Monday, June 12, 2006

Ouviram do Ipiranga às margens plácidas...



Não há mais como escapar: hoje só se fala em copa do mundo. Faltando algumas horas para a entrada da seleção canarinho em campo, aumenta o ritmo dos preparativos, a bandeira nacional pode ser vista em toda a parte desde carros e ônibus a repartições públicas e comércio popular, sem falar é claro nas ruas decoradas para receber a festa na grande hora. É público e notório para quem me conhece a minha reticência em relação a toda essa mobilização feita em torno do evento, é válido, porém, avaliar os fatores intrínsecos deste fenômeno de massa.
As glórias do futebol acabam funcionando como uma compensação ideológica para o nosso patente fracasso sócio-econômico. O futebol é o Brasil que deu certo, que funciona, que é respeitado no mundo inteiro como grande potência. È o único momento em que somos vistos internacionalmente como sinônimo de eficiência, daí o surto patriótico que toma conta do povo nesse período, coisa que em alguns países como Estados Unidos é comum nos 365 dias do ano.
Mas claro, nem tudo é patriotismo, também há a festa, a alegria (histeria?) coletiva, o pretexto para umas boas doses de cerveja e para esquecer dos problemas que afligem o país e impedem que a ordem e progresso transcendam as linhas do estádio de futebol e assim se forma o ciclo vicioso: escapismo que gera alienação que alimenta o escapismo. Mas depois da copa temos as eleições e veremos se a mobilização e seriedade se repetirão de forma que o próximo mundial seja acompanhado em um âmbito de fato propício para festa.

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