Friday, April 27, 2007

TRAGÉDIA AMERICANA OU PATOLOGIA CONTEMPORÂNEA?

O mundo acompanhou perplexo a chacina ocorrida em uma universidade americana no estado da Virginia, a Virginia Tech University em Blacksburg. Tal como há 8 anos, logo após o massacre na Columbine High (onde dois alunos dispararam tiros contra professores e colegas) a principal pergunta foi: o que levou um jovem aparentemente normal a cometer tamanha atrocidade? Foi a cultura das armas, dirão alguns , alegando que a história americana foi feita na bala(marcha para oeste, massacre de índios); os filmes violentos, dirão outros; a cultura da violência inerente à América moderna...
A causa disso tudo na verdade tem origem no modelo de organização social vigente nos E.U.A e exportado para o resto do mundo, o modelo que divide a sociedade em castas, de um lado os ricos, bonitos e populares, vencedores; do outro, os remediados, imigrantes ou descendentes, feios, desajeitados, gordos, inadequados, excluídos, perdedores.
No período escolar, quando estamos formando nosso caráter enquanto indivíduos que compõem uma comunidade, esses conceitos se exteriorizam com maior virulência. Daí, a extrema crueldade com que são tratados os excluídos, uma vez que a hipocrisia e o politismo correto que tornam as relações adultas civilizadas ainda não foram assimiladas na tenra juventude, quando costumamos ser mais espontâneos e genuínos. Contudo, essa divisão nefasta continua arraigada na fase adulta, apenas há uma troca dos “bullings” pelos olhares de reprovação, ameaças de demissão, cobrança alheia.
Devido a isso os E.U.A se tornaram ao longo de sua história o lugar mais propício na face da terra para surgimento de psicóticos, que não conseguem lidar com tamanha cobrança e frustração, ser um “perdedor” na América significa carregar uma cruz pesada ao longo de uma highway, é o anti- american dream, é ser invisível, é ter uma vida sem sentido algum e a única saída é o suicídio, mas não sem antes se vingar daqueles que contribuíram para a edificação de seu inferno particular. O menino Cho Seung Hui foi apenas mais uma das vítimas de um massacre diário que nos acostumamos a aceitar, pois a maioria sequer se dá conta de sua existência. .
Nunca passei tanto tempo sem escrever nada! Quase um ano desde o último post!!! Vida atribulada dá nisso, mas na medida do possível volto ao meu ofício.