Tuesday, February 24, 2009

CERIMÔNIA À INDIANA



Deu favoritismo em quase todas as categorias. Com exceção de melhor ator e filme estrangeiro, em que o japonês Okuribito venceu o israelense franco favorito Waltz With Bashir, quem apostou em azarão perdeu dinheiro. Quem Quer Ser Um Milionário?, que a princípio seria um azarão, mas ao longo da temporada de premiações despontou como barbada, levou, além do Oscar de melhor filme e diretor, mais seis prêmios, somando um total de oito (o filme concorria a dez). Foi um verdadeiro rolo compressor, enquanto o líder em indicações, O Curioso Caso De Benjamin Button teve de se contentar apenas com três dos treze a que concorria, todos os três técnicos (direção de arte, maquiagem e efeitos visuais). A cerimônia apresentada pelo Wolverine Hugh Jackman foi divertida, o ator australiano se revelou um bom apresentador e ainda revelou sua porção Broadway cantando, dançando e sapateando em números musicais. O número inicial em que ele fez várias referências aos indicados e ainda chamou a atriz Anne Hathaway, que concorria ao Oscar de melhor atriz por O Casamento De Rachel para participar foi impagável. Um outro com vários dançarinos e participação da cantora Beyoncé também foi divertidíssimo, na verdade era um medley de temas clássicos do cinema musical. A participação de Beyoncé e mesmo a escolha de Jackman para o posto de cicerone confirmam a tendência da cerimônia de tentar atrair a audiência jovem, e isso pôde ser constatado na agilidade da festa e nos clipes que compilavam os principais sucessos do ano em cada gênero (comédia, romance, ação, animação), sempre com estandartes pop modernos (como Coldplay, por exemplo) na trilha de fundo. Ainda para uma maior agilidade, as canções originais que concorriam na noite foram apresentadas de uma só vez e não espalhadas ao longo da cerimônia. As baixas foram M.I.A que acabou de dar a luz e não compareceu para executar o tema de Quem Quer Ser Um Milionário? e Peter Gabriel, que reclamou da falta de tempo para preparar a apresentação da música de sua autoria Down to Earth, tema da animação Wall-E. O britânico ex-líder do Genesis até compareceu à cerimônia na platéia, mas quem cantou o tema da animação da Pixar foi John Legend. A premiação desse ano apresentou uma inovação na entrega dos prêmios de melhor ator e melhor atriz: tanto na categoria coadjuvante quanto na principal a introdução foi feita por vencedores de edições passadas em vez da tradicional passagem de cetro dos outros anos, quando a vencedora/vencedor do ano anterior entregava a estatueta para o vencedor/vencedora do ano. Na categoria atriz coadjuvante havia um certo favoritismo que se confirmou, ganhou a atriz Penélope Cruz por Vicky Cristina Barcelona, não chegou a ser barbada porque Viola Davis e Emma Davis, ambas concorrendo por Dúvida, também eram fortes candidatas. No discurso agradeceu seu padrinho, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Kate Winslet bateu Maryl Streep na categoria atriz principal e levou sua primeira estatueta para casa por sua atuação em O Leitor com um discurso emocionado, ela ensaiava para aquele momento desde criança em frente ao espelho com uma embalagem de xampu na mão. A surpresa foi a vitória de Sean Penn por sua interpretação em Milk, derrubando o favoritismo de Mickey Rourke. O momento mais emocionante da noite foi mesmo o Oscar póstumo para Heath Ledger, o primeiro em trinta e três anos. O único ator a ganhar a estatueta pós-óbito foi Peter Finch pelo filme Rede De Intrigas. A família de Ledger recebeu o prêmio em seu nome (mas a dona é sua filha, pelas regras da academia) e o reconhecimento da academia pelo brilhante trabalho do jovem ator australiano morto há um ano, antes da estréia do filme Batman O Cavaleiro Das Trevas onde deu ao cinema um a versão definitiva do Coringa, levou muitos presentes quase às lágrimas. O rei da comédia Jerry Lewis também foi lembrado e ganhou um prêmio honorário pelo conjunto da obra. Talvez uma forma da academia se lembrar de uma época em que comédia se fazia com inteligência, graça e gaiatice, e não com piadas imbecis e grosseiras. De resto foi festa à indiana, quando Spielberg anunciou o prêmio mais importante da noite, quase toda a equipe do filme, entre britânicos e indianos, subiu ao palco, inclusive as crianças protagonistas.

Melhor Filme
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor diretor
Danny Boyle – Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor ator
Sean Penn - Milk-A Voz Da Liberdade
Melhor atriz
Kate Winslet – O Leitor
Melhor ator coadjuvante
Heath Ledger - Batman O Cavaleiro Das Trevas
Melhor atriz coadjuvante
Penélope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Melhor Animação Longa-Metragem-

Wall-E
Melhor Roteiro Adaptado
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Roteiro Original
Milk - A Voz da Liberdade
Melhor Direção de Arte
O Curioso Caso de Benjamin Button
Melhor Fotografia
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Figurino
A Duquesa
Melhor Filme Estrangeiro
Okuribito (Japão)
Melhor Documentário
O Equilibrista
Melhor Documentário Curta-Metragem
Smile Pinki
Melhor Montagem
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Maquiagem
O Curioso Caso de Benjamin Button
Trilha Sonora Original
Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Canção Original
"Jai Ho" - Quem Quer Ser Um Milionário
Melhor Curta Animado
La Maison en Petits Cubes
Melhor Curta Live-Action
Spielzeugland (Toyland)
Melhor Edição de Som
Batman – O Cavaleiro das Trevas
Melhor Mixagem de Som
Quem Quer Ser Um Milionário
Efeitos Especiais
O Curioso Caso de Benjamin Button

Monday, February 23, 2009


Agora não precisamos mais ir a Buenos Aires para assistir a um filme em IMAX. Foi inaugurada em São Paulo a primeira sala da projeção gigante do Brasil no Espaço Unibanco de cinema de Pompéia, no shopping Bourbon, na zona oeste da capital. Embora dentro dos padrões internacionais, as dimensões da tela não chegam a ser tão gigantescas (14mx21m), a de Buenos Aires é maior (a maior da américa latina), mas ainda assim é uma experiência e tanto ver filmes em 2d ou 3d numa tela de IMAX, e, o que é melhor, sem sair do país (minha primeira experiência no formato foi em Londres há 8 anos e fiquei maravilhado). Pena que no Rio deve demorar um pouco, a próxima sala a ser construida no segundo semestre deste ano será em Porto Alegre. A tendência é aumentar o número de salas IMAX pelo mundo, bem como o número de filmes no formato, pois, com o aumento do tamanho e da definição das tvs os cinemas têm de oferecer algo a mais para fazer com que o público saia de casa. Batman o cavaleiro das trevas que teve boa parte das cenas filmadas com câmeras IMAX está sendo exibido na sala paulista. Tem seis minutos a mais , além de uma imersão incrível nas cenas, sgundo quem teve a oportunidade de conferir. Vale a ponte aérea

Saturday, February 21, 2009

O Oscar desse ano cai bem no domingo de carnaval, mas como cinéfilo é ruim da cabeça e doente do pé, isso não chega a ser problema. Já que a cerimônia começa quando a passarela do samba estiver a todo vapor, nada mais apropriado do que fazer uma analogia entre os quesitos julgadores do desfile e as categorias da premiação de Hollywood. Na verdade estou reprisando uma brincadeira postada em fevereiro de 2006, mas faz sentido
Samba-enredo- canção original
Enredo- roteiro
Alegorias e adereços- direção de arte
Fantasia- figurino
Bateria- som
Harmonia- montagem sonora
Conjunto- montagem
Mestre sala e porta bandeira- melhor ator/atriz

Tuesday, February 17, 2009

GRAMMY PROGRAMA LEGAL


Costumava ser assim: a cerimônia do Grammy era chata, monótona, com artistas americanos que só os americanos conheciam, e, entre um número musical modorrento de algum artista country e outro, saía um prêmio para alguma banda britânica, ou quem sabe de Hard rock? A premiação andava tão conservadora que chegou a ponto de dar ao Aerosmith(??????) o Grammy de banda alternativa(???????????). Enquanto isso, a MTV fazia seu VMA, a versão mais descontraída e bem mais legal do Grammy, com as bandas e artistas que interessavam, sem aquela chatice careta do Grammy. Mas hoje o cenário é outro: o VMA se encontra monopolizado pelo império do hip hop/r&b e o Grammy... não é que se tornou uma boa opção? Bons shows, premiações justas, podia ser um pouco menor, é claro, e o excesso de premiações pelo conjunto da obra cansa um pouquinho, mas a cerimônia se mostrou eclética, teve pra todos os gostos. A noite começou com U2 e sua nova música do disco que será lançado no próximo dia 2. A faixa intitulada Get On Your Boots lembra bastante Vertigo, o hit do álbum anterior dos irlandeses, só que menos inspirada, é ouvir o restante e saber se a banda mantém o nível dos dois últimos trabalhos. O Coldplay fez seu show certinho de sempre, Paul McCartney relembrou o clássico de sua ex-banda “I saw her standing there” com Dave Grohl na bateria, Al Green também interpretou seu clássico com um artista contemporâneo Justin Timberlake, mas cá entre nós, Let’s stay together dispensava o ex-NSYNC. Kate Perry substituiu Rihanna que chegou a ser anunciada no início da cerimônia, mas cancelou sua apresentação meia hora antes da festa, dizem que por ter levado uma surra do namorado. Interessante também foi M.I.A ter se apresentado com um barrigão de nove meses e possibilidade de parto para aquela noite. A grata surpresa mesmo foi o show do Radiohead, geralmente avesso a esse tipo de evento e a apresentação de Robert Plant e Alison Kraus, os vencedores da noite. A dupla merecidamente faturou os cinco troféus a que concorria, sendo dois por Raising Sand(disco do ano e disco folk contemporâneo)e os outros por músicas do álbum, Killing the blues, Rich woman e Please read the letter, favorito da noite o rapper Lil Wayne só levou metade dos oito prêmios a que Tha Carter III concorria, Coldplay ganhou o prêmio de canção do ano por Viva la vida e o Radiohead levou por banda alternativa. Que no próximo ano continue assim.

Monday, February 02, 2009

Maquiavel mais atual do que nunca

Quando em sua obra “O príncipe” Maquiavel escreveu o que fora interpretado em síntese como os fins justificam os meios (isso não consta em parte alguma do texto, fora depreendido), certamente não sabia que essa máxima seria repetida e seguida à risca até os dias de hoje. Nesta obra, o pensador absolutista justifica os métodos utilizados pelos monarcas para se manterem no poder e garantir a paz, não importa como. Mas esse pensamento se perpetuou e é seguido não só por monarcas e políticos, mas também em outras áreas e caiu como uma luva nesses dias de disputas ferozes por postos, carreira, status etc. É sabido que na sociedade ocidental contemporânea, o resultado tem muito mais relevância do que o esforço, boa vontade, perseverança, assim sendo, é irrelevante se você passou a perna em alguém, se fez valer de meios vis, pouco se importando com o mal que possa eventualmente ter causado a outrem, se aceitou uma mala de um milhão sabendo que para que isso ocorresse uma pessoa deveria morrer em Bali, no fim você saiu triunfante, exibindo seu troféu, colhendo os loiros da vitória, sendo saudado como herói. Nossa sociedade valoriza o vencedor, que por mais nefasta que tenha sido sua campanha, ele detém a versão definitiva de sua trajetória, então poderá contá-la de seu modo, suprimindo ou acrescentando o que for necessário. Com isso em mente, as pessoas não vêem mal algum em atropelar as outras em prol de seus objetivos maiores, que se forem vistos de forma bem analítica, são muito pequenos, geralmente ligados a status, vaidade e reconhecimento dentro da própria aldeia, nada que eleve o espírito ou pavimente o caminho da sabedoria suprema. Infelizmente esse procedimento é visto de forma positiva, muitas vezes estimulado, tanto que no mercado de trabalho fala-se em competitividade, agressividade como grandes qualificativos, mas no fundo significam esmagar a cabeça do outro para subir de posição, ou seja, lei da selva, e pro inferno com os escrúpulos. Por isso, toda vez que alguém tiver coragem para confessar, até mesmo para si mesma, que fez mal a alguém para alcançar determinada conquista, usará Maquiavel como justificativa e tudo bem.