Friday, January 30, 2009

Entrevista com o lendário cartunista do underground carioca Johandson, o Crumb tupiniquim, pra quem pensa que viver de arte no Brasil é moleza. Veja mais do trabalho do Johandson em www.cartoondelia.blogspot.com
http://br.youtube.com/watch?v=P_m94vj8vxw

Thursday, January 29, 2009

O Apocalipse

Deus está deprimido! O apocalipse está próximo. É dessa premissa que parte a peça O Apocalipse segundo Domingos Oliveira em cartaz no Rio de Janeiro. Encenada pelo Grupo Fúria, companhia de teatro formada por 33 mulheres bonitas e 15 rapazes jeitosos, o espetáculo mostra a impagável visão do teatrólogo sobre o Juízo final, onde Deus aparece encarnado na pele de um mero mortal, o que aumenta sua crise existencial, tem de enfrentar um complô das criaturas do inferno antes de dar fim a tudo e de quebra ainda “responde” algumas perguntas que sempre nos fazemos a respeito dele. O papel de Deus a princípio seria interpretado pelo próprio Domingos, mas este achou que Matheus Souza, seu assistente, era perfeito para o papel, então resolveu mudar sua participação e surge na pele do Poeta. O elenco também conta com a multitalentosa e bela Mônica Montone, nossa amiga poeta do blog fina flor. Sextas, sábados e domingos no Laura Alvim. Imperdível.
Com a entrega dos prêmios SAG (Screen Actors Guild) fica definido quem larga com chances ao Oscar: Slumdog Millionaire sai na frente, além de ter abocanhado o prêmio de melhor filme dramático no Globo de Ouro, faturou também o prêmio máximo do SAG (performance de elenco, equivalente a melhor filme no Oscar). Heath Ledger levou mais um prêmio póstumo por seu Coringa em Batman, o cavaleiro das trevas. Nas categorias melhor ator e atriz houve divergência em relação ao Globo de Ouro; Sean Penn levou a estatueta por Milk e Meryl Streep, sempre forte concorrente, desbancou Kate Winslet, que teve que se contentar apenas com o prêmio de atriz coadjuvante em O leitor. Streep levou a melhor com seu papel em Dúvida. Provavelmente a categoria de melhor atriz será a mais concorrida, que ainda tem Anne Hathaway (O casamento de Rachel) com chances reais. Mas, como todos sabem, o Oscar sempre pode surpreender e o azarão levar a festa. O prêmio da Academia será entregue dia 22 de fevereiro, bem no domingo de carnaval, mas como cinéfilo costuma ser uma raça doente do pé, isso não será exatamente um problema.

Monday, January 19, 2009

JÁ VAI TARDE


Terminou a noite dos oito anos. Damos com imensa satisfação adeus ao déspota que empreendeu sua cruzada de pregação da burrice e da intolerância, e da visão unilateral do outro. Livramo-nos de sua política externa desastrada que desrespeitava acordos internacionais, ignorava a soberania de outros países, tachava de forma calvinista que “os que não estão conosco estão contra nós”, de seu protecionismo alfandegário burro, de sua sede injustificável por petróleo, de seu investimento prioritário na indústria bélica colocando setores mais inteligentes da economia em segundo plano. E o principal: vamos nos livrar da cultura do medo de fantasma que servia de justifica para que ele e seus asseclas distribuíssem bombas pelo oriente médio sob alegação de defender a liberdade e a segurança internacional, mas todos sabem qual era o real propósito: manutenção e expansão do imperialismo. Despede-se o sujeito que criou no mundo uma antipatia tamanha por seu país que chegamos todos a nos esquecer, por um determinado momento, que os Estados Unidos da América nos deram o Jazz, o Blues, a Ella Fritzgerald, o Miles Davis, o Bob Dylan, os Beach boys, o Chuck Berry e o Little Richards, o Elvis Presley, a Billie Holliday, o Hemingway, o Jack Keruac e o Allen Ginsberg, o Bill Plympton, o Walt Disney, o Woody Allen, o Stanley Kubrick, o cinema espetáculo, a Broadway, a Coca Cola os mm, o Häagen Dazs (sim o sorvete é americano, não europeu como muita gente pensa). Barck Obama pode não salvar o mundo, mas uma coisa é inegável: nesta terça feira o mundo amanhecerá muito melhor, mais justo e, principalmente, mais inteligente.

Kate Winslet foi a grande vencedora do Globo de Ouro, ficando com o prêmio de melhor atriz coadjuvante em The Reader e melhor atriz por Revolutionary Road , onde volta a dividir a cena com Leonardo DiCaprio 11 anos depois de Titanic. Com isso suas chances para o Oscar aumentam bastante. Mickey Rourke voltou a brilhar depois de chegar ao ostracismao. Seu The Wrestler lhe rendeu o prêmio de melhor ator em drama. Heath Ledger, perfeito em sua encarnação do Coringa recebeu prêmio póstumo(merecidíssimo) que deveria se repetir no Oscar. Na categoria melhor filme musical ou comédia, deu Woody Allen na cabeça com seu Vicky Cristina Barcelona. Mantendo sua tradição avessa a prêmios de indústria, não compareceu à festa. A grande surpresa foi Slumdog Millionaire, produção anglo indiana que já é um grande sucesso nos E.U.A, abocanhou o prêmio principal e pode surpreeender também no Oscar

Tuesday, January 06, 2009

Então que dizer que depois de penar gravando as regras do trema ele simplesmente some?
E o hífen, vai embora de várias palavras mas permanece em algumas
Ditongos abertos perdem acento, hiatos com vogais dobradas também.
Sei não, mas essa reforma ortográfica veio mais para confundir do que para facilitar, e as mudanças foram feitas onde menos precisava. Trazer de volta o kwy, por exemplo, mas somente em palavras estrangeiras. Mas não era o que estava sendo feito na prática?
Mas ao menos teremos três anos com as regras novas e antigas coexistindo até as novas tomarem o lugar definitivamente, mas que foi desnecessário...

Sunday, January 04, 2009


Como dizem os críticos, em tempos em que a mediocridade domina a indústria cinematográfica é mais que um alento saber que há um Woody Allen em plena atividade. Sem dúvida, por menos inspirado que seja uma película sua, será sempre um filme no mínimo imperdível. Seu Vicky Cristina Barcelona (que, por milagre, não demorou a estrear por aqui, como vinha acontecendo com filmes de Woody Allen) a que só fui assistir ontem não foge à tradição de filmes de qualidade do cineasta, mas confesso que algumas coisas me incomodaram. A primeira coisa, não sei se foi impressão minha, mas não me pareceu um filme autoral. Claro que é possível identificar várias de suas peculiaridades, há os conflitos humanos, tanto externos quanto internos, há a mulher neurastênica, há a forma engenhosa de se contar a história, mas fica a impressão de que o filme foi feito muito mais para promover a cidade de Barcelona e o roteiro ficou meio que em segundo plano. Diga-se de passagem, a cidade podia ter sido mais explorada pelo diretor de fotografia Javier Aguirressarobe(responsável pela belíssima fotografia de Mar Adentro de Alejandro Amenabar). Faltou talvez o carinho com que Gordon Willis fotografou Nova York natal de Woody em Annie Hall e Manhatan, ou a pompa com que o inglês Remi Adefarasin (que depois assinou magistralmente a fotografia de Elizabeth a era de ouro) enquadrou Londres em Match Point (aquela tomada da vista do apartamento onde Chris e Chloe vão morar é uma das melhores do filme). Outra coisa que me incomodou foram os estereótipos: O latin lover irresistível, a espanhola sangue quente explosiva em constante ataque de nervos (mas cá pra nós, Penélope Cruz está ótima no papel), talvez Woody tenha assistido a muitos filmes de Almodóvar ultimamente, inclusive a cena do beijo a três é Almodóvar até o celulóide. Para o fato de ser um filme promocional há uma explicação: Woody Allen não filma mais em Nova York. É caro, não há incentivo a produções quase independentes como seus filmes nos E.U.A, por isso o cineasta se mudou de mala e cuia para a Europa, onde foi muito mais bem acolhido, fez três filmes consecutivos na Inglaterra. Hoje Woody filma onde houver proposta, nesse caso Barcelona fez a oferta, se o Rio se candidatar é bem possível de haver um filme de Woody Allen passado no Rio de Janeiro, fico imaginando a minha cidade captada pela lente de um dos meus cineastas favoritos. Quanto ao roteiro fica claro que Woody escreveu Vicky Cristina Barcelona em uma madrugada, mas ainda assim teve um bom resultado, ficando patente que se trata de um mestre. No conjunto é um bom filme, mas não chega a ser o melhor dos últimos dez anos como ouvi dizerem, Melinda Melinda e Match Point ganham de lavada, mas é bem superior ao anterior, Sonho de Cassandra, às comédias do início da década e, claro, leva a marca Woody Allen.

Thursday, January 01, 2009

HAY QUE ENDURECER SIN PERDER LA TERNURA


Há exatos 50 anos um pequeno país localizado no Caribe, que na época era literalmente um quintal dos Estados Unidos, mostrou força e audácia inversamente proporcional ao seu tamanho e poderio econômico. Cuba era um paraíso de jogo e prostituição para estrangeiros e com uma oligarquia que vivia de forma nababesca enquanto a população mergulhava na mais profunda miséria. Até que um jovem advogado, ironicamente filho da elite oligárquica junto com um jovem médico argentino de espírito libertário, cujo objetivo era lutar por uma América latina totalmente livre, depuseram o regime ditatorial de Fugêncio Baptista financiado pelos Estados Unidos e instauraram a chamada revolução verde oliva. O jovem médico era Ernesto “Che” Guevara e o jovem advogado oriundo da elite era Fidel Castro. A princípio não se tratava de uma revolução comunista, mas com o bloqueio norte-americano (que tentou invadir o país com o desiderato de acabar com a “balbúrdia” sem obter êxito), a ilha teve de buscar ajuda econômica, bélica além de fornecimento de commodities na URSS e o regime de Fidel passou a assumir caráter socialista. Os Estados Unidos tiveram que se conformar e engolir calados a transformação de seu outrora quintal em uma ilha de prosperidade com a implantação reforma agrária, alto investimento em educação que permitiu que o povo cubano se tornasse o mais culto das Américas, sistema de saúde organizado e avançadíssimo que garantiu uma expectativa de vida alta. Sem miséria nas ruas, sem mortalidade infantil e índice de analfabetismo zero, Cuba passou a apresentar um dos maiores índices de desenvolvimento humano das Américas (bem maior que o nosso, diga-se de passagem) Passadas cinco décadas, a URSS caiu, o país teve que se abrir para o turismo, porque sem o apoio do leste europeu e o agravo do embargo decretado por Bush pai tudo apontava para uma situação calamitosa chegando a faltar, em determinado momento, até mesmo o básico. Com a aposentadoria de Fidel, substituído por seu irmão Rau,l aumentaram as especulações a respeito de uma abertura política e econômica, que na prática já começou, ainda que de forma tímida. Existe também muita expectativa sobre o fim do bloqueio americano com a posse do presidente democrata Barack Obama, coisa muito difícil de ocorrer, já que, apesar da intenção do presidente eleito de aumentar a exportação de matéria prima e até mesmo outros produtos para a ilha caribenha, os Estados Unidos não reconhecem países onde não se realizam eleições diretas e inimigos políticos do governo são mantidos em cativeiro. Ou seja, quando eleições compradas, onde prevalecem interesses escusos e o compadrismo, forem instauradas e corruptos continuarem livres para conspirar contra o progresso e o desenvolvimento da ilha, aí sim os Estados Unidos poderão extinguir de vez o absurdo embargo decretado na época da Guerra Fria.

Apesar de tudo, não custa nada acreditar que agora é pra valer, que tudo vai mudar, vai dar certo e viveremos melhor

Feliz 2009