Friday, July 08, 2005

NOSTALGIA DÁ O TOM DO LIVE 8
“Que dia, que noite”; assim bem definiu Paul McCartney ao final do já histórico Live 8, evento organizado por Bob Geldof, mesmo idealizador do Live Aid de 1985. Desta vez o evento não foi beneficente, como fora o anterior, tanto que os ingressos não foram vendidos e sim sorteados e se há vinte anos o megaevento aconteceu em duas cidades simultaneamente (no Wembley em Londres e no estádio John Kennedy na Filadélfia) este foi ainda além: contou com 11 cidades, tendo Londres e Filadélfia como epicentro. Em 1985 o objetivo era arrecadar fundos para combater a fome na África, já o do ultimo sábado teve por escopo chamar a atenção dos líderes do G8 (os 7 mais ricos + Rusia e não os 8 mais ricos como insistiam os vjs da MTV) que se encontram em Edimburgo dia 6 (ontem) para a miséria no continente mais pobre do mundo.
O evento contou com os principais nomes da música atual como Coldplay, que teve participação do ex-Verve Richard Ashcroft, the killers, Muse, Black Eyed Peas, Destiny’s Child, Snow Patrol, Scissors Sisters, Joss Stone, Maroon five entre outros, quem deu o tom da festa foram os veteranos.
O megaevento deu início com Beatles e Paul McCartney tocando juntos Sgt Pepper acompanhado de um naipe de metais composto por quatro músicos vestidos com a indumentária do quarteto de Liverpool da lendária capa do álbum. O dia prometia. Em seguida o U2 mandou duas recentes -Beautiful day do penúltimo disco e Vertigo do ultimo- e uma da época do Achtung Baby, One. Mais tarde Elton John entrou com sua famosa sacode-esqueleto Saturday night, logo em seguida chamou o ex-libertine Pete Doherty, travestido de Marc Bolan, para cantarem Children of the Revolution, clássico do T.Rex.
Em Roma, foi a vez de um rechonchudo Simon LeBon promover uma volta aos 80’s com seu Duran Duran, em Berlim o A-Ha fez o mesmo. Também em Berlim apresentaram-se Brian Wilson e seu olhar perdido numa execução de Goood vibrations e Roxy Music de Brian Ferry. Na América a volta dos que não foram se deu por um já passadinho Bon Jovi e o anacrônico Mötley Crue (Vince Neill ta uma baleia). Voltando à Londres, Geldof a exemplo do Live Aid também reuniu sua antiga banda, o Boomtown Rats. Um dos pontos altos foi quando Geldof chamou ao palco uma menina que sofria com a miséria na África e prestes a morrer de inanição foi salva pelo capital arrecadado pelo Live Aid, hoje ela está se formando em Agronomia, logo em seguida entrou Madonna que abraçou e beijou a menina e cantou Like a Prayer ( do clipe das cruzes em chamas, onde ela seduz um santo negro que é confundido com um marginal e leva porrada da polícia, devido à polêmica a pepsi retirou seu patrocínio da turnê Blonde ambition), além de Ray of light e Music. Ainda na onda nostálgica os ex-Guns n roses do Velvet revolver também deram o ar da graça no Hyde Park. Mas o momento mais aguardado ainda estava por vir; The Who, Pink Floyd e Paul MacCartney na seqüência!!!!!!
Depois do incendiário show do the Who que executou duas músicas bem apropriadas ao evento -Who are you e Won’t get fooled again- entra o Pink Floyd, parecia mentira ver David Gilmour e Roger Waters dividindo o mesmo palco, se entreolhando e até sorrindo. Começaram com Breath, em seguida Money (ó a indireta). Em Wish you were here foi emocionante ver Gilmour e Waters dividindo os vocais e a imagem de Syd Barrett no telão. Para arrematar, Comfortably Numb. Ao contrário da ridícula reunião do Led Zeppelin no Live Aid, o show do Pink Floyd foi memorável, mesmo depois de tanto tempo eles estavam afiadíssimos. Aí depois ficou ruim para Paul McCartney, pois encontrou um Hyde Park sob efeito da catarse promovida por Robbie Williams e da comoção causada pelo Pink Floyd, mas o carisma do ex-Beatle bastou para chamar o show para si e fazer o povo gastar as últimas energias se sacudindo ao som de Get back e Drive my car, esta ultima acompanhada de George Michael. Em The long and winding road lembrou que dali a pouco iniciaria a marcha para Edimburgo e a parte final de Hey Jude encerrou as dez horas de música e conscientização. Vale ressaltar que dessa vez houve uma disparidade qualitativa das atrações de Londres em relação aos EUA, embora na edição anterior, Londres também tenha levado a melhor, a Filadélfia não ficou tão atrás.

Curiosidades:
-A parte romana foi um fiasco, esperava-se 500 mil foram 50 mil, também pudera, com Faith Hill e Duran Duran como atração principal, muita gente ou foi a Londres ou ficou em casa vendo pela tv.
-Em 85 no Live Aid David Bowie se apresentou em Londres e na Filadélfia; terminou seu show no Wembley e pegou um avião para se apresentar ao lado de Mick Jagger no JFK
-O Live Aid foi realizado no dia 13 de julho a partir daí a data passou a ser o dia internacional do rock.
Quem repetiu a dose 20 anos depois:
U2, Madonna, Duran Duran, The Who, Brian Adams, Sting (na época no Police) além, é claro do próprio Geldof.

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