Friday, February 24, 2006

MENINOS EU VI


Eu vi com estes olhos que a terra há de comer: U2 ao vivo na sua melhor forma, como eu já tinha perdido as esperanças de ver. A turnê passada que foi a volta da banda aos bons sons, depois do patético flerte com a música eletrônica em pop, não passou pelo Brasil e essa também não incluía o pais na rota, até que como por um milagre a América latina surgiu no roteiro para o inicio deste ano. Quem ficou horas na fila ou ficou com tendinite de tanto ligar para a ticketronic (como eu) foi recompensado com um dos melhores shows que já passaram pelo Brasil. E de lambuja assistiu como banda de abertura a sensação do rock atual, pena que o som estava baixo a luz fraca e o campo de ação limitado, afinal eram a banda de abertura, mas foi um show furioso que mostoru por que eles são considerados os Strokes escoceses. Depois de muita espera, ecoa no potente sistema de som a música Wake up do Arcade fire, que abre as apresentações do U2 nessa turnê, os que já sabiam começam a berrar, o telão começa a reproduzir efeitos e surge The Edge, Larry Mullen, Adam Clayton e finalmente Bono executando City of blinding lights, o Morumbi vai abaixo. Bono diz em português que o show da noite anterior foi exibido para todo o país, mas esse seria nossa festinha particular. A platéia parecia mais empolgada do que no dia anterior o que deve ter conagiado a banda que fez um show ainda melhor. Tanto clássicos como new year’s day e Sunday bloody Sunday quanto novidades como Vertigo e Elevation foram cantadas em uníssono pela platéia. Claro, não faltou discurso político, inclusive foi parar no palco uma camisa na qual estava escrito “Bono for president”. Discurso de incentivo e fé no Brasil e na América latina também. Mas o que fez desse um show perfeito foi justamente essa junção de rock política, farra e consciência. A banda estava tocando com ma fúria empolgação e garra que não se via desde o início dos anos 90 e Bono esbanjando carisma, brincando com o público e regendo a enorme massa com uma maestria ímpar o que o coloca junto com Mick Jagger na categoria de vocalistas com magnetismo impar ainda vivos. Houve alterações (pra melhor) no set list em relação ao dia anterior: Stuck in a moment do álbum All that you can’t leave behind foi substituída pela raridade The first time do antológico Zooropa e 40 ficou de fora e em seu lugar entraram All I want is you e Love rescue me. Na noite de terça também teve fãs no palco, mas não rolou clima romântico, uma subiu no meio de Desire depois de ser perguntada por Bono se sabia tocar guitarra e a outra no final de The Fly que ficou se agitando no meio do palco onde ficou até Mystirious ways. Em With or without you ele cantou sozinho e depois desceu para perto do público. E todo o aparato tecnológico foi uma atração a parte, com dois telões de alta definição nas extremidades superiores e um videodrome gigantesco onde se projetavam efeitos e imagens. Foi de longe o melhor show do U2 em anos e anos luz a frente do que a banda fez na primeira vez que veio ao Brasil. Inesquecível.

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