Saturday, December 31, 2005

Melhores do ano

É incrível como esse ano passou rápido, parece que foi ontem que começou. Com o ano acabando vamos à minha tradicional lista dos melhores do ano nas artes.

TV
Não, a tv brasileira não apresentou uma melhora significativa, a tv aberta continua apostando na imbecilização da audiência, com programas vespertinos de quinta explorando a desgraça alheia ou dando relatório sobre a vida das celebridades. Na tv por assinatura o desataque foi a mega minissérie Roma da HBO que reconstituiu de forma magistral a roma antiga nos estúdios cinecittá na Itália e contou a queda da república romana e ascensão do império romano sob o ponto de vista de dois centuriões. Também merece destaque a minissérie brasileira Mandrake produzida pela HBO brasil em parceria com a matriz através de uma política de incentivo fiscal da Ancine. a produção em si é um luxo o problema é que a trama que versa sobre um advogado carioca metido a detetive e comedor é um tanto banal (quantas vezes não vimos essa história?). Entre os seriados the O.C. continuou sendo febre entre o público jovem e Desperate housewives também fez um grande sucesso falando sobre a cruel rede de intrigas de uma vizinhança de um subúrbio norte americano (aqueles aparentes oásis de perfeição). Outro grande destaque foi o Adult Swim, o segmento adulto do Cartoon Network que traz pérolas como Harvey o advogado onde o homem pássaro se torna um advogado de defesa de alguns personagens de desenhos animados, as animações nacionais de Angeli e Adão e os já conhecidos Space ghost coast to coast e o ótimo Mission Hill.

Os melhores do ano
1.Roma(HBO)
2.Segmento de shows da HBO plus
3.The batman (cartoon network)
4.Adult swim(cartoon network)
5.Desperate housewives



ARTES PLÁSTICAS
Foi mais um ano rico em exposições no Rio, com destaques para a do britânico Henry Moore e da pouco conhecida apesar de nascida e formada no Brasil Mary Vieira cujo trabalho dá exemplos de disciplina como base indispensável de liberdade de criação e da beleza como parte integrante da verdade. E não podia faltar Andy Warhol, figurinha fácil por aqui desde a primeira exposição com seus principais trabalhos em 1999, de lá pra cá todo ano há uma exibição de trabalhos do artista por menor que seja. A excelente exibição dos trabalhos de Henfil também atraiu um bom público para o ccbb, foi uma ótima oportunidade de conferir uma coletânea de suas criticas sociais mordazes da época do Pasquim. Outra exposição que merece destaque é Urbicóides de Kadé Monteiro, cujo trabalho se baseia na abstração de formas concretas e concretização do abstrato (como notas musicais que tomam vida) tudo regido por combinações de cores seguindo a tradição da arte vanguardista. E no campo das exposições blockbusters tivemos Por ti América no CCBB, exposição dedicada aos povos pré-colombianos.


Os melhores do ano

1.Henry Moore: Uma retrospectiva (Paço Imperial)
2.Henfil do Brasil(CCBB)
3.Kadé Monteiro-Urbicóides (Casa de Cultura Estácio de Sá)
4.Mary Vieira- O tempo em movimento (CCBB)
5.Andy Warhol Motion Pictures (MAM)


CINEMA
Embora tenha sido um ano com média de bilheteria abaixo do esperado houve uma safra razoavelmente boa, embora da mesma forma que a bilheteria tenha sido inferior a do ano passado. Não houve uma grande pérola como O brilho eterno de uma mente sem lembrança, por exemplo. O acachapante Oldboy, sensação do festival de Cannes do último ano finalmente chegou às telas brasileiras assim como o épico de Zhang Yimou Hero depois de um atraso de 2 anos. O flime de Gus Van Sant inspirado nos últimos dias de vida do vocalista do Nirvana Kurt Cobain Last days teve sessões concorridíssimas no festival do rio, mas o diretor cuja presença havia sido confirmada furou na ultima hora. Três diretores de peso deram a 2005 alguns dos melhores filmes do ano: Fernando Meirelles com seu Jardineiro fiel, sua primeira incursão no cinema internacional, já que o filme é uma produção inglesa, David Cronenberg com Marcas da violência e Thomas Vintenberg com Querida Wendy, roteirizado por seu colega de Dogma 95 Lars Von Trier. 2005 foi também o ano do derradeiro episódio da saga Guerra nas estrelas (star wars é o cacete) maior bilheteria do ano, recuperando um pouco do prestígio perdido pelos dois episódios anteriores, foi a principal atração de Cannes com sessão de gala, presença do elenco e do diretor George Lucas em pessoa, tapete vermelho, execução do tema do filme por uma orquestra sinfônica e tudo mais. Porém, embora seja considerado o melhor filme da saga, ainda não atinge o mesmo nível de qualidade da trilogia clássica apresentando alguns dos erros dos dois filmes predecessores. Já Batman begins cumpriu com a promessa de presentear os fãs do personagem com o filme que eles esperavam desde 1989. Com Christopher Nolan na direção e o ótimo Christian Bale no papel principal o filme baseado no HQ Batman ano 1 de Frank Miller além de explicar a contento a origem do personagem, desenvolve o personagem pelo viés psicológico, explicando por que um milionário resolve sair pelas ruas vestido de morcego combatendo o crime, o filme nada mais é do que uma alegoria sobre nossos medos obsessões e ira. Tim Burton, diretor dos dois primeiros filmes do morcegão quando perguntado pela revista Set sobre o que tinha achado do filme deu uma resposta meio despeitada dizendo que estava muito ocupado terminando A fantástica fábrica de chocolate e quando você está fazendo um filme a última coisa que você quer é ir ao cinema, já Joel Schumacher que assassinou a franquia dirigindo os dois últimos e péssimos filmes deve ter fugido para alguma ilha do Caribe para não ter que responder à mesma pergunta. No Brasil o ano foi fértil, além de Dois filhos de Francisco, maior bilheteria do ano,maior êxito desde a retomada, também tiveram destaque Cidade baixa, Cinema , aspirinas e urubus, Quase dois irmãos e Casa de Areia.
Melhores do ano
Nota: Hero e Oldboy ficaram de fora por serem produções de 2002 e 2003 respectivamente.
1. Batman Begins (Christopher Nolan)
2. Sympathy for Lady Vengeance (Park Chan Wook)
3. Last Days (Gus Van Sant)
4. O Jardineiro Fiel (Fernanado Mirellles)
5. Cidade baixa (Sérgio Machado)



MÚSICA
O mercado fonográfico continua em crise embora tenha havido um pequeno aumento das vendas em comparação a 2004. Mas não teve pra ninguém, esse foi mesmo o ano do IPod, dos aparelhos para carros e microsystem com MP3, celulares com Mp3, enquanto nas grandes magazines os DVDs com shows, clipes e documentários de música vêm tomando cada vez mais espaço, tanto que em algumas os velhos disquinhos estão sendo relegados a cantinhos raspas de tacho enquanto os DVDs brilham como atração principal. Estaria então havendo uma mudança na forma de se consumir música? Qual será o futuro do disco? SACD? DVDAudio? Dual Layer?
Saindo da seara da indústria e partindo para a que interessa, ou seja, a arte em si, o ano foi muito bom; nenhum modismo imbecilizante foi criado, entre os êxitos popularescos o maior foi o cantor (?) Latino e sua Festa no apê (versão infeliz de uma dance music italiana bate estaca). Maria Rita lançou seu aguardadíssimo disco novo mas decepcionou. O formato acústico/ao vivo com a marca MTV continua rentável e inesgotável; Titãs, e Barão vermelhos, decanos do rock nacional apelam para o formato numa estratégia para vender bem sem se arriscar. Na cena internacional, Arcade Fire foi a grande revelação do ano e encantou o público do TIM Festival em outubro com uma música que dosa experimentalismo e lirismo com maestria, seu segundo trabalho Funeral pode ser considerado o melhor do ano. Outra revelação do ano foi a inglesa de origem cingalesa M.I.A, seu Arular é uma mistura de vários ritmos que vão do Banghra indiano ao hip hop americano, passando pelo Ragga jamaicano e até o funk carioca, pena que aqui ela tenha sido reduzida pela mídia local como uma “funkeira”. O System of a down se firmou como a maior banda de rock pesado da atualidade com o excelente Mezmerize e a sensação escocesa Franz Ferdinand passou com Louvor no batismo do segundo disco. 2005 também assistiu à volta de dinossauros: Rolling Stones lançaram A bigger bang, primeiro álbum de inéditas em 8 anos e Paul McCartney também voltou aos estúdios e lançou Chaos and criation in my backyard, ambos os discos muito bons e se não ficarão na história da música pop pelo menos honram seus compositores. Na área dos shows internacionais o dólar ajudou e tivemos um ano principalmente o último trimestre rico em ótimos shows como há muito não se via. Em Maio o White Stripes veio ao Brasil para divulgar em primeira mão o ótimo Get Behind me Satan inclusive fizeram um show memorável em Manaus cidade que sempre se vê excluída de turnês internacionais.O Curitiba Pop Festival mudou de nome para Rock Festival e trouxe o Weezer. O TIM Festival foi um dos melhores festivais já feitos no Brasil, conseguiu trazer Strokes, M.I.A, Arcade Fire, Wilco, Kings of Convinience, Television e Elvis Costello que encerrou o festival com um show histórico. Pouco mais de um mês depois, o Rio assistiu a uma versão mega desorganizada do Claro q é Rock que rolou sem problemas em Sampa, mas por causa de um caminhão de equipamentos que quebrou vindo de São Paulo, tivemos atraso de mais de duas horas para iniciar os trabalhos, um show a menos (Nação Zumbi) som sofrível e Flaming Lips e Sonic Youth fazendo shows curtíssimos (meia hora cada). Só os superestimados do Nine Inch Nail tocaram com um bom som, mas entraram quando já passava das 2 da madrugada. Valeu pelo antológico show de Iggy Pop e do espirituoso ex-Faith no more Mike Patton que veio com sua banda Fantomas que definiu bem o festival:claro q é merda.
Sim, parecia mentira, mas o sonho de uma geração de roqueiros se realizou: Pearl Jam no Brasil. A banda passou por Curitiba, Porto Alegre, São Paulo e encerrou a excursão pelo Brasil com um show catártico na praça da apoteose no Rio.
E 2006 tem Rolling Stones, U2, Bob Dylan, Santana e, dizem, The Who...

Os melhores do ano
Discos
1. Funeral (Arcade fire)
2. Get behind me satan (White Stripes)
3. Mezmerize (System of a Down)
4. A bigger bang (Rolling Stones)
5. Arular (M.I.A)

Shows
1.Elvis Costello and the Imposters (TIM Festival- MAM)
2.Pearl Jam (Apoteose-RJ)
3.Iggy Pop (Claro q é rock)
4.Television (TIM Festival-MAM)
5.Flaming Lips (Claro q é rock)

Saturday, December 24, 2005

Visita Esperada

Ao contrário dos judeus que esperam a vinda de um messias, nós cristãos estamos esperando por sua volta. Nesses tempos conturbados de ódio exacerbado e intolerância, a volta do messias é tida como a única solução para esses conflitos violentos que infelizmente já se tornaram banais no mundo moderno, as palavras de Ian McCulloch do Echo and hte bunnymen fazem todo o sentido hoje:"bring on the new messiah wherever he may roam"(tragam o novo messias por onde quer que ele possa andar). A questão é o que aconteceria se Jesus Cristo voltasse à Terra. Ao meu ver não seria muito diferente do que ocorreu há há 1972 anos(ou 1979 anos se formos pela teoria de que nosso calendário está com 7 anos de delay devido ao erro de um padre medieval), pois por mais pessimista e desolador que possa parecer, ainda não estamos evoluídos o suficiente para recebermos e compreeendermos uma pessoa tão iluminada como JC. Certamente será tido como louco, terrorista, comunista, ou o que for, será perseguido pelo exercito americano, levado a um julgamento nas Nações Unidas sem muita chance de se defender e ainda pode ser assassinado ou "suicidado" na prisão. talvez mais tarde, algo como daqui a cem anos, reconheça-se que aquele homem era a reeencarnação do Messias, mas será tarde demais...ou não? não paa quem quiser capitalizar com uma nova religião, como aconteceu no século 1, templos surgirão, sua volta será prometida, um lugar a seu lado será vendido por muito mais do que trinta dinheiros. Ainda não chegou a hora, não estamos prontos e Ele sabe que a salvação é um esforço conjunto e não um feito individual
tem 56 paus de bobeira? então corra a(realmente boa) banca mais próxima e compre a Uncut deste mês. A revista inglesa traz coo matéria de capa os 20 anos do the queen is dead do th smiths, uma metéria muito interessante sobre o nosso cidade baixa e de quebra vem um cd com músicas selecionadas pelo saudoso John Peel. O preço é salgado(até por que a libra está na ionosfera) mas vale o investimento.

star2000

Canso de dizer e me espantar(que fico até meio chato) com a precisão nas premonições de Andy Warhol quando propalou que no futuro todos teriam 15 minutos de fama. É o q vemos na mídia atualmente, celebridades instantâneas surgindo a cada minuto, pessoas que são famosas não por seus feitos e sim por serem, hã...famosas. Nunca foi tão fácil ser um famoso como hoje;até o século XIX os famosos eram os reis, nobres, descobridores, heróis, gênios da ciência e das artes. Com o advento da industria fonográfica e cinematográfica, os famosos passaram a ser aqueles que estavam inseridos na engendragem daquela cultura de massa, principalmente os que estavam em maior destaque, caso dos atores. Hoje não é preciso desenvolver um trabalho artístico para se tornar famoso, basta aparecer. Isso mesmo, basta aparecer. Onde quero chegar com esse papo? ultimamente na tv aberta tenho me deparado com uma onipresença de uma colega blogueira ex-prostituta(nada contra, elas têm mais princípios do que muita "moça de família") chamada Bruna surfistinha(nome de guerra). Ela acaba de lançar um livro chamado o doce veneno do escorpião que está entre os mais vendidos há semanas e cujo conteúdo é baseado nos relatos de seu blog ,que por sinal é o mais visitado a internet aqui no Brasil, ou seja, seus programas, clientes. Não é novidade pra ninguém que sexo vende, mais a superexposição da colega já chegou a um nível tão alarmante que agora os programas de tv estão chamando a mulher que foi trocada pela Bruna surfistinha. Belíssima, a abandonada serve como ingrediente infalível para uma historinha dramática ordinária adornada com pitadas de sensacionalismo sempre naquele tom maniqueísta"como a princesa foi trocada por uma puta".Bruna , ou melhor, Raquel deve aproveitar ao máximo esse momento, pois breve mal será lembrada a menos que vire uma escritora de renome, o que não é impossível, pois a menina até escreve bem e parece ser inteligente, ou seja ela saberá se reinventar quando o sucesso passar, afinal, Lilian Ramos se casou com ninguém menos que Giuseppe Tornattori

Friday, October 28, 2005

Pois é, tanto choraminguei no post da sexta passada por não poder ir ao Tim festival em especial ao main stage de domingo e acabei conseguindo ir(Deus existe). Comprei o ingresso no cambista (que a principio queria fazer a 200 paus, mas na conversa chegamos a um denominador comum de 120) e presenciei a uma noite histórica, valeu cada centavo, o CBGB’s baixou no MAM. O show do Television foi antológico, longe de uma banda fora de forma fazendo cover de si mesma, os caras ainda mantém a química em alta, clássicos do aclamado Marquee Moon não faltaram, inclusive a faixa titulo foi executada de forma magistral. Elvis Costello trouxe sua banda The Imposters e fez uma apresentação que já configura no hall dos shows históricos junto com Queen no Rock in Rio I(1985), Echo & the Bunnymen no canecão(1987), Stones no maraca(1995) e na apoteose(1998), Sonic Youth no Free Jazz(2000), Neil Young no Rock in Rio III(2001) e Roger Waters na apoteose(2002).O show começou de forma incendiária com Uncomplicated e Elvis chamando o público que permanecia sentado nas(desnecessárias)mesas para se levantar e ir pra perto do palco, afinal de contas aquilo seria um show de rock.Ver a cara de tacho dos seguranças que antes de começar o show mandaram todo mundo permanecer sentado foi hilário, provavelmente a produção do festival deve ter achado que seria um show intimista na linha dos últimos trabalhos do artista, mas foram duas horas de puro e excelente rock n’ roll. O show foi um passeio por toda a carreira de Elvis, se concentrando mais na fase roqueira como Radio radio, watching the detectives, clubland, oliver’s army, what’s so fun about peace love and understand, petardos executados quase emendados uns nos outros, sem aquelas pequenas pausas. Sem duvidas uma noite para ser lembrada por muito tempo.

Thursday, October 27, 2005

Este que vos escreve cometeu dois erros imperdoáveis na coluna do Live 8:
1. disse que David Bowie pegou um concorde e foi de Londres a Filadélfia para cantar dancing in the streets com Mick Jagger, que viagem, Bowie não saiu de Londres e Jagger se apresentou com Tina Turner. Quem realizou a façanha de tocar nos dois lados do Atlântico graças ao supersônico foi o Phil Collins;
2. me dei conta do erro umas duas semanas depois do post e só estou colocando a reparação agora!!!

Friday, October 21, 2005

Não vou ao Tim Festival e é por puro desleixo; subestimei a procura pelos ingressos e fiquei a ver navios. Os três dias e palcos que me interessavam se esgotaram muito rápido. Não consegui nem pro show extra dos Strokes no sábado, e o pior que quando saiu a lista das atrações eu me planejei para ir a todos os dias. O motivo de minhas lamúrias é o fato de esta ser a melhor escalação para um festival internacional no Brasil desde o Hollywood Rock de 1993(aquele no qual se apresentaram Nirvana, Alice in Chains, Chilli Peppers, todos no auge) e também por este provavelmente vir a ser o último ano do evento no MAM que se mostrou um espaço perfeito quando foi adotado como sede do festival em 1996 quando ainda era Freee Jazz, embora aquele espaço Village tenha se tornado Hype demais para o meu gosto(tava superlotando tanto que passaram a cobrar 10 reais de entrada). Contudo, o show que me mais me dói perder é o de domingo: Elvis Costello acompanhado dos Impostors, sua banda da fase áurea, com show de abertura do Television. É o tipo de fenômeno que ocorre somente uma vez no Brasil, como Echo & the Bunnymen com a formação original no Canecão em 87, Kurt Cobain mostrando músicas do disco seguinte In Útero que só seria lançado no meio daquele ano, ou Bob Dylan abrindo pros Stones e depois dando uma canja no show destes na música Like a Rolling Stone (essa nem lá fora). Ou seja, vai ser pra contar pros netinhos. Bom, a vida continua e o negócio agora é pensar no Pearl Jam, Stooges, Stones e corre no ar uma história de que ano que vem vai rolar Jamiroquay, David Gilmour e Radiohead. É torcer pro dólar continuar a R$2,30.
Tô ouvindo M.I.A direto e só agora estou me dando conta. Apesar da badalação, Arular é realmente muito legal e parece que na Inglaterra e em Nova York toca direto, ou seja, os gringos se amarraram no funkão carioca que nada mais é do que uma adaptação do miami bass criado por eles mesmo. é o ciclo se completando.
Parece que Zhang Yimou voltará aos wuxias, confirmando as minhas expectativas de que essa fase artes marciais rendesse uma trilogia, posto que já realizara Hero e House of flying Daggers. O filme que começará a ser filmado em fevereiro traz de volta a musa do cineasta e principal estrela do cinema asiático Gong Li. Também está no elenco Chow Yun Fat, o Li Mu Bai de O tigre e o dragão, que faz papel de um príncipe que vive uma paixão proibida com a personagem de Gong Li, sua guarda pessoal e como pano de fundo certamente veremos embates espetaculares, fotografia magistral e direção de arte de cair o queixo. Vamos esperar.

Wednesday, October 19, 2005

Balanço do Festival do Rio 2005

Findo o festival do rio, faço o meu tradicional balanço do que aconteceu de mais legal no evento, embora esse ano eu tenha assistido a uma quantidade de filmes muito menor do que nos anos anteriores (vida de concursista...). A premier Brasil deste ano ganhou mais destaque e muito mais relevância, a ausência de Oldboy no ano passado foi reparada a contento com nada menos que 3 filmes de Chen Wook Park: o superestimado Três extremos onde o diretor assina o segundo curta e os outros dois filmes da trilogia da vingança na qual Oldboy se insere como o segundo filme; Senhor vingança(ótimo) e Lady vingança(um dos melhores do festival e do ano fácil). A maioria dos convidados estrangeiros furou (Spike Lee, Gus Van Sant, Stephen Frears)mas Danny Glover e Ralph Fiennes cumpriram com o prometido e deram as caras no Odeon nas sessões de gala de seus respectivos Manderlay e O jardineiro fiel do nosso Fernando Meirelles, sessões essas que confirmaram o Odeon como epicentro do festival, posto outrora ocupado pelo eixo Estação botafogo-Espaço Unibanco(o que não quer dizer que a rua voluntários da pátria não botou gente pelo ladrão). Na média geral esse festival, ao meu ver, foi bastante inferior aos anteriores, provavelmente o mais fraco dos últimos 5 anos, faltaram mostras temáticas como a “no ritmo dos musicais” de 2003 onde pudemos ver Rock Horror Picture Show, Hair, the Wall, Tommy no telão, ou a “de volta para o futuro” do ano passado que nos deu oportunidade de (re)ver filmaços como Planeta dos macacos, 2001, Blade Runner , O dia em que a terra parou, Barbarella e Alien onde devem ser vistos: no cinema. Sem falar na mostra Sérgio Leone e a curiosa mostra isso é Bollywood que trouxe ao Brasil aqueles musicais indianos que lotam os cinemas por lá. Sem contar que esse ano apesar de muitos filmes legais não houve “O” grande filme.
Aqui vai minha listinha dos melhores que eu vi.
1.Querida Wendy-dirigido por Thomas Vintenberg e roteirizado por Lars Von Trier, o filme é bem apropriado para esses tempos de referendo acerca do estatuto do desarmamento, fala do paradoxo entre porte de armas e não emprego da violência e coloca em questão a eficácia desta filosofia
2.Last days-O filme cabeça de Van Sant leva o conceito de Elephant à enésima potência. Claramente inspirado nos últimos dias do líder do Nirvana Kurt Cobain, o filme tem longas seqüências contemplativas, planos-sequência, narrativa nem sempre linear e mensagens subliminares. Um verdadeiro alterofilismo cinematográfico
3.Lady vingança-só perde para Oldboy e já está na minha lista dos melhores de 2005, aqui o diretor Chen Wook Park se supera com a estética mais sofisticada apresentada em sua obra até agora e coloca de vez seu nome entre os mais importantes cineastas orientais da atualidade
4.medidas para mudar o mundo-Hilário pseudo documentário alemão sobre idéias absurdas para se viver melhor.
5.seven swords –bela sessão da tarde chinesa, que embora esteja longe de um tigre e o dragão(que viria no festival de 2000, mas acabou só estreando no circuitão em fevereiro de 2001), um Hero ou um House of flying daggers(ambos sensação do festival passado), é um bom passatempo embora pudesse ser um pouco menor.

Wednesday, September 07, 2005

Green Day salva o rock no VMA's 2005

Única banda de rock de destaque em meio ao império do rap-r&b-hip-hop da MTV americana foi justamente a grande vencedora da edição 2005 do Vídeo Music Award, o Oscar do vídeoclipe.Outros artistas bem cotados e premiados foram Miss E. Elliot e Gwen Steffani (vocalista do No Doubt em carreira solo).
Não é de hoje que o VMA’s vem dedicando cada vez menos espaço ao bom e velho rock n’ roll que em outros tempos gozava de grande prestígio na cerimônia. Agora fica restrito à categoria segmentada fora raras exceções, e como a premiação é um reflexo direto do que está quente nas paradas de sucesso do tio Sam, é compreensível que o rock tenha sido suplantado pela música pop negra. Em decorrência disso a premiação desse ano foi homogênea, monocromática, quase de um só gênero; shows extremamente enfadonhos e esquecíveis de rappers malas ou artistas pop sem expressão nenhuma, salvo os do Green Day logo na abertura da festa e Coldplay mais adiante num show que mesmo burocrático foi bem acima da média, além , é claro, da bizarra apresentação-A-volta-dos-mortos-vivos de MC Hammer, ainda no capítulo bizarrice ainda houve um momento latinos unidos(afinal desde o ano passado a cerimônia é realizada em Miami, a cidade mais latina fora da América latina) liderado por Ludacris onde rolou até mesmo uma batucada brasileira pra gringo ver, com direito a bandeira verde e amarela e tudo.No saldo final o VMA’s 2005 foi uma triste e pálida versão da premiação de outrora, que tinha Nirvana e Pearl Jam concorrendo a estatuetas e contava com shows de U2, Rolling stones Madonna e Michael Jackson. Sem querer desmerecer, mas quando a banda de maior prestígio de uma premiação é o Green Day, por melhor que seja o último disco, é sinal de que algo está errado.

Friday, July 15, 2005

Agora acabou

Desta vez é definitivo. A fluminense fm acabou, em seu lugar entrará a band news fm e ao que tudo indica não vai ter volta. A flu fm, que tinha a alcunha de “maldita”, exerceu um papel de suma importância nos anos 80 na consolidação do Brock e também como vitrine de tudo que rolava de legal lá fora, uma vez que na época não existia internet, a MTV só chegaria nos 90 e as publicações de música não abundavam. Em meados da década passada a rádio, que em 1985 ocupou a 3º posição no ranking das mais ouvidas no Rio, que amargava uma agonizante decadência saiu do ar para dar lugar à paulista Jovem Pan, cuja programação era basicamente composta de dance farofa o que deixou os roqueiros do Rio em cólicas e se mordendo de inveja dos paulistas que ainda tinham a 89. Em 2001 a flu retornou, só que desta vez em am, difícil de sintonizar, mas era a maldita de volta e isso é que importava. Em agosto do ano seguinte a rádio voltou ao mítico 94,9 do dial e com isso agora a alegria parecia estar completa. Apenas parecia; após a euforia inicial veio o banho de água fria: a fluminense versão século 21 nada mais era do que um mero arremedo da rádio cidade, seguindo aquele esquema de mais do mesmo jabazeiro, dessa forma a função de reveladora de pérolas ficou nos anos 80; algumas novidades eram interessantes, como a drag band Textículos de Mary, mas ouvindo aquela versão gay-sacana da música da She-Ra do primeiro disco da Xuxa pela décima vez num só dia dava no saco, sem falar nas bandinhas sem a menor criatividade e talento que eram apresentadas como revelações. E nada de Mombojó, Stereo Total, Franz Ferdinad, Libertines; em contrapartida, tome Nickleback, Charlie Brown jr. Creed, Linkin Park. Percebendo o desandar da massa, mudaram o perfil da rádio para light fm, dessas voltadas para o público mais maduro, com mais de 25 anos onde só se toca coisas feitas de 5 anos para trás. Ok era legal, rolava Beatles de vez em quando ou algumas coisas dos anos 80 e 90 que eram desenterradas (era curioso ouvir heart and soul do Huey Lewis And The News, que tocava direto no iniciozinho de 84), mas cadê as novidades? E mais uma vez a fluminense acabou por pura falta da atitude que marcou os primeiros 8 anos de vida e lhe conferiu o apodo de maldita. A realidade hoje também é muito diferente da de vinte anos atrás, o espírito da flu agora reside nas rádios comunitárias, nas rádios na internet, uma vez que as fms só estão interessadas em lucro rápido e certo e ao que tudo indica, musica boa não dá dinheiro, a prova disso é a primeira colocada no ranking das mais ouvidas: fm o dia.

Wednesday, July 13, 2005

Invasões Bárbaras

Eles estão entre nós: os visigodos da era moderna irromperam os umbrais do império ocidental mais uma vez com a promessa de espalhar medo e terror sobre nossas vidas confortáveis, regradas e assépticas. O pior de tudo é que NÓS, de alguma forma, criamos o monstro. Foram anos de imperialismo, colonialismo, intervenções militares equivocadas, sem contar com certo desprezo e visível discriminação. O golpe de misericórdia é dado com a criação do Estado de Israel dentro da Palestina e apoio incondicional aos judeus em suas conquistas de território palestino Tudo isso apenas fomentou o ódio e o ressentimento, neste âmbito o fundamentalismo torna-se ainda mais raivoso. Provamos de todas as formas que se existe um mal, ele reside no ocidente. Compreendem por silogismo que se estiverem sendo constantemente acometidos por privações e toda a sorte de vilipêndio, isso se deve ao ocidente. Em resposta, planejam ataques bárbaros para nos mostrar que se podemos fazer do mundo deles um lugar pior para se viver, podem fazer o mesmo em relação a nós, agindo da forma mais vil e pusilânime, nos brindando com um show de horrores tornando nossos dias seguintes um imenso ponto de interrogação. É possível negociar? Não, não é. Trata-se de uma vertente fanática, fruto de um ódio arraigado e extremamente determinado, jamais aceitariam qualquer forma de diálogo. Ok retiramos tropas do Iraque e do Afeganistão e criamos o Estado Palestino; eles voltarão a nos ameaçar, mas por uma outra causa, seja pela libertação de prisioneiros no Guantânamo, seja por uma revogação da lei que proíbe o uso do véu islâmico nas escolas francesas. Eles somente terão paz se a sociedade judaico-cristã for dissolvida e em seguida provavelmente tentarão destruir a si próprios, pois esta é uma característica inerente ao ser humano: quando passamos a dominar o fogo e os animais selvagens já não nos ofereciam o mesmo perigo passamos a matar nossos semelhantes. Somos animais bélicos. “Granada nunca mais” disse certa vez Osama Bin Laden se referindo ao episódio em que os mouros foram derrotados e expulsos da província espanhola em 1492, o que traduz perfeitamente o sentimento de vingança do qual estão imbuídos os fundamentalistas radicais. E nós desencadeamos esse processo.

Friday, July 08, 2005

NOSTALGIA DÁ O TOM DO LIVE 8
“Que dia, que noite”; assim bem definiu Paul McCartney ao final do já histórico Live 8, evento organizado por Bob Geldof, mesmo idealizador do Live Aid de 1985. Desta vez o evento não foi beneficente, como fora o anterior, tanto que os ingressos não foram vendidos e sim sorteados e se há vinte anos o megaevento aconteceu em duas cidades simultaneamente (no Wembley em Londres e no estádio John Kennedy na Filadélfia) este foi ainda além: contou com 11 cidades, tendo Londres e Filadélfia como epicentro. Em 1985 o objetivo era arrecadar fundos para combater a fome na África, já o do ultimo sábado teve por escopo chamar a atenção dos líderes do G8 (os 7 mais ricos + Rusia e não os 8 mais ricos como insistiam os vjs da MTV) que se encontram em Edimburgo dia 6 (ontem) para a miséria no continente mais pobre do mundo.
O evento contou com os principais nomes da música atual como Coldplay, que teve participação do ex-Verve Richard Ashcroft, the killers, Muse, Black Eyed Peas, Destiny’s Child, Snow Patrol, Scissors Sisters, Joss Stone, Maroon five entre outros, quem deu o tom da festa foram os veteranos.
O megaevento deu início com Beatles e Paul McCartney tocando juntos Sgt Pepper acompanhado de um naipe de metais composto por quatro músicos vestidos com a indumentária do quarteto de Liverpool da lendária capa do álbum. O dia prometia. Em seguida o U2 mandou duas recentes -Beautiful day do penúltimo disco e Vertigo do ultimo- e uma da época do Achtung Baby, One. Mais tarde Elton John entrou com sua famosa sacode-esqueleto Saturday night, logo em seguida chamou o ex-libertine Pete Doherty, travestido de Marc Bolan, para cantarem Children of the Revolution, clássico do T.Rex.
Em Roma, foi a vez de um rechonchudo Simon LeBon promover uma volta aos 80’s com seu Duran Duran, em Berlim o A-Ha fez o mesmo. Também em Berlim apresentaram-se Brian Wilson e seu olhar perdido numa execução de Goood vibrations e Roxy Music de Brian Ferry. Na América a volta dos que não foram se deu por um já passadinho Bon Jovi e o anacrônico Mötley Crue (Vince Neill ta uma baleia). Voltando à Londres, Geldof a exemplo do Live Aid também reuniu sua antiga banda, o Boomtown Rats. Um dos pontos altos foi quando Geldof chamou ao palco uma menina que sofria com a miséria na África e prestes a morrer de inanição foi salva pelo capital arrecadado pelo Live Aid, hoje ela está se formando em Agronomia, logo em seguida entrou Madonna que abraçou e beijou a menina e cantou Like a Prayer ( do clipe das cruzes em chamas, onde ela seduz um santo negro que é confundido com um marginal e leva porrada da polícia, devido à polêmica a pepsi retirou seu patrocínio da turnê Blonde ambition), além de Ray of light e Music. Ainda na onda nostálgica os ex-Guns n roses do Velvet revolver também deram o ar da graça no Hyde Park. Mas o momento mais aguardado ainda estava por vir; The Who, Pink Floyd e Paul MacCartney na seqüência!!!!!!
Depois do incendiário show do the Who que executou duas músicas bem apropriadas ao evento -Who are you e Won’t get fooled again- entra o Pink Floyd, parecia mentira ver David Gilmour e Roger Waters dividindo o mesmo palco, se entreolhando e até sorrindo. Começaram com Breath, em seguida Money (ó a indireta). Em Wish you were here foi emocionante ver Gilmour e Waters dividindo os vocais e a imagem de Syd Barrett no telão. Para arrematar, Comfortably Numb. Ao contrário da ridícula reunião do Led Zeppelin no Live Aid, o show do Pink Floyd foi memorável, mesmo depois de tanto tempo eles estavam afiadíssimos. Aí depois ficou ruim para Paul McCartney, pois encontrou um Hyde Park sob efeito da catarse promovida por Robbie Williams e da comoção causada pelo Pink Floyd, mas o carisma do ex-Beatle bastou para chamar o show para si e fazer o povo gastar as últimas energias se sacudindo ao som de Get back e Drive my car, esta ultima acompanhada de George Michael. Em The long and winding road lembrou que dali a pouco iniciaria a marcha para Edimburgo e a parte final de Hey Jude encerrou as dez horas de música e conscientização. Vale ressaltar que dessa vez houve uma disparidade qualitativa das atrações de Londres em relação aos EUA, embora na edição anterior, Londres também tenha levado a melhor, a Filadélfia não ficou tão atrás.

Curiosidades:
-A parte romana foi um fiasco, esperava-se 500 mil foram 50 mil, também pudera, com Faith Hill e Duran Duran como atração principal, muita gente ou foi a Londres ou ficou em casa vendo pela tv.
-Em 85 no Live Aid David Bowie se apresentou em Londres e na Filadélfia; terminou seu show no Wembley e pegou um avião para se apresentar ao lado de Mick Jagger no JFK
-O Live Aid foi realizado no dia 13 de julho a partir daí a data passou a ser o dia internacional do rock.
Quem repetiu a dose 20 anos depois:
U2, Madonna, Duran Duran, The Who, Brian Adams, Sting (na época no Police) além, é claro do próprio Geldof.

Thursday, June 16, 2005

Milagres acontecem

Essa é a maior prova de que Deus existe e é justo: quando todos achavam que a banda britânica a se reunir para o live 8 seria as spice girls, veio a notícia de que ninguém menos que o Pink Floyd vai se reunir com Roger Waters...é de infartar! segundo eles, a causa beneficente é muito mais relevante do que suas diferenças pessoais, que nos anos 80 gerou briga na justiça pela propriedade da marca e dos símbolos Pink Floyd.ficou decidido que a marca ficaria para Gilmour Wright e Mason enquanto os símbolos(o porco, o muro, o prisma, a vaca) ficariam com Waters.Será a princípio só para o evento como o Led Zeppelin há 20 anos, mas não custa nada sonhar com uma turnezinha, e quem sabe uma vinda ao Brasil?

Sunday, June 12, 2005

Love is in the air

Pois é, o amor está no ar... Nos shoppings, nas propagandas de tv, nos outdoors. Não vejo muito sentido no dia dos namorados, é só mais uma data criada para estimular um consumismo coletivo e alimentar a máquina do capitalismo; o natal foi cooptado para tal fim, mas podemos relevar, afinal de contas não é esse o seu intuito genuíno; dia das mães tudo bem, afinal, elas mereciam até mais do que um único dia obrigatório para ganharem presentinhos, dos pais, também vá lá, mas dia dos namorados, cá pra nós, não tem muito propósito. Isso pode parecer pensamento de sujeito carrancudo, mal amado, mas se paramos para sermos um pouquinho racionais, chegaremos à conclusão de que o que eu estou falando procede. Em primeiro lugar, o romantismo nada mais é do que uma forma de adornarmos os nossos instintos primais de perpetuação da espécie e atração carnal. Escolhemos os nossos parceiros exatamente como na pré-história: nós homens queremos mulheres jovens, com quadris largos (atrativo sexual que vem desde nossa época de primatas) e seios fartos (atrativo sexual adaptado a partir do momento em que nos tornamos bípedes) que são indicadores de saúde e fertilidade, nos sentimos atraídos por elas por que instintivamente acreditamos que terão condições de atravessar um período de gravidez sem problemas e gerarão filhos mais saudáveis. Já as mulheres preferem os homens fortes, com queixo quadrado e também os bem sucedidos socialmente, já que por mais que as mulheres estejam independentes, elas querem um provedor, que proporcione vida confortável e segura para sua prole. Nossa sociedade dá uma demasiada importância ao relacionamento amoroso, como se nela estivesse depositada toda a nossa realização enquanto indivíduos. Se você não tem alguém, é um infeliz, se for mulher o sofrimento é ainda maior. Veja por exemplo como isso é traço marcante na nossa cultura e que se reflete na arte: qual é o castigo daquela mulher que azucrinou a vida de todos durante a novela? Terminar sozinha! Quem é aquela pessoa amarga, de maldiz a todos durante a trama? A encalhada! Ou também a outro aspecto o da encalhada coitadinha, digna da compaixão de todos, até que lá pelo meio para o final arruma uma cara-metade, geralmente um carinha bem sem-graça. Nessa época em que toda a mídia e o marketing se voltam para os enamorados esse sentimento de menos valia por parte de quem está só aumenta consideravelmente, algumas meninas ficam inclusive deprimidas (sic) por passarem a data sem um parceiro e a impressão que dá é que esse é o intuito das propagandas, deixarem bem claro que você, solito, está de fora da festa, não irá ganhar presentes, não terá o que comemorar e isso numa sociedade hedonista como a nossa é a morte.
Mas o meu sofrimento mesmo é o carro de som da floricultura em frente à minha casa que fica tocando amante a moda antiga do Roberto Carlos sem parar, e essa “tradição” já dura 14 anos! Damn it!!!! Será que já estou pagando pro meus pecados futuros ou ainda estou pagando pelos pregressos?

Cleópatra tupiniquim

Essa notícia parece ser deveras surreal, mas é fato: o cineasta Julio Bressane, de Matou a família e foi ao cinema e O anjo nasceu, fará uma versão brasileira de Cleópatra com Alessandra Negrini no papel-título (hã?) e Miguel Falabella como Júlio Cesar (ui!) e ainda terá como cenário a baía de Guanabara se fazendo passar pelo rio Nilo (nossa!).
Bressane que recentemente filmou Dias de Nietszche em Turim (2002) e Filme de amor (2003), cisecisar isar ns com baixé conhecido por sua capacidade de rodar longa-metragens com baixíssimo orçamento. O tempo exíguo de produção é outra de suas características, O anjo nasceu foi filmado em 7 dias e Matou a família e foi ao cinema em 12. Bressane também foi perseguido durante a ditadura militar por suspeita de vínculo com o líder de esquerda Carlos Maringuela e viveu exilado em Londres por 3 anos.
Só que agora, Bressane vai ter que se valer de sua faceta econômica, pois o patrocínio que a princípio viria do ator Omar Shariff, melou e a Petrobrás por enquanto só disponibilizou 1 milhão, sendo que a previsão era de um orçamento de 3, 4 milhões. Segundo o próprio cineasta, a produção não primará pela fidelidade histórica, será uma evocação daquele mundo feita para o nosso tempo. Será que vai rolar algum avião ao fundo?

Friday, June 10, 2005

O poder do mito

Tudo começou em dezembro de 1983. Eu estava assistindo ao clube da criança, primeiro programa da Xuxa na televisão brasileira na extinta Rede Manchete quando no intervalo foi veiculado o anúncio de uma tal obra prima de George Lucas; apareceram umas naves com visual que me chamou muito a atenção, mas o que me fez arregalar os olhinhos foi um duelo de um ciborgue todo preto, que me pareceu uma versão ainda mais legal do Torak, inimigo do Falcon, com um velho mago ambos empunhando espadas lasers! Eu não podia perder aquilo por nada. Era primeira exibição na TV de Guerra nas Estrelas (ainda não era Star Wars) e eu nem calculava a dimensão da coisa.
A exibição do filme se deu num domingo à noite aproveitando o ensejo do lançamento do seu derradeiro episódio na quinta-feira seguinte. Vi o filme e fiquei louco. Assistir ao Retorno de Jedi era minha prioridade a partir daquele momento: comprei o álbum de figurinhas (que não completei) enquanto esperava ansiosamente pelo grande dia. Eis que numa tarde meio nublada do verão de 84 o dia chegou, mas as coisas não saíram como o planejado; minha irmã entrou, mas eu fui barrado (esse se tornou um dos meus traumas infantis), pois o filme era censura 10 anos e eu tinha 7 com cara de 6, além disso a censura naquela época era bem rígida, tive que me conformar em ir assistir à turma da Mônica num cinema vizinho enquanto minha irmã assistia ao que eu já considerava como o filme da minha vida.
Dois meses depois a película estreou em um cinema de bairro perto da minha casa, daqueles de programa duplo onde não existia censura: pagou entrou. Depois da sessão naquela noitinha de sábado de março de 1984 Sr.Lucas acabara de ganhar um novo fiel seguidor. Depois de assistir ao último episódio da ordem cronológica, ao contrário dos fãs mais velhos eu ainda não sonhava com o Episódio I, pois ainda não vira O Império Contra-Ataca, que eu só assistiria na globo três anos depois, a partir daí sim, comecei a sonhar com o episódio I, já que aqueles eram o IV, V e VI. Alguns metidos a espertos diziam que já havia sido lançado, mas só nos Estados Unidos, outros afirmavam que só existiam em livros “difíceis de encontrar mesmo nas livrarias estrangeiras” e os mais confiáveis diziam simplesmente que não havia nada declarado sobre quando ou mesmo se George Lucas faria os primeiros episódios, daí eu pensava: “bah, vai demorar muito, quando lançarem eu deverei estar com mais de 20 anos já nem vou mais ligar pra isso (hahahahahahahahahahahahahahahahah).
Vinte e um anos depois, seis anos após a decepção com Episódio I e passados três do bom, porém irregular Episódio II assisti semana passada e repeti a dose anteontem do Episódio III. Como já sabia é o melhor dos três, o mais bem dirigido, fotografado, dramático, sombrio, ou seja, tudo que os fãs queriam. Ian McDiarmid ( Palpatine) está demoníaco, Ewan McGregor é o próprio Alec Guiness jovem e Hayden Christiensen parece mesmo ter sido a escolha perfeita para o papel de Anakin Skywalker, meio canastra no episódio anterior, ele encontrou o tom certinho do personagem neste. Pra quem é fã foi impossível não se emocionar com cenas como a revelação maligna de Palpatine, o expurgo dos Jedi, o confronto apoteótico de Yoda com o recém auto-proclamado imperador, o duelo dramático entre Obi Wan e seu ex-aprendiz Anakin, o nascimento dos gêmeos (ufa!) e o final é belíssimo! Não chorei (não sou de chorar com filmes, a última vez foi com Cinema Paradiso há 12 anos, se bem que há dois meses tive que ser forte no final de Noites de Cabíria), mas compreendo perfeitamente quem o fez. Descobri também que eu estava mais ligado do que pensava aos novos elementos introduzidos nessa nova trilogia, pois vibrei no confronto com Conde Dooku, adorei ver Anakin matando o Vice-Rei Gunray com seu sabre e me comovi com a morte e funeral de Padmé.
Minha única frustração em relação ao filme é que, embora soubesse que não seria tão bom quanto O Império, no fundo eu esperava que fosse superar ao menos O Retorno de Jedi, o que não ocorreu, tudo bem, eram outros tempos, outro Lucas, assessorado pelas pessoas certas, etc. Cabe ainda observar que Episódio III se vale o tempo inteiro do mito e da memória afetiva dos fiéis, é como um show do Paul McCartney ou dos Rolling Stones; é maravilhoso, empolgante, emocionante, a gente sai de alma lavada, mas é uma celebração às memórias do passado, já que o presente tem pouco a acrescentar. Não escondo certa tristeza com o fato de que Guerra nas Estrelas no cinema acabou. Tudo bem, que vai ter desenho, seriado de tv, mas não é a mesma coisa, não pra mim que gosto de Guerra nas Estrelas como parte integrante da história do cinema e não como um universo, daí o meu desprezo pelas publicações que se passam 20 anos depois do Retorno de Jedi ou 100 anos antes do Episódio I, RPGs, etc. Só jogo os games da lucasart porque também não sou de ferro.
Aí podem vir a perguntar o que leva um cara de quase trinta anos na cara manter o interesse por algo tido como “coisa de adolescente”? Ocorre que estes filmes significaram demais pra mim para que eu simplesmente deixasse de gostar; foram esses três filmes que me transformaram em amante voraz de cinema, tudo bem, eu já vim com isso de fábrica, mas foi a trilogia de Lucas que despertou a minha consciência enquanto indivíduo cinéfilo. Claro que os filmes hoje não são mais vistos por mim como obras edificantes, depois de ser apresentado a Eisenstein, Welles, Kubrick fica difícil continuar considerando George Lucas um dos maiores cineastas de todos os tempos e após assistir repetidas vezes ao Sétimo Selo, 2001 e Fellini 8 ½ não dá pra dizer que Guerra nas Estrelas, mesmo a trilogia antiga, configure entre os melhores filmes já feitos, porém o cinema também é feito de sonho, escapismo, magia e dentro desse escopo, Guerra nas Estrelas é de fato brilhante.
Ok, jamais entraria em uma rodinha de conversa de admiradores de Godard perguntando o que acharam do duelo do Anakin e do Obi-Wan, mas se perguntado sobre o que acho da saga, não seria hipócrita em dizer de forma blasé que “era fã quando eu era garoto, mas hoje aquilo não me diz nada” digo a verdade por não ver motivo para vergonha e da mesma forma que eu tenho pena do fan boy que se caracteriza como os personagens e vive em função do universo criado pelo habitante mais ilustre da cidadezinha de Modesto(CA) também lamento por aqueles (pseudo)intelectuais que dizem que aquilo é uma bobagem cujo conteúdo se restringe aos efeitos especiais. Lembrem-se do slogan do grupo Severiano Ribeiro: “cinema é a maior diversão”.

P.S.: Han Solo atirou primeiro!

César Monteiro
Depois de um longo período sem postar, volto a este meu exercício de cronista amador, agora procurarei manter certa freqüência.
Estoy de vuelta.