Sunday, June 18, 2006

O último dragão






Dia desses parei para rever O ultimo dragão, aquele do Bruce Leroy. Claro, já tinha visto algumas vezes na Globo, mas no original e sem comerciais nunca vi, então decidi perder duas horinhas do meu dia para conferir (não adianta, cinéfilo se liga nesses detalhes, mesmo quando se trata de uma tranqueira como essa). Clássico da Temperatura máxima dirigido por Michael Shultz, Barry Gordy’s The last dragon (no original) é uma produção de 1985 da Motown, a lendária gravadora que alçou as Supremes, os Jackson Five e outros artistas negros ao estrelato nos anos 60. O filme é uma mistura um tanto esdrúxula de artes marciais e musical bem ao estilo da década de 80, com números musicais insertos de forma não muito coesa, por vezes forçada, mais ou menos semelhante a Xanadu, só que bem mais divertido, é claro e por ter o elenco majoritariamente negro, foi considerados por muitos como um blaxploitation, erroneamente, pois ao contrário dos blaxxx a violência aqui é branda e não nenhuma cena de sexo.
A história pra lá de absurda versa sobre o jovem Leroy Green Jr.(Taimak, canastríssimo) que de tão fanático por Bruce Lee é conhecido como Bruce leroy e no fim do treinamento ganha um amuleto de seu mestre para ser entregue ao mestre que ele deverá descobrir em Nova York. Paralelo a isso, o inescrupuloso produtor musical Eddie Arcadian tenta de todas as formas raptar a estrela gatíssima de um programa de vídeo clipe Laura Charles (a atriz canadense, ex-modelo e principal vocalista do grupo feminino Vanity 6) com objetivo de forçá-la a lançar o clipe de sua esposa aspirante a cantora, desprovida de talento e com um visual muito semelhante ao de Cindy Lauper, não deixando-nos esquecer que estamos no anos 80. E tome bordoada para salvar a mocinha que, claro, se apaixona pelo herói. Há também no caminho de Leroy, o encrenqueiro Sho’ Nuff que se auto-intitula o Shogum do Harlem (“quem é o mestre” lembram?) que quer a todo custo desafiar Leroy para um duelo, uma vez que este é apontado como o único capaz de derrotá-lo. Cumprindo sua Jornada, Leroy adquirirá o poder do brilho que rende no final do filme uma das cenas mais trash da história do cinema, quando Leroy é envolto por uma aura azul e Sho Nuff por uma aura vermelha e do impacto dos golpes saem raios de luz coloridos (!!!!!!!!!!!!).
Vale lembrar também que o filme parece ter datado rápido. Quando passou na tv pela primeira vez apenas cinco anos depois de ser produzido já parecia bem velho, talvez por não retratar uma década, mas um período: aquilo é 1985/6 demais, roupas, cabelos, músicas, etc. Engraçado é ver Ernie Hayes Jr., o pequeno mestre fazendo uma participação e William H. Macy numa rápida aparição como um membro da equipe de produção do programa de Laura. Outras curiosidades que andei colhendo:
O ator Julius Carry, que faz o Sho'nuff, não sabia lutar artes marciais antes do filme. E continuou sem saber durante o filme! O que ele fazia era imitar gestos dos lutadores e os golpes, mas ele não lutava nadinha! Só nas últimas cenas o dublê dele foi mais requisitado. De resto, ele só precisou de "panca" (procure esta palavra no filme... bem anos 80 por aqui)
Já o protagonista Taimak (Bruce Leroy) sabia (e sabe) lutar muito bem. Porém ele não sabia atuar! Assim, o diretor Michael Schultz e outros membros da equipe de produção se revezavam para ensiná-lo. Quando um deles se cansava, outro entrava no lugar
Na apresentação de Sho'nuff, no cinema, um garoto fala que tem alguém mais poderoso que o Shogun. O garoto chama-se Brandon Schultz, filho do diretor Michael Schultz.
O roteirista Louis Venosta escreveu todo o roteiro do filme no computador, algo inovador na época. Os produtores do filme, depois de analisar o roteiro, disseram que precisariam cortar cerca de 2 milhões de dólares do orçamento, e que o roteiro teria que ser modificado. O diretor e o roteirista ficaram de madrugada no computador mexendo no roteiro. Num dos turnos, o diretor estava no micro e o roteirista estava dormindo. De repente PUMBA! o diretor aperta o "botão mágico" DEL. E lá se foram 40 páginas do roteiro! Pelo menos, o problema foi resolvido.
O "Sétimo Céu", onde a Laura Charles (Vanity) faz o seu programa, tinha telas de verdade para exibir os clipes. Todos, por sinal, da Motown, produtora do filme, que pertencia ao Quincy Jones, ex-empresário de Michael Jackson. Foi um dos primeiros filmes a usar o recurso dos telões em um estúdio.
Os filmes do Bruce Lee que passam durante o filme chamam-se "A Fúria" (Fists of Fury), "ConexãoChinesa"(Chinese Connection), e o último filme dele, "Operação Dragão" (Enter the Dragon), que foi exibido em agosto de 1973, um mês depois da morte de Bruce, e 12 anos antes de "O último dragão".
Numa das cenas em que Sho'nuff vai conhecer a academia onde Leroy dá aulas de artes marciais, ele diz: "Beije o meu tênis". Em inglês ficou algo como "Kiss my Converse". O que raios é "Converse"? Visite o site deles e descubra: http://www.converse.com. Uma dica: "All Star, it's all".
Este filme bem que poderia se chamar "O tigre e o dragão". Por que? Bruce Leroy representaria o "dragão", ou um seguidor do dragão. Já Sho'nuff é um seguidor do tigre. Durante o filme procure referências sobre os dois animais e você vai encontrar Leroy e Sho'nuff
O último trabalho de grande reconhecimento de Taimak foi como coreógrafo dos movimentos de artes marciais dos shows de Madonna na turnê Drownning tour.

3 comments:

Ronin said...

Show, cara. Muito bom descobrir essas coisas sobre um filme tão clássico e venerado por tanta gente.
Abraço.

Unknown said...

Cara, fazer toda uma dissertação sobre um filme chacota desse é demais, hein meu. Putz cara, quanto vc perdeu no total, filme mais escrita|??

Unknown said...

por favor alguem me manda o nome das musicas deste filme,eu adorei