Tuesday, July 03, 2007



Qualquer amante da boa música tem plena noção da relevância que Os Mutantes têm não só na música brasileira, mas também mundial. Com sua mistura brilhante de psicodelia com brasilidade capitaneada pelo gênio Arnaldo Baptista, seu irmão Sérgio Dias e Rita Lee, o grupo fez parte de um dos movimentos mais importantes da história da música no Brasil no final dos anos 60 e se tornou a banda brasileira mais cultuada do mundo. A lista de fãs ilustres no exterior é grande vai de Kurt Cobain a David Byrne, sem falar nos meninos do Belle and Sebatien, o pessoal do Yola tengo, do Sonic Youth. Para se ter idéia do prestígio deles lá fora, quando fui a Londres há seis anos vi na Tower Records da Picadilly Circus a coleção de cds da banda não na sessão de world music, mas na sessão de pop rock, junto com Pink Floyd, Wishbone Ash, Beatles e outros. Há anos que se esperava uma volta às atividades, mas assim como uma reunião dos Beatles, isso parecia muito improvável de acontecer. Mas aconteceu. Em 2006 Sergio Dias anunciou a reunião que começaria com uma turnê pela Inglaterra, França e Estados Unidos e para o lugar de Rita Lee que não topou voltar chamaram Zélia Duncan.
A dúvida era: será que ainda rola química? Zélia Duncan não tem um timbre muito grave para emular Rita Lee? O Arnaldo depois dos excessos e da queda que lhe deixou seqüelas tem condições de estar no palco?
A resposta, todos tiveram no Circo Voador nos dias 29 e 30, quando o grupo realizou dois shows mágicos e inesquecíveis.
Como de praxe no Circo o show de Sábado, assim como o de sexta, não começou às dez como estava marcado, na verdade essa foi a hora em que os portões se abriram. Já passava de meia noite e meia quando a música ambiente parou de tocar e as duas lendas vivas da música brasileira entraram no palco acompanhados de Zélia, do baterista Dinho (com eles desde o início) e dos músicos de apoio (uma percursionista, dois tecladistas de apoio e um casal de backing vocals, todos impecáveis). Abriram os trabalhos com Dom Quixote, em seguida caminhante noturno que abriu espaço para uma sucessão de clássicos (todos da fase áurea, não entrou nada da fase progressiva no repertório) acompanhados com emoção por uma platéia formada por fãs e admiradores, Tecnicolor, Fuga n 2, 2001, El Justiceiro, Ave Gengis Khan, Desculpe babe, Ando meio desligado Balada do louco cantada em uníssono e o Bis com Bat macumba e Panis et circensis para encerrar.
É incrível como depois de tantos anos a química continua a mesma, Sérgio Dias hoje toca como nunca, Zélia Duncan surpreende no lugar de Rita Lee conseguiu fazer com que seu timbre chegasse bem próximo das gravações originais (até em Top Top), Dinho continua dando suas pancadas e Arnaldo Baptista é algo a ser estudado pela ciência; ao contrário do primeiro show da reunião da banda no Rio, onde ele cantou mal e tocava cinco notas em cada música, nesse ele tocou de verdade e cantou...bem. Para quem deveria estar levando uma vida vegetativa é um feito e tanto, além de ter sido o mais ovacionado em cena, não só pela figura lendária que ele representa, mas também por sua superação. Uma noite apoteótica que só corroborou o culto que se formou em torno da banda por todos esses anos.

1 comment:

Anonymous said...

Hi Cecar
- was just wandering if you went to Nort High in Wichita way back ..?
Heidi, Norway