Monday, February 20, 2006

O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA

Tudo era superlativo: a maior banda de rock do planeta, tocando para o maior público da história do rock. As chances das expectativas serem de alguma forma frustradas eram tão grandes quanto. Não foi o que aconteceu em Copacabana Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2006. Quem esteve lá foi testemunha ocular de um capítulo da história da música pop do nosso tempo. Ao contrário dos prognósticos negativos tudo correu bem, parece que os organizadores aprenderam a lição com o desastroso show de Lenny Kravitz, onde não houve qualquer preocupação com organização e muito menos segurança. Mas para receber um evento da grandiosidade do que ocorreu na noite de sábado, foi montado todo um esquema que se por um lado atrapalhou a vida dos moradores da cidade que não estão nem aí para rock n’roll, por outro não provocou o caos que se esperava quando o show foi confirmado.
O Rio teve uma espécie de segundo Reveillon, era possível ver os apartamentos da orla com janelas cheias, enfeites e clima de festa. Eram os sortudos moradores do lugar que transformaram suas casas em camarotes. Já nas areias, ouvia-se sotaques de várias partes do Brasil e do mundo, sem contar com os ambulantes, que a princípio seriam proibidos de circular pela área (como se fosse possível controlar isso), faturavam alto. O homem que me vendeu uma Coca Cola logo após a apresentação era todo sorrisos.
Os trabalhos começaram com o grupo Afro Reggae que até foi bem recebido pelos roqueiros. Os Titãs fizeram um show redondinho, próprio para um show de abertura, mas foi muito prejudicado pelo som; logo no inicio da apresentação o microfone de Branco Mello falhava na música Flores e a platéia foi bastante camarada cantando a letra a plenos pulmões em solidariedade ao vocalista. Mas o melhor ainda estava por vir.
Pontualmente às 21:45 surge no telão uma animação com vários efeitos especiais simulando um big bang que inspirou o título do disco em divulgação. E a banda entra detonando logo de cara um de seus principais sucessos Jumping Jack Flash, afinal uma banda com tantos anos e tantos hits pode se dar ao luxo de entrar gastando a artilharia pesada. Em seguida, o clássico que traduz oi espírito da banda até hoje, It’s Only rock and roll, nessa hora o telão exibia uma colagem de imagens de toda a carreira da banda. A primeira parte do show foi um mix de músicas novas e recentes, como oh no not you again, rain fall down e you’ve got me rocking e clássicos como Tumbling Dice, Wild horses e a antológica interpretação de midnight rambler o bluesaço do álbum Let it Bleed. Mick Jagger mostrou-se o entertainer carismático de sempre, falando em português, puxando coros, apostando na política de jogar para a platéia. Talvez sentindo a frieza da polêmica área VIP (que só devia conhecer Satisfaction e Start me up) se dirigiu exclusivamente à grande massa e sempre dava um jeito de correr pela passarela para sentir um pouquinho de calor do povo. Grata surpresa da noite foi a execução de Night time is the right time de Ray Charles onde a vocalista Lisa Fischer (com eles desde a Voodoo lounge) deu um verdadeiro show, simplesmente de arrepiar. Depois das apresentações da banda veio o já tradicional set de Keith Richards enquanto Mick vai beber uma agüinha e descansar. O guitarrista tocou This place is empty do novo álbum e a clássica Happy.O inicio do show foi irretocável, mas um tanto “certinho”, a frieza do gargarejo reservado aos grobais ,ex-bbbs e outras criaturas mais preocupadas em ver e serem vistas, a magnitude do evento em si e a preocupação em sair tudo perfeito já que o show estava sendo transmitido ao vivo pelo rádio e internet para E.U.A, Canadá e México pesaram, mas nada que comprometesse a qualidade.
Mas foi na segunda parte do show que o bicho realmente pegou: através do palco móvel a banda foi pro meio do povo onde foi recebida calorosamente ao som de Miss you e em seguida a ultima da noite tirada do disco novo, o rockão rough justice. Ainda no meio da massa, detonaram a furiosa Get off of my cloud e Honky tonk women. O show poderia acabar aí...mas ainda teve Sympathy for the devil, Start me up cantada em uníssono, Brown sugar, You can’t allways get what you want com coro da multidão de e o gran finale com Satisfaction (nessa até quem não era fã pulou e cantou). A banda estava afiada, até Ron Wood tocou bem e os quatro vovôs do rock mostraram que apesar da idade que já avança, eles ainda têm energia de sobra. Uma noite histórica, quem viu vai contar pras gerações futuras. Foi o rock de primeira dando o grito de carnaval no Rio de Janeiro. As pedras ainda não deram sinais de criar limo.


PS: por que Luciana Gimenez ta aí “toda toda” posando de primeira dama se Jagger já falou pra quem quisesse ouvir que o caso dele com a cacho...modelo-e-apresentadora foi um erro?

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