
O Rio teve uma espécie de segundo Reveillon, era possível ver os apartamentos da orla com janelas cheias, enfeites e clima de festa. Eram os sortudos moradores do lugar que transformaram suas casas em camarotes. Já nas areias, ouvia-se sotaques de várias partes do Brasil e do mundo, sem contar com os ambulantes, que a princípio seriam proibidos de circular pela área (como se fosse possível controlar isso), faturavam alto. O homem que me vendeu uma Coca Cola logo após a apresentação era todo sorrisos.
Os trabalhos começaram com o grupo Afro Reggae que até foi bem recebido pelos roqueiros. Os Titãs fizeram um show redondinho, próprio para um show de abertura, mas foi muito prejudicado pelo som; logo no inicio da apresentação o microfone de Branco Mello falhava na música Flores e a platéia foi bastante camarada cantando a letra a plenos pulmões em solidariedade ao vocalista. Mas o melhor ainda estava por vir.
Pontualmente às 21:45 surge no telão uma animação com vários efeitos especiais simulando um big bang que inspirou o título do disco em divulgação. E a banda entra detonando logo de cara um de seus principais sucessos Jumping Jack Flash, afinal uma banda com tantos anos e tantos hits pode se dar ao luxo de entrar gastando a artilharia pesada. Em seguida, o clássico que traduz oi espírito da banda até hoje, It’s Only rock and roll, nessa hora o telão exibia uma colagem de imagens de toda a carreira da banda. A primeira parte do show foi um mix de músicas novas e recentes, como oh no not you again, rain fall down e you’ve got me rocking e clássicos como Tumbling Dice, Wild horses e a antológica interpretação de midnight rambler o bluesaço do álbum Let it Bleed. Mick Jagger mostrou-se o entertainer carismático de sempre, falando em português, puxando coros, apostando na política de jogar para a platéia. Talvez sentindo a frieza da polêmica área VIP (que só devia conhecer Satisfaction e Start me up) se dirigiu exclusivamente à grande massa e sempre dava um jeito de correr pela passarela para sentir um pouquinho de calor do povo. Grata surpresa da noite foi a execução de Night time is the right time de Ray Charles onde a vocalista Lisa Fischer (com eles desde a Voodoo lounge) deu um verdadeiro show, simplesmente de arrepiar. Depois das apresentações da banda veio o já tradicional set de Keith Richards enquanto Mick vai beber uma agüinha e descansar. O guitarrista tocou This place is empty do novo álbum e a clássica Happy.O inicio do show foi irretocável, mas um tanto “certinho”, a frieza do gargarejo reservado aos grobais ,ex-bbbs e outras criaturas mais preocupadas em ver e serem vistas, a magnitude do evento em si e a preocupação em sair tudo perfeito já que o show estava sendo transmitido ao vivo pelo rádio e internet para E.U.A, Canadá e México pesaram, mas nada que comprometesse a qualidade.
Mas foi na segunda parte do show que o bicho realmente pegou: através do palco móvel a banda foi pro meio do povo onde foi recebida calorosamente ao som de Miss you e em seguida a ultima da noite tirada do disco novo, o rockão rough justice. Ainda no meio da massa, detonaram a furiosa Get off of my cloud e Honky tonk women. O show poderia acabar aí...mas ainda teve Sympathy for the devil, Start me up cantada em uníssono, Brown sugar, You can’t allways get what you want com coro da multidão de e o gran finale com Satisfaction (nessa até quem não era fã pulou e cantou). A banda estava afiada, até Ron Wood tocou bem e os quatro vovôs do rock mostraram que apesar da idade que já avança, eles ainda têm energia de sobra. Uma noite histórica, quem viu vai contar pras gerações futuras. Foi o rock de primeira dando o grito de carnaval no Rio de Janeiro. As pedras ainda não deram sinais de criar limo.
PS: por que Luciana Gimenez ta aí “toda toda” posando de primeira dama se Jagger já falou pra quem quisesse ouvir que o caso dele com a cacho...modelo-e-apresentadora foi um erro?
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