores nomes do rock britânico da época). Para aqueles que estavam tristes por não ver sequer uma nesga daqueles pernões que encantaram meio mundo na peça Apocalipse Segundo Domingos Oliveira, um presente: Mônica trocou o vestido em pleno palco durante a música(usava um belo conjuntinho top e shortinho pretos, algo como uma lingerie chic) por outro todo preto. Dando sequência ao segmento furioso ela detonou as mulheres mal comidas em Eu tenho pena (onde ela diz: “eu tenho pena das mulheres que não gozam”), e convocou o público para gritar a plenos pulmões “Puta Que Pariu” para tudo que nos irrita ou atrasa a nossa vida, em PQP. Depois de tanta agressividade, Claufe veio amenizar o clima com o poema O Dono Do Tempo. A festa já se aproximava do fim e Arnaldo Brandão, padrinho artístico de Mônica, foi chamado ao palco para tocar Escreva sua história, música do disco em que participa na guitarra e voz e na sequência seus dois grandes hits em parceria com artistas consagrados dos anos 80: Radio Blá (parceria com Lobão) e O tempo Não Pára (parceria com Cazuza). Claro que Mônica não podia ir embora sem bis, o público que não arredava pé foi brindado com mais uma dose de seus três principais números, Sartre De Banda, Cidade Dos Sonhos e Mulher De Minutos. E assim nasce uma estrela, um alento depois de uma década de mediocridade no cenário musical brasileiro, depois do show de Mônica Montone a impressão que fica é que a atitude e a poesia dos anos 80 voltaram, e, espero eu, que para sempre.
Voltei depois de quase um mês, problemas mil, computador pifado, formatação, falta de tempo para postar, mas the show must go on