Sunday, June 12, 2005

Love is in the air

Pois é, o amor está no ar... Nos shoppings, nas propagandas de tv, nos outdoors. Não vejo muito sentido no dia dos namorados, é só mais uma data criada para estimular um consumismo coletivo e alimentar a máquina do capitalismo; o natal foi cooptado para tal fim, mas podemos relevar, afinal de contas não é esse o seu intuito genuíno; dia das mães tudo bem, afinal, elas mereciam até mais do que um único dia obrigatório para ganharem presentinhos, dos pais, também vá lá, mas dia dos namorados, cá pra nós, não tem muito propósito. Isso pode parecer pensamento de sujeito carrancudo, mal amado, mas se paramos para sermos um pouquinho racionais, chegaremos à conclusão de que o que eu estou falando procede. Em primeiro lugar, o romantismo nada mais é do que uma forma de adornarmos os nossos instintos primais de perpetuação da espécie e atração carnal. Escolhemos os nossos parceiros exatamente como na pré-história: nós homens queremos mulheres jovens, com quadris largos (atrativo sexual que vem desde nossa época de primatas) e seios fartos (atrativo sexual adaptado a partir do momento em que nos tornamos bípedes) que são indicadores de saúde e fertilidade, nos sentimos atraídos por elas por que instintivamente acreditamos que terão condições de atravessar um período de gravidez sem problemas e gerarão filhos mais saudáveis. Já as mulheres preferem os homens fortes, com queixo quadrado e também os bem sucedidos socialmente, já que por mais que as mulheres estejam independentes, elas querem um provedor, que proporcione vida confortável e segura para sua prole. Nossa sociedade dá uma demasiada importância ao relacionamento amoroso, como se nela estivesse depositada toda a nossa realização enquanto indivíduos. Se você não tem alguém, é um infeliz, se for mulher o sofrimento é ainda maior. Veja por exemplo como isso é traço marcante na nossa cultura e que se reflete na arte: qual é o castigo daquela mulher que azucrinou a vida de todos durante a novela? Terminar sozinha! Quem é aquela pessoa amarga, de maldiz a todos durante a trama? A encalhada! Ou também a outro aspecto o da encalhada coitadinha, digna da compaixão de todos, até que lá pelo meio para o final arruma uma cara-metade, geralmente um carinha bem sem-graça. Nessa época em que toda a mídia e o marketing se voltam para os enamorados esse sentimento de menos valia por parte de quem está só aumenta consideravelmente, algumas meninas ficam inclusive deprimidas (sic) por passarem a data sem um parceiro e a impressão que dá é que esse é o intuito das propagandas, deixarem bem claro que você, solito, está de fora da festa, não irá ganhar presentes, não terá o que comemorar e isso numa sociedade hedonista como a nossa é a morte.
Mas o meu sofrimento mesmo é o carro de som da floricultura em frente à minha casa que fica tocando amante a moda antiga do Roberto Carlos sem parar, e essa “tradição” já dura 14 anos! Damn it!!!! Será que já estou pagando pro meus pecados futuros ou ainda estou pagando pelos pregressos?

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