Thursday, January 01, 2009

HAY QUE ENDURECER SIN PERDER LA TERNURA


Há exatos 50 anos um pequeno país localizado no Caribe, que na época era literalmente um quintal dos Estados Unidos, mostrou força e audácia inversamente proporcional ao seu tamanho e poderio econômico. Cuba era um paraíso de jogo e prostituição para estrangeiros e com uma oligarquia que vivia de forma nababesca enquanto a população mergulhava na mais profunda miséria. Até que um jovem advogado, ironicamente filho da elite oligárquica junto com um jovem médico argentino de espírito libertário, cujo objetivo era lutar por uma América latina totalmente livre, depuseram o regime ditatorial de Fugêncio Baptista financiado pelos Estados Unidos e instauraram a chamada revolução verde oliva. O jovem médico era Ernesto “Che” Guevara e o jovem advogado oriundo da elite era Fidel Castro. A princípio não se tratava de uma revolução comunista, mas com o bloqueio norte-americano (que tentou invadir o país com o desiderato de acabar com a “balbúrdia” sem obter êxito), a ilha teve de buscar ajuda econômica, bélica além de fornecimento de commodities na URSS e o regime de Fidel passou a assumir caráter socialista. Os Estados Unidos tiveram que se conformar e engolir calados a transformação de seu outrora quintal em uma ilha de prosperidade com a implantação reforma agrária, alto investimento em educação que permitiu que o povo cubano se tornasse o mais culto das Américas, sistema de saúde organizado e avançadíssimo que garantiu uma expectativa de vida alta. Sem miséria nas ruas, sem mortalidade infantil e índice de analfabetismo zero, Cuba passou a apresentar um dos maiores índices de desenvolvimento humano das Américas (bem maior que o nosso, diga-se de passagem) Passadas cinco décadas, a URSS caiu, o país teve que se abrir para o turismo, porque sem o apoio do leste europeu e o agravo do embargo decretado por Bush pai tudo apontava para uma situação calamitosa chegando a faltar, em determinado momento, até mesmo o básico. Com a aposentadoria de Fidel, substituído por seu irmão Rau,l aumentaram as especulações a respeito de uma abertura política e econômica, que na prática já começou, ainda que de forma tímida. Existe também muita expectativa sobre o fim do bloqueio americano com a posse do presidente democrata Barack Obama, coisa muito difícil de ocorrer, já que, apesar da intenção do presidente eleito de aumentar a exportação de matéria prima e até mesmo outros produtos para a ilha caribenha, os Estados Unidos não reconhecem países onde não se realizam eleições diretas e inimigos políticos do governo são mantidos em cativeiro. Ou seja, quando eleições compradas, onde prevalecem interesses escusos e o compadrismo, forem instauradas e corruptos continuarem livres para conspirar contra o progresso e o desenvolvimento da ilha, aí sim os Estados Unidos poderão extinguir de vez o absurdo embargo decretado na época da Guerra Fria.

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